Por Ricardo Teixeira*
Aquilo que considerávamos importante para ser feliz há 80 anos é um pouco diferente do que se pensa hoje. Essa é a conclusão de uma análise dos psicólogos Sandie McHugh e Jerome Carson da Universidade de Bolton na Inglaterra ao refazerem um famoso estudo sobre felicidade de 1938.
Em 1938, um anúncio de jornal em Bolton convidou os leitores a responderem à pergunta ;O que é felicidade?;. Um total de 256 pessoas enviou cartas ao jornal e estes foram convidados a elencar 10 fatores que julgavam mais importantes para serem felizes. Em 2014, o estudo foi replicado.
Em 1938, segurança, educação e religião foram os três ingredientes mais importantes, no entender desse moradores de Bolton, para a felicidade. Já em 2014, segurança ficou em terceiro lugar e bom humor e lazer em primeiro e segundo. Religião, em 2014, foi deslocada para décimo lugar.
Em 1938, a maioria das pessoas sentia-se feliz na cidade, mas, em 2014, 63% declararam estar mais felizes quando estavam fora da cidade. Sorte foi um item lembrado para a felicidade por 40% das pessoas nos dois períodos.
Em 2014, 77% responderam que a felicidade NÃO está diretamente ligada aos bens materiais. Em 1938, bens materiais não chegaram a fazer parte dos dez fatores mais elencados pelos participantes do estudo. Os tempos mudaram, não?
* Dr. Ricardo Teixeira é neurologista do Instituto do Cérebro de Brasília e professor da pós-graduação em divulgação científica e cultural da Unicamp. Escreve às segundas neste espaço. Contato: http://www.consciencianodiaadia.com.br/