*Por Ricardo Teixeira
A história está cheia de exemplos de burradas. Os troianos levaram o cavalo de Tróia para dentro das muralhas da cidade achando que seria um símbolo de vitória de algumas batalhas. Esqueceram de checar o recheio grego. A torre de Pisa já era torta mesmo antes do término de sua construção. O governo francês investiu 15 bilhões de dólares em novos trens para descobrirem que eles eram muito grandes para cerca de 1300 estações ferroviárias.
Um estudo publicado recentemente no periódico Intelligence divide as idiotices em três diferentes tipos. Os autores fizeram uma compilação de histórias envolvendo erros estúpidos. É o ladrão que rouba uma TV e é preso quando volta ao local do crime para pegar o controle remoto. É o homem que engatou um carrinho de supermercado a um trem e morreu após ser arrastado por mais de cinco quilômetros. Isso para não pagar a passagem. Outro exemplo é o de um terrorista que enviou uma carta bomba com uma quantidade insuficiente de selos. A carta voltou e ele abriu a própria carta. Bum. Não são meros acidentes.
O primeiro tipo de idiotice é explicado por excesso de confiança. Se achando. Um bom exemplo é o de homem que assaltou um banco à luz do dia sem disfarce nem máscaras e achou que seu rosto ficaria invisível para as câmeras de segurança porque esfregou limão no rosto. Uma pesquisa mostra que depois de testes de lógica e gramática, voluntários que tiveram as piores notas eram frequentemente os que julgaram ter apresentado um bom desempenho nos testes.
O segundo tipo é decorrente de impulsividade, atos em que o comportamento está fora do seu controle habitual. É o caso das pessoas que publicam conteúdos nas redes sociais e logo se arrependem.
O terceiro tipo de erro é explicado pela falta de atenção. O cara dirige 200km de Brasília até Goiânia quando, na verdade, estava querendo ir a Paracatu.
Todos nós estamos sujeitos a superestimar nossas capacidades, tomar decisões por impulso e falhar por falta de atenção. Algumas pessoas às vezes exageram na dose.
*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista do Instituto do Cérebro de Brasília e professor de pós-graduação em divulgação científica e cultural na Unicamp.