postado em 02/04/2017 08:00
CasaCobogó dentro de casa
Ícone da arquitetura de Brasília, esses elementos vazados também decoram a casa, são usados em móveis e separam ambientes. Eles aparecem mais modernos, mas mantêm a essência das formas originais
Por Renata Rusky
Apesar de terem sido criados em Pernambuco, nos anos 1920, é da capital do país que os cobogós são marcas registradas. Foi graças às aplicações do arquiteto e urbanista Oscar Niemeyer, em prédios residenciais e governamentais de Brasília, que esses elementos vazados ganharam prestígio. Queridinhos da arquitetura modernista, agora, eles estão invadindo os ambientes internos.
O uso mais comum e tradicional dos cobogós é em fachadas, mas também estão sendo usados dentro das casas e de apartamentos, principalmente para separar ambientes. Com criatividade, alguns vão além e os colocam até em objetos de decoração e mobílias. É o caso do designer Danilo Vale, que criou uma mesa para a qual deu o nome de Superquadra. O cobogó foi usado como tampo, com um vidro em cima. ;Eu buscava fazer produtos com inspiração em Brasília. Morei em um prédio na Asa Norte com essa fachada e ela remete muito à minha infância. Aí, surgiu a ideia;, conta Danilo.
Os cobogós pela capital são, em geral, de concreto, como o usado por Danilo. A arquiteta Tatiana Lopes, porém, ressalta a novidade no mercado: ;Hoje, temos os esmaltados e os de cerâmica, que permitem desenhos diversos, com cores diferentes.; Segundo a profissional, os cobogós são interessantes, porque delimitam os espaços, mantendo a iluminação e a ventilação, além de serem decorativos. Mas Tatiana não descarta o uso dos cobogós crus: ;Pessoas que gostam de um estilo mais rústico podem usar o cobogó em concreto, sem pintura, sem reboque, como os originais dos prédios de Brasília;.
A única desvantagem dos cobogós seria o fato de eles não serem elementos de proteção completa. Deve-se ter em mente que, se usado em uma fachada, a sujeira vinda de fora, inevitavelmente, vai invadir o interior. Em ambientes internos, o problema não é tão sério. No máximo, o frio do ar-condicionado vai se espalhar por todos os cômodos. No entanto, apesar da vedação incompleta, ele pode, sim, oferecer a privacidade necessária.
No projeto de Walléria Teixeira, os cobogós da fachada do prédio estão aparentes na cozinha da casa. Para dar mais intimidade aos moradores, são cobertos por uma veneziana.
A mesa do designer Danilo Vale é uma homenagem à capital e aos cobogós dos prédios espalhados pela cidade.
No projeto da Aobá Arquitetura, de Tatiana Lopes, o cobogó esmaltado amarelo separa a cozinha da área de serviço. Esconde o varal e dá estilo ao ambiente.