Tom Jobim que nos desculpe, mas a felicidade não precisa de par. No começo de janeiro, a escocesa Jessie Gallan comemorou seu 109; aniversário. Em entrevista à imprensa local, deu a dica da longevidade: ficar longe de homens (e tomar mingau quente todas as manhãs). Segundo a senhora, homens são sinônimo de problema e não valem a pena.
Bem resolvidas, muitas escolhem abrir mão do casamento e viver sozinhas, o que não significa que sejam solitárias. Os amigos se tornam família e companhia constante. Algumas escolhem ter filhos por conta própria. Outras se casaram com o trabalho, e são felizes e realizadas assim. Para quem sabe o que quer, o espaço vazio é, na verdade, um alívio.
"No Brasil, não encontramos um número muito significativo de mulheres com mais de 60 anos que não se casaram", explica o professor Vicente Paulo Alves, coordenador do programa de pós-graduação em gerontologia da Universidade Católica de Brasília. "A impressão que eu tenho é que havia uma certa pressão para o casamento, mas algumas pessoas tomaram a decisão particular de não subir ao altar naquele momento e as circunstâncias não permitiram que elas se casassem no futuro."
Segundo Vicente, o interessante é que as mulheres que fizeram essa escolha costumam ser mais felizes na velhice em comparação às que se casaram por pressão da sociedade. "É comum ouvir o relato de viúvas que se sentiram muito mais livres após a morte do marido. Acredito que casamento não é para todo mundo e pode acabar se tornando uma prisão para quem não tem o perfil", avalia.
O professor conta que as pessoas que não se casaram costumam ter mais facilidade para fazer amigos. A vida social é de extrema importância na terceira idade ; são os familiares, os vizinhos e os amigos que garantem uma rede de apoio e afastam os problemas de depressão. Idosas que ficaram casadas por muito tempo costumam ter dificuldade para expandir os contatos e acabam limitadas ao núcleo familiar.