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Saiba como o uso de feromônios ajuda seu pet a controlar a ansiedade

O uso de feromônios sintéticos ajuda a tranquilizar cães e gatos com problemas de adaptação, ansiedade ou medo excessivo

Ailim Cabral
postado em 27/08/2017 08:00
Os animais de estimação assumem papel cada vez mais importante na vida dos donos. E, conforme a relação de amor se fortalece, aumentam os cuidados com os pets. Entre eles, está a questão comportamental do animal. Muitas mascotes apresentam dificuldade de relacionamento com pessoas ou com outras espécies. Há também quem apresente ansiedade ou medo excessivos. Para essas situações, veterinários e tutores têm recorrido à feromonioterapia.

O recurso tem fins terapêuticos e consiste no uso de feromônios sintéticos para a melhoria de comportamento e para o bem-estar emocional de cães e gatos. O método começou a ser estudado há cerca de 15 anos e tem seu uso cada vez mais difundido pelos profissionais que apostam na medicina veterinária comportamental.

Leila Sena, médica veterinária especializada em gatos, é uma das que recorrem à feromonioterapia frequentemente. No caso dos felinos, o feromônio sintético mais usado é o feliway. ;Ele é o único vendido no Brasil e foi criado simulando a fração F3, o feromônio facial dos gatos;, explica.

Segundo Leila, os gatos liberam a fração F3 na casa, nos donos e nos objetos que o rodeiam. É a forma que encontram de marcar território e mostrar para eles mesmos e para os outros gatos que aquele espaço os pertence. Ao sentir a essência liberada pelo feliway, o organismo produz uma reação química que passa a sensação de segurança. Eles reconhecem o feromônio e ficam mais calmos.

A veterinária explica ainda que a reação é instintiva e se inicia a partir do olfato, por meio do órgão vomeronasal. ;Ele fica entre a boca e o focinho e faz ligação direta com o sistema nervoso. É por ali que os feromônios agem. Por isso, quando estão em um novo ambiente ou em presença de outro gato, eles tendem a abrir a boca e a aguçar o olfato, tentando detectar os feromônios ali presentes, o que é chamado de reflexo flemming.;

Para os felinos, a feromonioterapia é indicada em casos de gatos que vão mudar de casa ou visitar um ambiente diferente, como uma clínica, também em viagens e em animais arredios, agressivos ou que fazem marcação urinária. ;Nessa última situação, é muito importante que sejam descartadas outras possibilidades de doença do trato urinário. O feromônio só deve ser usado quando o animal urina onde não deve com o intuito de marcação territorial;, ressalta Leila.

Na maioria desses casos, o mais indicado é o feliway difusor, que deve permanecer plugado na tomada por 24 horas nos espaços em que o gato costuma ficar. Também pode ser usado o spray, como em caixinhas de transporte.

Adaptação

O feliway também é bastante aplicado quando há a introdução de um novo gato na família. A executiva de expansão Jéssica Cavalero de Macedo Alencar, 37 anos, adotou o primeiro gato há dois anos e meio. Até então, só tinha cuidado de cachorros e precisou aprender sobre os hábitos dos felinos. ;Eu perguntava tudo para minha irmã e para a veterinária. Quando fui adotar o segundo gato, ela me indicou o feliway para evitar o estranhamento entre eles;, conta.

Alice foi a primeira a chegar. A gata já tinha mais de um ano e vinha de uma situação de maus-tratos. Três meses depois, surgiu a oportunidade de acolher Flor, que também não era mais filhote e tinha sido maltratada. ;Como elas eram muito sofridas e mais velhas, o risco de se estranharem era enorme e a veterinária indicou o feliway;, conta Jéssica.

Ao fazer o experimento com a feromonioterapia, a executiva viu as gatas se conhecendo e se tornando amigas. ;As gatas começaram a ficar muito sociáveis. Foi incrível. Mesmo com o histórico delas, hoje brincam e correm juntas.; O sucesso no relacionamento serviu como incentivo para Jéssica adotar mais um gato. Assim, Chico também se tornou parte da família. ;Os três são adotados e sofreram maus-tratos, mas não dá para dizer ao observá-los. Comem juntos e não se separam, além de nunca terem brigado.;

Para cães

O feromônio sintético usados nos cães é o adaptil. Segundo a médica veterinária comportamentalista do Psicovet, Daniela Ramos, ele imita a substância liberada pelas cadelas logo após o nascimento dos filhotes. ;É um feromônio que acalma.; Ele é indicado para situações em que o cão sente muito medo, preocupação ou ansiedade.

Existem casos, porém, em que ele é mais usado: com a chegada de um filhote a um novo lar; no momento de transportá-lo no carro ou em caixas; quando são levados para locais diferentes, como hotéis, clínicas veterinárias e canis; para cães que sofrem por ansiedade de separação e para os que têm medo de barulhos.

Segundo Daniela, nessas situações, a melhora vai ser perceptível, mas o feromônio pode ser usado constantemente caso o dono queira deixar o cão mais tranquilo de uma forma geral. ;Quando usado assim, apenas para garantir mais calma e tranquilidade ao cachorro, o dono pode não notar mudanças no comportamento, mas, para os cães, o uso do adaptil nunca será prejudicial;, acrescenta.

Assim como o feliway, o adaptil é vendido como difusor ou spray. O difusor deve, de preferência, ficar posicionado em uma tomada que tenha a altura do cão. Daniela ressalta ainda que no uso de spray, para cães ou gatos, é importante deixar o animal distante por 15 minutos. ;O spray tem álcool e pode irritar o olfato apurado dos animais. É importante borrifar na casinha ou no pano e esperar o álcool evaporar antes de deixar o pet sentir o feromônio.;

As duas médicas veterinárias atestam o sucesso da feromonioterapia, porém, alertam aos tutores que animais com dificuldades comportamentais ou emocionais precisam de tratamentos mais completos. O feromônio sintético não é recomendado sozinho, faz parte de uma série de medidas associadas. ;É importante associar com outros métodos, que vão depender de cada animal e do problema apresentado por ele. No caso do transporte, por exemplo, o cinto de segurança, a cadeirinha ou a caixa própria auxiliam a diminuir o medo e a ansiedade com os feromônios;, completa Daniela.

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