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Quais são os efeitos da poluição na saúde do cérebro?

O neurologista Ricardo Teixeira conta que quem vive perto de áreas com muitos carros corre um risco maior de desenvolver demência

Diego Borges/Especial para o Diário de Pernambuco
postado em 16/01/2017 17:42
Por Ricardo Teixeira*
O neurologista Ricardo Teixeira conta que quem vive perto de áreas com muitos carros corre um risco maior de desenvolver demência
Uma pesquisa recém-publicada pelo periódico Lancet mostrou que quem mora perto de áreas com grande circulação de automóveis tem um risco maior de desenvolver um quadro de demência. O estudo foi realizado na cidade de Ontário no Canadá com duração de dez anos.
Há evidencias em roedores que a poluição do ar promove estados de inflamação no cérebro, assim como o fenômeno de degeneração. Já foi demonstrado também que o ar poluído aumenta o grau de aterosclerose que por sua vez pode levar ao aumento da incidência de lesões vasculares no cérebro.
Vale lembrar que as lesões vasculares representam a segunda causa mais comum de demência na maioria das populações, perdendo para a Doença de Alzheimer. Em algumas populações, a demência por lesões vasculares é até mais freqüente que a Doença de Alzheimer.
E tem também a poluição sonora
A exposição a um exagero de barulho pode ser um fator estressante comparável ao estresse psicológico, podendo levar a alterações no sistema nervoso autônomo e endócrino que promovem a redução de calibre de pequenas artérias, aumentando o risco de lesões vasculares, não só no coração, mas também no cérebro.
Ruído em excesso mexe com o corpo e a mente mesmo que de forma inconsciente. Não é difícil imaginar que muito barulho também atrapalha o desempenho cognitivo. Entre adultos, há evidências de piora da memória e de funções executivas durante a exposição ao barulho e mesmo um pouco depois de sua suspensão. As crianças são ainda mais vulneráveis, já que estão em franco processo de desenvolvimento cognitivo e os estudos apontam que múltiplas dimensões da cognição são afetadas por um ambiente cronicamente barulhento, como é o caso da atenção, motivação, memória e linguagem, chegando ao ponto de .
Essa alta exposição a ruídos pode levar a um comportamento mais agressivo, reduzindo a capacidade de cooperação, o que pode se refletir no trânsito como um círculo vicioso. Mais ruído, mais intolerância, mais buzina, mais intolerância, mais acidentes;
E nem falamos da poluição visual. Mas isso fica para uma outra vez.
*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista do Instituto do Cérebro de Brasília e professor de pós-graduação em divulgação científica e cultural na Unicamp

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