Responsável por um dos perfumes mais emblemáticos do mundo, o Flower by Kenzo, o francês Patrick Guedj não fala de seu trabalho em monólogos sobre notas de entrada e saída, famílias olfativas, aromas, temas ; aliás, nada simples de se entender. Ele cria perfumes baseado em sensações e em histórias. Pensa em uma linda propaganda e, daí, compartilha a ideia com uma equipe de especialistas em aroma, que, então, desenvolve uma nova fragrância. Formado em marketing, Patrick se apaixonou pelo mundo dos perfumes ainda em sua área original, enquanto trabalhava na Lancôme. Desde 2000, é ele quem cria e produz as campanhas da Kenzo.
Também fotógrafo, ele viaja o mundo em busca de inspiração. Ao sair da Lancôme, fez uma viagem sabática pela Ásia antes de começar a trabalhar para a marca japonesa. Das viagens, o diretor artístico absorve cores, culturas, cheiros e retrata tudo em belas fotografias. Várias das fotos já viraram livros e as experiências se transformaram em excitantes fragrâncias.
Para comemorar o décimo quinto aniversário do perfume, em setembro do ano passado, o cenário escolhido pelo diretor artístico foi Brasília. As linhas sensuais e relativamente pouco exploradas internacionalmente de Niemeyer atraíram Patrick, que vinha sonhando, literalmente, com a capital brasileira há tempos.
Quando você começa a pensar sobre a criação de um perfume, o que vem primeiro: um cheiro ou um conceito?
Uma história, um conceito. É um pouco abstrato. Nunca um cheiro ou um design, mas uma história que pode ser relevante como base para um filme publicitário.
O que o inspira?
Tudo, menos os meus competidores.
Você viaja muito. Como as suas experiências influenciam o seu trabalho?
Eu amo viajar. Isso me dá liberdade para pensar e sonhar, coisas que são definitivamente importantes para o processo criativo. Viajar também é uma boa fonte de inspiração, uma vez que nutre a mente com imagens, cores, cheiros; E tudo isso se torna útil um dia ; apesar de você não saber quando ; para o processo criativo.
A fotografia tem alguma coisa a ver com perfumes?
Sim. A ligação entre perfumes e fotografias é forte: imagens têm cheiro. Cores, linhas gráficas evocam perfumes. Muitas vezes, mostrar imagens é o melhor jeito de conversar com os criadores de aromas, de expressar sensações que nós queremos que o perfume transmita.
Por que você pensou em Brasília para os anúncios da Flower by Kenzo? Como foi a produção?
Estava procurando uma cidade que expressasse uma mudança real em relação ao romantismo leve da campanha anterior, que foi fotografada no centro histórico de Paris. Eu estava procurando algo forte, moderno, linhas gráficas que combinariam perfeitamente com a determinação da mulher que caminha. Eu não queria o clichê do skyline moderno, mas alguma coisa única. Mais do que isso, eu queria um lugar moderno, mas cheios de curvas e sensualidade, com arquitetura que quase não se vê nas telas. Então Brasília foi uma resposta óbvia e eu estive sonhando com esse lugar por muito tempo.
Qual é sua campanha favorita da Kenzo?
Flower by Kenzo de 2007, filmada em Miami, com Shu Qi. Eu apenas amo essa campanha.