Maio será um mês duplamente importante para os fãs do pilates. Vem ao Brasil a instrutora Lolita San Miguel, 81 anos, e será lançado o primeiro filme, um curta-metragem, sobre a vida do criador da modalidade, Joseph Pilates. Lolita é a última pessoa a ter ligação direta com ele, o certificado dela veio das mãos de Carola Trier, primeira pessoa treinada diretamente pelo criador da prática. À época, ele batizou o método de contrologia, equilíbrio e controle do corpo e da mente.
Os workshops que Lolita dará em São Paulo estão com as turmas esgotadas, mas ela vem a Brasília para o lançamento do curta no estúdio da instrutora de pilates brasiliense Gláucia Adriana, em 19 de maio. O filme é apenas uma prévia de um longa-metragem sobre a vida de Joseph Pilates que será lançado em outubro. Lolita e a brasiliense se conheceram nos diversos cursos que Gláucia fez em Nova York e na Califórnia. "Queremos resgatar a história, que se conheça Joseph para que se leve mais a sério a prática", explica.
Assim que se formou em fisioterapia, ela saiu do Brasil a fim de conhecer diferentes escolas de pilates. Foram quatro anos e meio de formação e também de experiência profissional até voltar ao país e abrir o próprio estúdio. Segundo ela, a modalidade é tratada com mais seriedade nos Estados Unidos devido ao fato de, lá, ela ser mais tradicional, praticada desde 1930. Por aqui, o pilates chegou há cerca de 25 anos.
Até hoje, Gláucia mantém um pé aqui e outro lá, dando cursos e se aperfeiçoando. A produção do longa-metragem sobre Joseph Pilates fez com que as viagens fossem ainda mais frequentes. "Depois de conversar com dois biógrafos, ainda tive que ir fazer minhas próprias pesquisas", conta.
Saúde para todos
Pilates era um alemão de família pobre que emigrou para os Estados Unidos depois da 1; Guerra Mundial. Segundo a produtora do longa, acostumado a perder muitas pessoas queridas por doenças simples ; já que a medicina era pouco avançada ; queria levar saúde às pessoas, mas não tinha nenhum estudo formal.
Durante a guerra, ele trabalhou por cinco anos em uma unidade de saúde, onde ficou responsável por desenvolver atividades físicas a fim de reabilitar feridos. Lá, ele também aprendeu marcenaria. Passou a desenhar equipamentos. Foi só depois da guerra, já nos Estados Unidos, que ele decidiu construir as peças e pedir patente daquilo que havia colocado no papel. Fez cada uma a mão, com coisas que conseguia no lixo: produtos de equitação, principalmente de couro, e também usava metal e madeira.
Um dos grandes feitos de Joseph foi a reabilitação de uma dançarina submetida a uma cirurgia de mastectomia, nos anos 1950, embora todos dissessem que era impossível ela voltar a dançar. "Ele filmou todo o processo, o que o levou a ser chamado para compor a equipe de um hospital renomado em Nova York, mas quando descobriram que ele não tinha nenhuma formação acadêmica, retiraram o convite", relata Gláucia. A partir daí, ele entrou em uma profunda depressão.
De lá pra cá, algumas coisas foram reavaliadas e adaptadas. Descobriu-se que algumas posturas não faziam tão bem ao corpo. É o que se chama de abordagem contemporânea do pilates, praticado hoje a partir de vários métodos. O que Gláucia lamenta é que essa variedade abre nicho para que se inventem coisas que não têm nada a ver com pilates e cita como exemplo a prática da modalidade na água. "Isso não é pilates", diz, taxativa.