Revista

À sombra da primavera

postado em 25/10/2015 08:00
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Nunca houve uma estação como essa. Termômetros estão onde nunca estiveram, desde o advento da capital. Parece que a única recompensa são flamboyants, acácias e bouganvilles, em um transe floral movido pelo calor.

Cigarras cantam em vão. A chuva não vem. Já tivemos duas precipitações e elas não se firmam. A fachada da SQS 106 oferece um ramalhete de flores que acalma os olhos, mas não refresca a vizinha Virgínia, que passa na entrequadra sob sol inclemente. Os raios vão embora mais tarde com o horário de verão e, mesmo assim, o frescor não chega.

Imaginem se no Plano Piloto não houvesse a escala bucólica com sua mancha verde, que cerca os blocos; e o acalanto dos pilotis, onde a brisa passa livre. Gracias, Lucio! O Costa. As asas ainda são um oásis. Fora, o asfalto ferve em uma Taguatinga com cada vez menos árvores. Com adensamento do "quadradim", perdem o cerrado e as suas águas. Perdemos todos! Além das linhas do quadrilátero, vão embora as árvores tortas, as veredas e as matas de galeria, que dão lugar ao deserto verde da soja e exporta nossa água.

O poeta e ativista ambiental Nicolas Behr aconselha: "Está quente? Plantem árvores"! Por favor!

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