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A dama de azul da hotelaria

Nome por trás de uma das redes hoteleiras mais bem-sucedidas do país, Chieko Aoki busca na cultura nipônica o equilíbrio necessário para se impor em um mercado altamente exigen

postado em 24/05/2015 08:00

Nome por trás de uma das redes hoteleiras mais bem-sucedidas do país, Chieko Aoki busca na cultura nipônica o equilíbrio necessário para se impor em um mercado altamente exigen

A vida pessoal da executiva Chieko Aoki, proprietária da rede Blue Tree Hotels, acontece entre uma e outra reunião. Eleita a segunda executiva mais importante do Brasil pela revista Forbes, Aoki administra uma rede de 22 hotéis espalhados pelo Brasil com mais de 2 mil funcionários ; e com planos de expansão ;, além dos restaurantes Noah e do serviço de catering para grandes eventos e alimentação hospitalar. Não é só isso. O nome da executiva está ainda no Conselho de Empresários da América Latina (Ceal), do Grupo de Líderes Empresariais (Lidem), do Lide Mulher (Lidem), da Academia Brasileira de Eventos e da Academia Brasileira de Marketing.

As 24 horas do dia da empresária ainda incluem exercícios físicos, leitura, alimentação saudável ; ainda que a caminho de algum compromisso ;, e até soltar a voz em caraoquês vez ou outra. "É o corpo que abriga minha mente e minha alma. Se ele não for saudável, não consigo utilizar o que tenho disponível no meu trabalho", diz. Mesmo com a agenda apertada e não mais do que alguns poucos minutos disponíveis para a entrevista, Aoki parece calma e mantém o humor em dia. "Sou uma pessoa relativamente normal", ela garante, rindo.

Chieko Aoki nasceu no Japão e veio para o Brasil ainda criança. Estudou direito na USP, administração no Japão e hotelaria nos Estados Unidos. Entrou no mercado hoteleiro nos anos 1980 ao lado do marido, na época sócio do Caesar Park São Paulo. Chegou à presidência da Caesar Park Hotels & Resorts e, em 1997, fundou a Blue Tree Hotels. O nome da rede é uma discreta auto-homenagem: em japonês, aoki significa "árvore azul". Pelo telefone, a empresária conversou brevemente com a Revista.


Como a senhora se preparou para atuar no ramo da hotelaria?

Eu fiz primeiro direito na Universidade de São Paulo, depois estudei administração na Universidade de Sofia, em Tóquio, e hotelaria nos Estados Unidos, na Cornell University. Meu marido já tinha um hotel e, em determinado momento, o sócio desistiu, não queria mais o negócio, então ele precisava de alguém para cuidar da parte que era dele, de marketing e vendas. Eu estava no lugar certo na hora certa. Era o momento certo. Foi assim que eu comecei. Gostei, e aí fomos investindo mais em hotelaria. Aí depois, nos anos 1990, com a crise econômica no Japão, nós vendemos o Caesar, uma parte da pousada e alguns outros hotéis, além da Westian. Em 1997, eu fundei a Blue Tree, que é o meu nome em japonês, "árvore azul", traduzido para o inglês.

A crise japonesa não a desencorajou a continuar no mesmo ramo?

Crise é uma coisa, oportunidade é outra. São coisas diferentes. No Brasil, havia ainda muitas oportunidades e eu resolvi explorá-las.

A agenda de executiva ainda deixa tempo para atividades de lazer?


Eu tenho uma vida muito intensa, mas gosto muito de me exercitar. Faço exercícios três vezes por semana, e isso me ajuda a manter a energia de que preciso. Quando viajo, não consigo, mas acho importante. Eu me preocupo muito com a saúde do meu corpo e tento manter uma alimentação saudável. É o corpo que abriga minha mente e minha alma. Se ele não for saudável, não consigo utilizar o que tenho disponível no meu trabalho. Por isso, ele precisa funcionar bem. No lazer, eu invisto também. Quando posso, canto no caraoquê, leio um livro e gosto muito de ver filmes em casa. Sou uma pessoa relativamente normal.

A senhora é uma voz feminina respeitadíssima a em um meio ainda dominado por homens. Em algum momento da sua carreira, ser mulher trouxe algum tipo de vantagem ou de desvantagem, como preconceito?


Vantagem, não. Trouxe mais facilidade, sim, porque quando comecei, não havia mulheres nos eventos, então acabavam me chamando porque eu era uma das poucas realmente. Deu oportunidades de entrar em mais entidades, conhecer mais gente. Mas preconceito, não. Aqui, no Brasil, nunca. No Japão, sim, enfrentei um pouco, mas lá é outro departamento, outra cultura. Aqui sempre me deram espaço. Não sei, acho que depende muito da postura, tanto do homem quanto da mulher. Nunca me utilizei do fato de ser mulher para conseguir facilidades. Em turismo, você tem muitas mulheres trabalhando.

A senhora viaja muito a trabalho. Ver o mundo ajuda a ter visão sobre o seu negócio?

Eu viajo bastante. Viajar muda tudo: muda o olhar, você enxerga coisas novas. Tem uma coisa que eu detesto, o hábito. Quando você fica muito tempo no mesmo lugar, se acostuma. Quando você viaja, as coisas normais passam a não ser normais, você vê culturas diferentes, e isso tem um impacto muito forte. As viagens são sempre muito produtivas em termos de ter ideias, de inovação, de não fazer as coisas sempre do mesmo jeito.

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