postado em 02/04/2017 08:00
Fitness & NutriçãoSabor doce e natural
Muita gente tem ouvido falar no xilitol. O adoçante surge como uma outra alternativa saudável para substituir o açúcar
Por Renata Rusky
A cada hora aparece um substituto para o açúcar, seja para adoçar o café e o suco, seja para fazer uma receita. Atualmente, um dos mais procurados por quem busca uma alimentação saudável é o xilitol, um adoçante natural encontrado nas fibras de vários vegetais, como milho, framboesa, ameixa e também em alguns tipos de cogumelos.
A desvantagem é que o preço não permite o acesso de todos os interessados. Uma embalagem com 300g é vendida por cerca de R$ 40, enquanto se paga por 200ml de um adoçante tradicional menos de R$ 10 ou cerca de R$ 3 por 1kg de açúcar. Além disso, diferentemente da maioria dos adoçantes, que têm o poder de adoçar maior do que o do açúcar, o xilitol deve ser usado na mesma proporção para alcançar o mesmo resultado. Assim, uma xícara de açúcar deve ser substituída por uma de xilitol.
Mas as vantagens são muitas e, por isso, Ludmila Pessoa, 27, e sua família, incluíram o produto na dieta há cerca de cinco meses. Na casa da designer, adoçam-se com ele, principalmente, as bebidas. De vez em quando, o acrescentam às receitas doces. Como a quantidade de xilitol usada para preparar um bolo seria a mesma da de açúcar, eles ainda não o substituíram nessas casos, pois ficaria muito caro. Mas usá-lo nos cafezinhos e nos sucos já fez toda diferença.
A família começou a usar o xilitol quando o pai de Ludmila descobriu que era diabético. Coincidentemente, foi na mesma época em que a Unicamp divulgou uma pesquisa que associava a sucralose a casos de câncer. Outra opção seria a stevia, mas o gosto forte não agradou. Ludmila e o pai até encaravam, mas a mãe e as irmãs dela não suportavam o sabor e continuaram consumindo o açúcar. Quando o médico sugeriu o xilitol, até elas cederam. ;Você só percebe algum gosto se experimentá-lo puro. Na bebida, não sente nada;, garante Ludmila.
Embora pareça uma novidade para tanta gente, o nutrólogo Allan Ferreira, membro da Sociedade Brasileira de Nutrologia, conta que o xilitol foi sintetizado durante a Segunda Guerra Mundial, na Europa. ;Eles procuravam um substituto para o açúcar da cana porque importar estava difícil;, explica. A partir de então, na década de 1930, passou a ser usado em chicletes e em pastas de dente.
Segundo o médico, as maiores vantagens do xilitol é que ele tem apenas 40% das calorias do açúcar e baixo índice glicêmico. Ou seja, ele não faz com que nosso corpo produza tanta insulina, hormônio que nos faz engordar. Por isso, ele é liberado para diabéticos como o pai de Ludmila. ;O xilitol é, na verdade, um álcool, então, é metabolizado no fígado. Isso evita a produção exagerada de insulina;, esclarece.
Há mais de um ano, a confeitaria Integralle, de Goiânia, começou a fazer testes de receitas com o xilitol. A ideia era substituir a sucralose, já que tantos estudos mostravam que ela não fazia bem à saúde. Gilson Mendes, diretor de vendas da empresa, conta que precisaram fazer dezenas de experiências para descobrir em quais receitas a substituição funcionava. Em algumas, dá um ótimo resultado, em outras, nem tanto.
Ele explica que há algumas marcas de xilitol mais puras, que garantem um poder de adoçar bem maior com uma quantidade menor. Ele acredita que quanto mais pessoas comprarem, maior a possibilidade de o preço diminuir. ;Aconteceu isso com a stevia. Começou muito cara e, com o tempo, foi diminuindo;, acredita.
O empresário alerta para o consumo exagerado de receitas com o xilitol, que também podem levar outros tipos de carboidratos que viram açúcar quando metabolizados e, apesar de menos calóricos, podem aumentar o pico de insulina. ;Se você tem alguma restrição alimentar, o ideal é levar a receita ao médico e perguntar a ele se você pode, ou não, comer. Agora, se você não tem, não há problema algum em usar o xilitol;, alerta.
Saiba mais
Sucralose
Era considerado o adoçante mais seguro até que uma pesquisa da Unicamp indicou que, se aquecido, ainda que pelo café ou chá, fica quimicamente instável e libera substâncias tóxicas. Ele é feito a partir do açúcar, mas tem poder adoçante 600 vezes maior e não é metabolizado pelo organismo, que o libera nas fezes e na urina, cerca de 24 horas só após o consumo.
Stevia
De origem natural, é extraída de uma planta nativa da América do Sul, a Stevia rebaudiana. Tem um sabor que pode ser sentido mesmo no café ou no suco, o que incomoda algumas pessoas. Seu poder adoçante, no entanto, é 300 vezes maior do que o do açúcar, exigindo pouca quantidade para adoçar. Não tem contraindicação, mas o consumo dele em sua forma altamente refinada está associado a alterações no sistema gastrointestinal, causando náuseas e inchaço.
Aspartame
É o mais controverso dos adoçantes. Já foi acusado de causar problemas como dor de cabeça, síndrome de fadiga crônica, perda de memória, alergia, nascimento de bebês prematuros, danos no fígado, tonturas, além do aumento de casos de esclerose múltipla, doença de Alzheimer e câncer. Não é recomendado para quem tem fenilcetonúria, pois essas pessoas não são capazes de metabolizar a fenilalanina presente nele.
Fonte: Informações de Rakkau, empresa de produtos naturais
A família de Ludmila começou a usar xilitol depois de descobrir que o patriarca tem diabetes