Marina Adorno - Especial para o Correio
postado em 18/06/2017 08:00
Dados divulgados recentemente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostraram uma realidade preocupante: mais da metade da população brasileira está com sobrepeso e 20% das pessoas adultas nos país são consideradas obesas. O mais alarmante é que o problema não se restringe aos mais velhos. Relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) aponta o aumento do sobrepeso também na população infantil. Estima-se que 7,3% das crianças menores de 5 anos estão acima do peso, sendo as meninas as mais afetadas: 7,7%.
De acordo com a OMS, caso nada seja feito para reverter a curva de crescimento, em 2025, 11,3 milhões de crianças no país estarão com excesso de peso. Para Maria Edna de Melo, endocrinologista da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), todos os países em desenvolvimento passam por um momento de transição nutricional.
Há alguns anos, a fome era o maior motivo de preocupação e as mortes por desnutrição, frequentes. ;Quando começamos a alterar esse quadro, isso mudou. Passamos de um período de escassez para a fase da bonança.; Porém, os alimentos industrializados ganharam mais espaço por serem práticos e palatáveis. Mas muitas pessoas esquecem ou ignoram que eles também são ricos em gordura e sal, além de terem um baixo potencial de saciedade.
A pediatra do Hospital Santa Lúcia Nathália Sarkis acrescenta que a obesidade é uma doença e que está cada vez mais frequente na população, principalmente na pediatria. Ela menciona alguns dos principais prejuízos da obesidade, como o aumento do colesterol, dos triglicerídeos e da pressão arterial. ;Ainda há as questões psicossociais, que abalam muito as crianças. Entre 6 e 7 anos, elas são muito cruéis e isso pode resultar em provocações, críticas e isolamento, gerando estresse e uma possível depressão.;
De acordo com a OMS, caso nada seja feito para reverter a curva de crescimento, em 2025, 11,3 milhões de crianças no país estarão com excesso de peso. Para Maria Edna de Melo, endocrinologista da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), todos os países em desenvolvimento passam por um momento de transição nutricional.
Há alguns anos, a fome era o maior motivo de preocupação e as mortes por desnutrição, frequentes. ;Quando começamos a alterar esse quadro, isso mudou. Passamos de um período de escassez para a fase da bonança.; Porém, os alimentos industrializados ganharam mais espaço por serem práticos e palatáveis. Mas muitas pessoas esquecem ou ignoram que eles também são ricos em gordura e sal, além de terem um baixo potencial de saciedade.
A pediatra do Hospital Santa Lúcia Nathália Sarkis acrescenta que a obesidade é uma doença e que está cada vez mais frequente na população, principalmente na pediatria. Ela menciona alguns dos principais prejuízos da obesidade, como o aumento do colesterol, dos triglicerídeos e da pressão arterial. ;Ainda há as questões psicossociais, que abalam muito as crianças. Entre 6 e 7 anos, elas são muito cruéis e isso pode resultar em provocações, críticas e isolamento, gerando estresse e uma possível depressão.;
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Nathália ressalta a socialização no ambiente escolar como uma das grandes dificuldades para crianças diagnosticadas com obesidade. ;Elas não conseguem praticar atividades físicas com a mesma agilidade que um colega com o peso normal, e isso cria uma categorização.; O bullying com crianças acima do peso é uma realidade e, como muitas delas ainda não estão preparadas para lidar com isso, acabam se tornando crianças tristes.
Apesar de preocupante, a pediatra garante que o quadro é reversível. Para isso, ela ressalta a importância do apoio familiar e da assistência de profissionais especializados, como nutricionistas, endocrinologistas e psicólogos. ;A criança deve ser tratada como um todo;, conclui Nathália. Para a presidente da Abeso, o papel dos parentes é fundamental. Além de servirem de exemplo, os pais são os responsáveis por prover o que entra em casa. ;Não é o consumo que deve ser controlado, é a entrada. Um alimento muito calórico, e que todo mundo gosta, não deve ser comprado.;
Sedentarismo
A diminuição da prática de atividades físicas entre as crianças é considerada uma das principais razões para o aumento da obesidade infantil. Atualmente, muitas dedicam o tempo livre a assistir televisão ou jogar videogame. ;Há 20 anos, elas não tinham tablets, celulares, e o uso da televisão era moderado. Brincar embaixo do prédio ou na rua fazia parte da rotina;, observa Nathália. Nesses casos, especialistas aconselham que os pais busquem atividades físicas para que as crianças voltem a se exercitar periodicamente. Exercícios regulares e alimentação saudável são o segredo para reverter ou afastar a obesidade.A recomendação da OMS é de que as crianças devem se exercitar diariamente por uma hora. Nathália Sarkis destaca que há várias opções de atividades que podem ser interessantes para as crianças. Skate, bicicleta, tênis, natação, arvorismo e amarelinha são apenas alguns exemplos. O mais importante é que a atividade seja realizada de maneira lúdica. Maria Edna acrescenta que o melhor esporte é aquele que a criança goste e que os pais possam proporcionar. ;A perda de peso não deve ser a maior preocupação, mas sim a aderência. Se a criança estiver feliz e saudável, o corpo vai responder.;
Exercitando-se
Uma opção de atividade para estimular as crianças é um treino funcional adaptado. A aula, chamada de campo de guerra, aposta em circuitos para movimentá-las de maneira intensa e divertida. São 10 estações que intercalam agilidade, corrida, saltos, abdominais, flexões e exercícios com elástico. Os alunos ficam em cada estação por um minuto e têm apenas 30 segundos de descanso.
Ao final de uma boa aula, as crianças são recompensadas com brincadeiras. Pique-bandeirinha e pique-pega estão entre as favoritas. Em seis meses de aula, o professor Hebert Eduardo garante que os resultados são visíveis. ;Eles tiveram uma grande melhoria do condicionamento, da qualidade motora e estão emagrecendo enquanto se divertem.; Ao fim da aula, as crianças estão suadas, mas a animação é a mesma do começo.
Ao final de uma boa aula, as crianças são recompensadas com brincadeiras. Pique-bandeirinha e pique-pega estão entre as favoritas. Em seis meses de aula, o professor Hebert Eduardo garante que os resultados são visíveis. ;Eles tiveram uma grande melhoria do condicionamento, da qualidade motora e estão emagrecendo enquanto se divertem.; Ao fim da aula, as crianças estão suadas, mas a animação é a mesma do começo.
O campo de guerra foi uma das opções que a secretária parlamentar Ana Paula Siqueira, 34 anos, escolheu para manter o filho Davi Carvalho, 7, em movimento. ;Ele sempre foi muito ativo em casa, não é dessas crianças de tablet. Mas, como voltei a trabalhar este ano, achei que essa seria uma boa solução para fugir da era digital;, conta Ana Paula. Ela percebe, nesses seis meses, a melhoria da coordenação motora e o ganho de agilidade para fazer outras atividades. ;Já fiz a aula com ele e quase morri, é bem agitada. Ele teve que me ajudar a aula inteira;, brinca.