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Seu estilo de festa

Cresce o número de adultos que investem em festas temáticas. Além da diversidade de opções, pesam a praticidade e a graça de ser qualquer personagem

Festividades com painéis decorativos, lembrancinhas personalizadas e playground não são mais exclusividade das crianças. Gente de mais idade também escolhe um assunto para nortear a comemoração. Segundo Jamil Ferrari, sócio de uma casa de festas, a onda de aniversários e celebrações temáticas para adultos começou em São Paulo. Agora, em todos os lugares, até mesmo em casamentos, os anfitriões começaram a se perguntar por que não poderiam usufruir de diferenciais para deixar o evento ainda mais divertido e inesquecível.


Hoje, muitos bufês oferecem minirroda-gigante, trem aéreo e fliperamas para celebrar, acreditem, a união de casais. A diversão garantida dos convidados e do inesperado, outro fator que pesa na decisão do anfitrião ousado, é o conforto dos pequenos. Além de eles nem sempre se darem bem com trajes esporte fino ou passeio completo, são poucos os momentos em que podem se divertir nas celebrações mais formais. "As crianças vão de miniterno, de vestidinho, maquiadas e ficam esperando abrir a pista de dança para poderem fazer algo", observa Ferrari. Assim, as formalidades e as pompas poderiam se limitar ao templo religioso. Na hora da festa, seria uma curtição para os grandes e, mais ainda, para os pequenos.

Outra ocasião, mais óbvia, para escolher festas temáticas seriam os próprios aniversários. Quando pequena, a estudante Alane Martins, de 21 anos, teve várias festinhas que homenageavam algum notável. As decorações iam do personagem Smilinguido até temas clássicos femininos, como o das princesas. Os 16 anos da estudante tiveram como inspiração a década de 1960, e, ela lembra, que o fato de já não ser mais criança ajudou na logística da organização. Quando completou 19 anos, Alane teve uma comemoração surpresa, baseada na cultura oriental. Apesar da presença de pratos mais brasileiros, como o churrasco, o sushi também compôs o cardápio. "Acho que trazer a gastronomia típica de um lugar diferente é importante porque tem pessoas que não conhecem e acaba sendo uma oportunidade", afirma Alane.

A mãe dela, ciente da paixão da filha, preparou um ambiente baseado na paleta de cores vermelha e preta, e comprou até um quimono, roupa tradicional japonesa, para a estudante usar durante o evento. A decoração também contou com origamis feitos pelo irmão da jovem e incluiu bonequinhas e luminárias japonesas. Apenas a música escolhida não era do tema, já que Alane não é grande fã do pop oriental. "Dependendo dos objetos escolhidos, dá pra fazer uma festa superlegal. Festa é uma coisa que fica marcada na memória e você pode explorar todos os sentidos, como o olfato, paladar", define. "É uma experiência bem legal para o aniversariante e também para os convidados", acrescenta. Para a próxima festa, Alane planeja agora uma comemoração árabe.

O aniversário de Maria Ferraz, em 2015, também voltou aos anos 1960 na trilha sonora e no primeiro look usado pela anfitriã. O restante da festa trouxe os reinos medievais, com direito a vestidos de modelo princesa e a entrada triunfal em algo que simulava um foguete. Seria mais um dia normal em bufês se a anfitriã não estivesse completando 90 anos de idade. Os filhos de Maria foram de fidalgos do reino e o restante dos convidados também caprichou nas fantasias e se vestiram desde pirata a bruxas.

Luciana Ferraz, filha da princesa, explica que a família tem o costume de dar grandes festas, e a ocasião não poderia ser diferente. "A gente acha muito bonito e não podia deixar passar em branco essa idade. Deu mais que certo", comemora. O único lamento da família é que o momento tenha passado tão rápido. Este ano, a comemoração de 91 anos, em abril, ocorreu em uma chácara e teve inspirações rústicas. Apesar de ter sido mais discreta do que a anterior, Luciana garante que os detalhes da festa foram planejados com o mesmo carinho.

Os clientes não precisam pensar em tudo sozinhos: a casa de festas também tem papel importante na tarefa de deixar o ambiente mais plural. É possível, por exemplo, alterar o tom infantil do estabelecimento para uma fachada mais neutra. Jamil Ferrari lembra ainda que elementos mais requintados, como lustres de cristal, atendem a demanda adulta. O decorador Rick Dias explica que é preciso ter criatividade, já que nessa idade não é recomendado seguir a velha e óbvia fórmula de: balões %2b cores bichos.

Jamil Ferrari reconhece a necessidade de adaptações em temas personalizados para gente grande, mas afirma que é possível trabalhar com pouco. "A pergunta é quanto você está disposto a investir. Mas, com inteligência e um pouco de decência, dá pra fazer uma festa, que seria caríssima, com materiais já adquiridos pelo bufê e usado em outras festas", recomenda. Ele ressalta ainda que o evento deve ter identidade do anfitrião: "Não é simplesmente copiar uma coisa de interesse, alterando nome e idade".

Uma adaptação que pode ser feita é a música do ambiente. Apesar da diferença notável entre os públicos, Ferrari defende que a playlist seja pensada com cuidado em todas as comemorações e, independentemente do aniversariante, as crianças não são maioria nas festas. "Mesmo em uma festa de um aninho, é importante ter música para os adulto. Os pais fazem as festas para eles mesmos nos primeiros anos de vida dos filhos. Você acha que alguém aguenta Patati Patatá por quatro horas?". Caso o ambiente não favoreça o contato entre os convidados, perde-se o sentido da reunião: a socialização é uma das maiores razões pelas quais as festas são tão populares. "Desde o tempo medieval, realizam-se festas para agradar os súditos. É uma coisa histórica e antropológica. O ser humano não mudou muita coisa, mudaram só os aparatos", explica o empresário.

Outro cuidado importante é o cardápio. Enquanto as festas tradicionais dos pequenos são regadas a salgadinhos fritos e a refrigerante, em comemorações mais sóbrias e requintadas as refeições completas são uma boa pedida. Bobó de camarão, minimuqueca e filé- mignon estão na lista dos preferidos. É bom não se esquecer que o relógio biológico do brasileiro adulto foi preparado para ter como refeições principais almoço e jantar. Assim, música boa, comida gostosa e gente legal garantem o sucesso do evento. "Acredito que as pessoas podem fazer festas em qualquer idade sem nenhum preconceito, porque é um espaço pra felicidade", Rick Dias confirma.