Quando as superquadras e os palácios ainda não haviam saído das pranchetas, a Vila Planalto já existia, muito maior do que é hoje. O imenso acampamento das construtoras ia do Palácio da Alvorada até o Planalto. Com o fim das obras, grande parte dela ficou sob o lago, mas alguns moradores resistiram e não deixaram o ponto privilegiado do Plano Piloto. Hoje, com mais ou menos 22 mil habitantes, está tombada pelo patrimônio histórico.
Mesmo assim, poucas casas de madeira ficaram. Virou um polo de gastronomia, que teve como pioneiro Rosental, cozinheiro de JK. Hoje, uma das estrelas vai para a Tia Zélia, baianinha que encantou Lula com a sua buchada. Só não adianta querer provar suas delícias no fim de semana porque, como ela diz, "não sou pobre para trabalhar sábado e domingo".
A Vila também tem atraído artistas e seus ateliês. Conta ainda com uma grande comunidade de franceses, inclusive Daniel Briand. Os turistas estão começando a chegar. Já há, inclusive, um hostel, com uma varanda com vista para a Esplanada e para o lago. Israel, dono da hospedaria, está se preparando para realizar o segundo Festival do Beco, com músicos da cidade. Os tamborins começam a ser ouvidos pelas ruelas, nos ensaios da Cadência da Vila e dos Vilões da Vila.
A cara de cidade do interior, com crianças brincando nas calçadas, carroceiros, bicicletas, roupa no varal e vizinhos papeando na rua, faz parecer que o tempo passa mais devagar dentro da Vila.