Jornal Correio Braziliense

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O rancho da marmelada



Tereza Teixeira nasceu antes de Brasília no Mesquita, seus pais também. No tempo dos seus antepassados, o local hoje colado na Cidade Ocidental (GO) era conhecido como Arraial dos Pretos e fazia parte de Luziânia. A história oral passada de geração em geração conta que o fazendeiro João Mesquita, dono das terras, no fim do ciclo do ouro, foi embora e deixou a área para três escravas alforriadas.

Já Dona Tereza diz que duas famílias formaram o povoado, os Teixeiras e os Pereiras. A família Pereira é famosa na região por ter conseguido o reconhecimento pela Fundação Palmares do Quilombo e segue na luta com os moradores pela demarcação da terra quilombola, que tem um pedaço dentro do DF, em Santa Maria. A igreja antiga abriga um museu e seus antigos casarões contam como se vivia no que era conhecido como Sertões Guaiases.

A marmelada produzida no povoado desde o tempo da mineração tornou o local famoso e o acolhimento do movimento mundial do Slow Food. Seu João Antônio Pereira, que, como muitos moradores, carrega os ensinamentos de seus pais na tradição da feitura do doce, já levou as caixinhas de madeira da Marmelada do Quilombo Mesquita para a Itália. A iguaria é tão importante para a comunidade que, todo ano, tem festa em janeiro.

O Dia da Consciência Negra é comemorado em 20 de novembro. É sempre bom lembrar de histórias como essas.