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É importante ficar de olho (sempre) na balança do seu cãozinho

Resistir ao olhar de pidão dos cãezinhos com tendência a engordar não é nada fácil, mas ceder pode contribuir para que passem do peso. Obesidade provoca doenças e pode ser fatal

Marília Padovan - Especial para o Correio
postado em 01/10/2017 08:00
Os cuidados com os pets, como banho semanal, roupinhas para proteger do frio, passeios diários e carinho de sobra nunca são demais. O mimo em excesso só se torna um problema quando os tutores passam a querer agradar os cães por meio de petiscos exagerados, um pouquinho mais da quantidade ideal de ração ou até mesmo comidas próprias só para humanos.

A incidência de obesidade animal está seguindo o ritmo de crescimento e gravidade da humana. E o risco de sobrepeso é maior quando a raça do cãozinho tem predisposição para o problema. Dentre as linhagens mais afetadas estão os labradores, golden retrievers, pugs, beagles, dachshunds (salsichinha), rottweilers, basset hounds e buldogues ingleses.

A médica veterinária Lorena Bastos, clínica geral e cirurgiã da Salud Pet, explica que, embora todas as raças estejam sujeitas à obesidade, além do estilo de vida do animal, as particularidades hereditárias também têm grande influência.

Os criadores tendem a realizar cruzamentos de animais para perpetuar certas características, muitas vezes sem se ater aos genes negativos que podem passar junto. O uso de animais consanguíneos, mesmos pais ou mães, é comum nessas práticas, diz Lorena. ;Com isso, muitos problemas genéticos se mantêm, e a obesidade é um deles.;

A beagle Lolla, de 4 anos, vive um dilema com a balança. Há um ano, em uma visita ao veterinário, a cirurgiã-dentista Ariella Oumori, 26, descobriu que a cadelinha estava bem acima do peso ideal, beirando os 20kg. ;Apesar de amigos afirmarem que ela estava gordinha, nunca esquentei a cabeça. Só depois que o veterinário alertou para o problema, comecei a prestar mais atenção e a tomar cuidado;, explica.

Ariella nunca havia pensado que Lolla pudesse ter o transtorno. Mas, quando soube dos riscos que a obesidade oferece, passou a ter cautela quanto aos hábitos da cadela. A ração agora é light e na exata quantidade indicada para a raça e a idade.

Caminhadas divertidas também são frequentes. ;Levamos brinquedos de jogar para ela correr e buscar. Assim, gasta mais energia do que num simples passeio.;

Além disso, sempre que possível Ariella deixa Lolla em um hotel para cachorros, onde eles brincam e correm o dia todo e interagem uns com os outros. Tudo para fazer sua pet gastar bastante energia. Mesmo assim, Lolla ainda está com 17kg, acima do peso ideal ; algo em torno de 8 a 13kg para a fêmea da raça.Lolla passou do peso ideal e Ariella mudou a ração:  comida light, caminhadas e brincadeiras para gastar energia

Sempre alerta

Mas Ariella não vai desistir. Sabe que os cuidados são essenciais para prevenir consequências que prejudiquem o bem-estar e a qualidade de vida da cadelinha. ;Queremos evitar distúrbios como pressão alta, diabetes, doenças cardiovasculares, articulares, respiratórias e muitas outras, como nos foi dito pelo veterinário.;

Toda atenção é pouca e Ariella aproveita para alerta as outras famílias: ;É importante seguir a orientação sobre a quantidade de ração ideal e não oferecer guloseimas que nós comemos, pois o cachorro come tudo que lhe é ofertado;.

Para o médico veterinário e fundador da loja virtual Petlove, Márcio Waldman, a atenção deve ser redobrada quando o cãozinho começa a engordar. Ele ressalta a relevância das consultas médicas. ;As pesagens mensais ou quinzenais do pet são importantes para que haja, caso necessário, uma mudança na alimentação.;

Dentre os hábitos a serem corrigidos, o primeiro passo sempre se resume à troca de ração. ;A normal poderá ser substituída pela ração light ou terapêutica quando o peso do bichinho começar a aumentar. Em paralelo, hábitos saudáveis, como exercício físico, ajudam a evitar a obesidade;, orienta Waldman.

Dobrinhas perigosas

Diversas complicações podem advir da obesidade, direta ou indiretamente. Entre as doenças mais comuns estão os problemas articulares, de pele e diabetes, por exemplo. A médica veterinária Lorena Bastos esclarece que quanto maior o peso, mais força é direcionada às articulações, podendo levar à artrite e artrose.

;Dobrinhas na pele favorecem o crescimento de bactérias e fungos, podendo causar inúmeras infecções;, alerta a médica. Coração, rins, fígado e pâncreas também podem ser afetados pelo sobrepeso. Por terem que sustentar seu funcionamento para uma massa maior, esses órgãos podem acabar sobrecarregados, o que compromete sua função.

Outro problema é a regulação de temperatura. ;A capa de gordura no subcutâneo impede uma apropriada perda de calor do interior para o meio externo, dificultando o resfriamento do corpo do animal e exigindo mais da troca de calor pela respiração. Isso sobrecarrega pulmões e coração;, explica Lorena. Esse problema é mais grave em raças de focinho curto.

De acordo com Lorena, a maioria desses fatores pode levar a óbito. Muitas vezes o tutor ou o veterinário não associam a doença diagnosticada com a obesidade, o que pode fazer com que o distúrbio não seja tratado como uma alteração grave. A servidora pública Evelaine Rocha, 36, quando se interessou pelos pugs, logo soube da fama de gulosa da raça.

Assim, desde o primeiro momento, fez questão de acompanhar de perto o peso da dupla Mooby, 6 anos, e Romeu, 4. ;Desde pequenininhos observo o peso dos dois e percebo que basta qualquer descuido para que ele suba rapidamente.; A dieta é o foco principal para controlar qualquer alteração. A ração é light, com redução de gorduras. Petiscos de humanos? De maneira alguma!

Evelaine aponta outros cuidados importantes. ;Faço questão que eles mantenham uma rotina de atividade física que inclui dois ou três passeios em horários menos quentes, para respeitar a respiração, pois são cães com certa dificuldade para respirar.;

Pesando 8,2kg e 7,9kg, Mooby e Romeu ainda estão dentro do peso ideal, que varia entre 6 e 9kg. Porém, qualquer vacilo pode provocar sobrepeso. ;O veterinário disse que, para o tamanho deles, os dois estão na média. Mas esse é o limite, não pode aumentar mais.;

Mooby e Romeu estão sempre em volta da mesa e pedindo petisco. Mas a servidora pública resiste às carinhas de pidão. ;Quem ama cuida. Ressalto que é essencial não deixar os pets fazerem a nossa cabeça. Eles são como crianças e não sabem o mal que determinadas coisas podem lhes causar. Cabe aos tutores determinar isso.;Mooby vive em volta da mesa pedindo petiscos:   controle  do peso para prevenir doenças

Alerta contra o sobrepeso

  • Se engordarem demais, os cães podem ter problemas de pressão alta, diabetes, doenças cardiovasculares, nas articulações, e muitas outras. Veja os principais cuidados para prevenir riscos:
  • Dar apenas a quantidade de ração recomendada para o tamanho e idade.
  • Controlar os petiscos; agrado, só na hora certa.
  • Pesar o pet com tendência à obesidade todo mês ou a cada quinzena, para adequar a alimentação.
  • Levá-los para passear e praticar exercícios para que gastem energia.



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