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Compartilhar a paixão pelas panelas une pais e filhos

Dois chefs da cidade revelam o prazer de cozinhar ao lado dos filhos pequenos. Além de lúdico, esse é um momento de educação nutricional, garantem

Na cozinha do chef Sebastian Parasole não pode faltar pizza, arroz com brócolis e cenoura, feijão e, claro, choripan. Afinal, esses são os pratos preferidos de Lolo, seu filho de 5 anos. Como um bom filho de cozinheiro, o garoto sempre teve livre acesso à cozinha e, em uma consequência dessa proximidade, cresce experimentando delícias e conhecendo ainda mais sobre a essência de uma alimentação saudável. "E isso reforça a nossa relação. Acho que ele me ajuda desde que começou a caminhar", conta Sebastian.

Cresci em um ambiente machista e ouvi várias vezes que "cozinha não era lugar de menino". Isso nunca me impediu de ficar lá, de inventar minhas vitaminas que levavam várias frutas ou tentar fazer massa de pizza em casa. Filho de uma nova geração de homens, Lolo não só mexe nas panelas, como tem no pai seu fiel escudeiro na hora de cozinhar o que será servido em casa.

Sebastian, que é argentino, diz ter muitas lembranças da infância relacionadas à culinária. "Meu pai trabalhava em um frigorífico, então havia sempre muita linguiça e panceta em casa. Mas foi na casa das minhas avós que fiz meu primeiro prato: um bolo, aos 3 anos", recorda. Aos 10, era ele quem preparava o almoço quando a mãe precisava sair. Por isso, sabe o quanto essa intimidade com a cozinha é importante. "Agora, tudo para ele é brincadeira. Mas, enquanto estamos juntos, dou a possibilidade de ele ver tudo que vai ser consumido, em vez de apenas o prato pronto ou mesmo um alimento comprado."

Diante de tantos produtos industrializados disponíveis, ensinar "regras" nutritivas para as crianças exige perseverança. O nutricionista Adelmir Mangabeira lembra que nossa memória gastronômica é extremamente simbólica, e grande parte desse simbolismo é adquirido na infância. "Educar alguém para se alimentar de forma saudável é uma das tarefas mais difíceis que existem. Por isso, é importante que os pais estejam na cozinha com os filhos", garante. Se, por exemplo, o adulto chega do trabalho cansado, vale a pena envolver a criança no preparo do jantar. "Muito melhor que apenas avisá-la que a comida está pronta", acredita.

Aí você agora me pergunta: mas Rafael, eu mal sei cozinhar um ovo, como você quer me comparar a um chef? Calma, calma, essa não foi a intenção. E são eles mesmos que garantem que não é preciso um esforço digno de profissional para se tornar um papai-cozinheiro. "Basta fazer o mínimo. Se você leva a criança para fazer as compras, deixe-a escolher frutas e verduras ; ela se sentirá fazendo parte daquele momento. A alimentação da criança deve ser saudável, mas não pode ter regras", afirma o chef Marcos Lelis, pai da Mariah, 5 anos.

Lelis também deve a sua formação aos tempos de meninice. "Minha avó teve sete filhos e, além de ser uma excelente cozinheira, ensinou todos a cozinhar. A Mariah sempre esteve presente na cozinha, desde muito nova. Hoje, ela está sempre comigo", garante. Para o chef, não se trata apenas de se aproximar da filha, mas de tentar mudar essa engrenagem da forma como os pequenos são mal alimentados em uma sociedade que não encontra tempo para preparar comida. "Esses efeitos só vão ser sentidos mais tarde. Já cozinhei para as colegas delas e vi crianças que não conheciam manga. Achavam que a fruta estava dentro da caixinha de suco", relata.

Para garantir que Mariah conheça tudo o que come, ele costuma levar a menina ao Ceasa. "Ela pega cebola, tomate etc. Imagine a experiência de ter tantas cores, aromas e sabores tão nova. Não é preciso ser cozinheiro para oferecer isso aos filhos." Mariah adora tapioca, ajuda a preparar massa fresca e não perde a chance de fazer cupcake. Lolo também adora omelete e seu pai até nos deu a receita que os dois fazem em casa. Que tal um Dia dos Pais diferente para você e seus filhos, na cozinha?
Omelete de pai e filho

Ingredientes
4 ovos
2 fatias de presunto cozido em tiras finas
1 unidade de batata-inglesa cortada em cubos pequenos
Orégano fresco em folhas a gosto
1 tomate com pele cortado em cubos
1/2 cebola pequena picadinha
1 dente de alho picadinho
Sal refinado e pimenta-preta moída a gosto
Azeite a gosto
2 fatias de queijo muçarela ou prato

Modo de preparo
Em uma frigideira antiaderente grande, coloque uma colher de azeite. Adicione os cubos de batata crua e os cozinhe até dourar. Retire e reserve. Na mesma frigideira, coloque duas colheres de azeite, a cebola, o alho e o tomate. Refogue e ponha uma pitada de sal e pimenta. Cozinhe até que os ingredientes fiquem moles. Depois, acrescente o presunto cozido e as batatas já cozidas. Misture e coloque os ovos crus, mexendo com uma colher de madeira e agregando orégano fresco. Deixe coagular na base. Acrescente as fatias de queijo e tampe. Quando o queijo fundir, feche o omelete em duas partes em forma de meia-lua, aperte levemente para que fixe, corte na metade e sirva.