O desfile da Lab, marca do cantor Emicida em parceria com o irmão Evandro Fióti, encerrou com chave de ouro a 43; da semana de moda de São Paulo. Inspirada no trabalho da mãe dos artistas, que assistiu a tudo da primeira fila, e no samba, a apresentação mexeu com os sentimentos do público com uma coleção forte.
Nas passarelas, a Lab, com direção criativa de João Pimenta, trouxe peças arrojadas e com forte significação social. O nome da coleção -- Herança -- remete aos trabalhos manuais e de bordado da mãe do cantor, Jacira Roque Oliveira.
O outro fio condutor do desfile foi o samba. Para chegar ao resultado mostrado na passarela, Pimenta criou o personagem de um jovem, skatista, que gosta de rap e herda as roupas do avô, um sambista dos anos 30. A mistura entre os estilos do menino e do avô se refletiu em looks street e sofisticados ao mesmo tempo.
Moletons com estampas de risca de giz e chapéus que lembram os usados pelos mais velhos, mas com estampas modernas foram algumas das misturas. A sequência das cores também apresentou uma mensagem de luta. Primeiro vieram os pretos e cinzas, representando o luto, em seguida começaram a surgir toque de cores fortes simbolizando a resistência e a alegria do samba e por fim, vieram os looks brancos, homenageando o tradicional terno branco usado pelos sambistas. Ao fim do desfile, os irmãos entraram com a mãe e com o sambista veterano Wilson das Neves.
O casting de maioria negra e com modelos plus size já era esperado, mas ainda assim foi uma visão revigorante para os que têm sede de diversidade no maior evento de moda do país.