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Bons hábitos alimentares devem ser iniciados após os seis meses de vida

Uma dieta saudável e balanceada deve começar bem cedo, desde a introdução dos alimentos sólidos na alimentação do bebê

Amanda Ferreira - Especial para o Correio
postado em 03/09/2017 08:00
Iza Garcia prioriza alimentos naturais e saudáveis na lancheira de Bruna, mas sempre de forma leve e divertidaControlar o que os pequenos comem em meio à correria do dia a dia pode ser um desafio. A preocupação dos pais para que os filhos tenham uma alimentação saudável acaba se tornando um grande quebra-cabeça quando o assunto é introduzir esses alimentos nas refeições e pensar no que colocar na lancheirinha da escola. Lanches preparados em casa ajudam a manter a dieta das crianças e dos jovens sob controle e a construir hábitos saudáveis desde cedo.

Os alimentos devem ser introduzidos após os seis primeiros meses de vida, de forma lenta e gradual ; antes disso, o aleitamento materno exclusivo é o bastante para manter o bebê saudável. Por volta do primeiro ano, os pequenos podem se alimentar da mesma forma que o restante da família, com refeições balanceadas com cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e verduras.

Especialistas indicam que a alimentação seja baseada na curva da pirâmide alimentar, na qual é possível observar quantidades adequadas de açúcares, carboidratos, óleos e gorduras. ;É importante desenvolver o cuidado com alimentação da criança desde cedo para que, no estágio pré-escolar e escolar, ela tenha uma noção maior e aceite as opções saudáveis oferecidas tanto em casa quanto na lancheira;, recomenda a pediatra Nathália Sarkis, do Hospital Santa Lúcia e membro titular da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Quem sempre cuidou da alimentação da filha foi a médica Juliana Henriques, 35 anos, mãe de Luiza, de apenas 1 ano e 10 meses. Desde antes do nascimento da menina, a rotina da casa já se adaptava à chegada de um bebê. ;Sempre fui contra o consumo de alimentos industrializados, embutidos, massas e carboidratos. Evitava-os mesmo antes da gravidez. Agora, com a Luíza, apenas continuamos com o costume.;

Logo quando iniciou a alimentação sólida, a pequena criou uma rotina e, por isso, segundo a mãe, ela não sente necessidade de comer besteiras. ;Sempre andamos com as comidinhas dela separadas em vasilhas térmicas. Quando vamos a alguma festa de aniversário, por exemplo, ela vem até mim e pede o jantar. Não come os salgadinhos;, diz. Em casa, só se bebe água natural, do coco e suco integral. ;Incentivar isso agora é a garantia de saúde que ela pode precisar mais para a frente.;

Estudos mostram que algumas doenças da vida adulta, como obesidade, câncer, osteoporose, doenças do coração e diabetes, normalmente, resultam de escolhas alimentares erradas desde a infância. Além disso, uma dieta sem qualidade e em quantidades inadequadas pode resultar na queda da imunidade e até mesmo prejudicar o rendimento escolar em alguns casos.

A pediatra Nathália Sarkis ressalta que, se não for influenciada e educada nesses aspectos, mesmo com a lancheira recheada de proteínas, carboidratos e frutas, a criança não consumirá tais alimentos. ;A lancheira é uma extensão de casa, então, é preciso ter o hábito.;

Foi pensando nisso que a advogada e empresária Iza Garcia, 36, preocupada em criar bons hábitos alimentares em casa e na filha, Bruna Garcia, 6, sempre procurou informações para fazer as melhores escolhas de cardápio para a pequena, tanto em casa quanto na escola. Desde a introdução alimentar, até hoje, as refeições de Bruna são acompanhadas por uma nutricionista. ;Aqui nada é proibido. Priorizamos hábitos saudáveis, mas equilibramos a importância deles também com a leveza, necessária para que o dia a dia seja mais feliz;, afirma Iza.

A rotina familiar é compartilhado por Iza em um blog, no qual a empresária, com a ajuda de uma amiga, passa para outras mães a importância de inúmeros cuidados e hábitos saudáveis para o crescimento dos pequenos. A hashtag #lancheiradabruna, no Instagram, é uma forma que a mãe escolheu compartilhar com os leitores as refeições balanceadas feitas para a filha. ;Eu me preocupo em escolher frutas, proteínas e carboidratos. Sei que na escola ela está em contato com outras crianças que nem sempre têm os mesmos hábitos, então, costumo deixar essa refeição mais livre.; Iza se considera rigorosa em refeições como café da manhã, almoço e jantar. Na lancheira, a mãe opta por frutas, mas também acrescenta lanches especiais, como pipoca caseira, bolos integrais caseiros, iogurte, sanduíches naturais, biscoitos e pães de queijo.

A pediatra orienta que os pais tentem inserir a criança na rotina da cozinha, no preparo de alimentos e na escolha de frutas e legumes no mercado. ;Opte por alimentos coloridos, que chamem a atenção. Cortar verduras e legumes de forma diferente pode deixar a refeição ainda mais divertida. O ideal é ter apresentações diferentes para um mesmo alimento que a criança não gosta muito;, indica Nathália.Uma vasilha rosa com divisão, que separa os alimentos... Ovos, que são nas cores branca e amarela, cenoura da cor laranja, milho que é de cor amarela e tomate cereja vermelho.

Dieta para os pequenos

O programa Vigilantes do Peso desenvolveu um projeto especial para jovens entre 10 e 17 anos. Quem participa, normalmente, é indicado por um médico e acompanhado pelo profissional. ;Estimulamos o emagrecimento pelo programa pró-pontos, em que toda a informação do alimento, nas questões proteínas, fibras e gordura, é calculada e pontuada;, explica o coordenador de nutrição do Vigilantes do Peso, Matheus Motta.

O médico que acompanha o jovem participante traça a curva de perda de peso e decide quantos quilos devem ficar para trás para que se alcance uma faixa saudável. ;Depois que a meta é definida, o emagrecimento é lento, em torno de 450g por mês, uma vez que a dieta não pode ser muito radical para não prejudicar o crescimento e o desenvolvimento da criança ou do adolescente.; Os resultados, segundo o coordenador, costumam ser bastante eficazes quando a mudança de hábito vem acompanhada de transformações em toda a família. ;Os pais têm papel fundamental, assim como as escolas. A conscientização precisa vir de cada um nea busca por um futuro mais saudável;, acredita.

Para a nutricionista do Hospital Brasília Viviane de Oliveira, uma boa alimentação é aquela que mantém o organismo em estado de saúde, ou seja, com ossos e dentes fortes, peso e estatura de acordo com o biotipo, boa disposição, resistência às enfermidades e vontade de se manter ativo. ;É importante envolver a criança no processo de montagem da lancheira. Peça a sua opinião e ajuda para despertar o interesse pela alimentação balanceada.;

A especialista recomenda a preferência de pães, bolos ou biscoitos integrais, multigrãos, de arroz ou de milho, em vez de pães brancos, bisnaguinhas, bolachas recheadas e salgadinhos. Varie as opções de proteínas ; leite, iogurte, queijo branco, ricota temperada, requeijão, creme de ricota, cream cheese, patês caseiros. Os queijos são ótimos para fazer criações ; rolinhos e formatos com moldes de biscoitos.

No caso do pequeno Pedro Henrique Andrade, 5, a alimentação balanceada veio como consequência de problemas de intolerância à lactose e algumas alergias. A mãe, Fernanda Andrade, 35, ao consultar diversos especialistas, descobriu que a mudança seria essencial para o bem-estar e para a saúde do pequeno. ;Quando descobrimos, ele era menorzinho e, mesmo assim, sentiu a mudança nos hábitos. Hoje, é acostumado e sabe o que pode ou não pode comer. Acho que tudo é questão de conversa, de conscientização dos pais.; A lancheira de Pedro é recheada de saúde: iogurtes zero lactose, suco natural e sanduíches com queijo frio.

Os doces, segundo a pediatra, não devem ser introduzidos até os 2 anos. ;O ideal é que o consumo seja no máximo uma vez na semana ou em situações espaçadas;, recomenda a especialista. De acordo com Nathália, uma alimentação balanceada fortalece a imunidade e reduz riscos de diabetes e de alterações nos níveis de gordura do sangue. Uma vida saudável vem acompanhada ainda da constante ingestão de água, que também deve ser influenciada tanto pelos pais quanto no ambiente escolar. ;É uma conscientização para a vida.;

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