Revista

A feminilidade, o lúdico e a fantasia tomaram as passarelas de Paris

Semana de moda de Paris acabou essa semana e deixa recado para a moda primavera-verão 2017: uma mulher feminina e liberta para fantasiar

Diego Borges/Especial para o Diário de Pernambuco
postado em 27/01/2017 14:37

Ricco Rocha*

Montagem com fotos de duas modelos desfilando um macacão e um quimono para a marca Schiaparelli

A semana de alta costura de Paris acabou de apresentar as propostas de luxo para o primavera-verão 2017. Nos primeiros desfiles, na última segunda-feira, a maison veterana Schiaparelli mostrou quimonos e hanfus (traje típico da mulher chinesa), que unem a geometria dos moldes asiáticos à grafismos da cultura pop. A iconografia da lagosta, pertinente ao universo Schiaparelli, também apareceu em um vestido longo de uma só manga, além de um drapeado solto na altura da cintura, dando um efeito fluído à peça. A mistura de tecidos e a texturas são ricas e passeiam entre bordados e transparências bem elaborados. A alusão à fechadura, outro ícone da marca, se transformou os decotes em recortes lúdicos e interessantes. Outras peças tiveram inspiração nas armaduras de samurai. Destaque também para os terninhos elegantes e para as botas high-knees.

O suntuoso trabalho de babados esvoaçantes da maison Dior, para a semana de  alta-costura de Paris,  Primavera-verão 2017Na passarela francesa, ainda se viu muito misticismo, representado em bordados que exploraram a simbologia do zodíaco. Na coleção da Dior, trevos de quatro folhas, colar de borboletas, máscara de morcego exemplificaram um universo de magia que interage com o universo da mãe natureza. As plumas e os plissados, volumosos e imponentes, transmitiram uma dramaticidade marcante. Decotes e transparências pontuaram a sensualidade nessa história lúdica e bela.

Já a Chanel abriu o desfile em apoio à libertação da mulher, com o clássico tailleur de tweed. O ícone do guarda-roupas feminino surgiu num passado em que elas lutavam por espaço no mercado de trabalho e igualdade entre os homens, o que pedia roupas práticas e menos exageradas em detalhes. A feminilidade da coleção ficou por conta da cintura marcada e dos decotes elegantes.

Montagem com duas modelos. Uma delas desfila com tailleur Chanel cinza e a outra exibe um vestido étnico da Armani Pive

A Vetements trouxe uma proposta diferente e inovadora ao abandonar a padronização da estética da coleção. Sobreposições, volumetrias e a inspiração em tribos e personagens da vida urbana trouxeram para a temporada um espetáculo de pluralismo e de diversidade. Enquanto isso, a Armani Privé apresentou uma estética étnica e imponente. Forte presença do tom laranja, muitas vezes aliados ao preto, em vestidos de festas e trajes de alfaiataria clássica, que exploravam bordados e plumas. Um mix de texturas elegante e poético.

A novata da alta-costura Vetements, expressando o valor da diversidade. Foco nas sobreposições e volumetrias.

A beleza e a força das mulheres árabes ditaram o tom da coleção de Elie Saab. Os brilhos apareceram em tecidos acetinados ou em bordados de pedrarias. Variações de nude e de azul, em vestidos longos e esvoaçantes, ditaram uma coleção feminina e forte. Já Jean Paul Gaultier apostou na silhueta oitentista da sua alfaiataria superssofisticada, com os ombros marcados, além de uma estética campestre, em que flores aparecem nos bordados de vestidos compridos e lúdicos.

Performance na passarela de Jean Paul Gaultier: luxo com ares campestres

A semana de alta costura de Paris mostrou uma forte inclinação ao fantasioso para a temporada. Seja na busca por referências étnicas (africanos, árabes, e asiáticos) ou por universos não literais, parece haver um movimento na direção de enaltecer a figura da mulher, com ombros e cinturas marcadas, mantendo sempre a sua suntuosidade, em brilhos, bordados, e texturas.

* Estagiário sob a supervisão de Flávia Duarte

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação