postado em 27/03/2017 08:00
Por Ricardo Teixeira*
Uma recente pesquisa conduzida nos EUA (Common Sense Media) mostrou que 78% dos adultos de diversos estratos socioeconômicos ficam uma média de nove horas e 22 minutos na frente de telas, incluindo as de smartphone, tablet, TV e computador. Ah, mas a maioria desse tempo deve ser trabalhando! Negativo. Oito horas são dedicadas a questões pessoais. Fala-se muito dos limites de tempo que as crianças devem respeitar, mas elas precisam de exemplo.
Outro resultado impressionante dessa pesquisa foi o fato de 78% dos voluntários acreditarem que eles são bons modelos de como seus filhos deveriam usar a tecnologia digital. Com os pais tão plugados as crianças podem se sentir ignoradas e além disso vão querer imitar o hábito dos pais. E essa história não acaba bem. Sabemos que o excesso de telinhas na vida das crianças e adolescentes está associado a prejuízos nas funções cognitivas, menor rendimento escolar, menos atividade física, mais obesidade... No caso dos nenéns de pais superconectados, já é descrito um atraso no aprendizado de reconhecimento de sinais não verbais na comunicação. Sofrem do fenômeno de "faces congeladas" ; pais inanimados na frente das telas.
Que tal começar retirando as telinhas da mesa de refeições?
*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista do Instituto do Cérebro de Brasília e professor de pós-graduação em divulgação científica e cultural na Unicamp.