Marília Padovan - Especial para o Correio
postado em 05/11/2017 08:00
Popularmente conhecido como zumbido, o tinnitus ou acúfeno é semelhante ao som de apito, cachoeira ou mesmo de uma cigarra, e chega a incomodar 28 milhões de brasileiros de diferentes idades. É provável que, em algum momento da sua vida, você ouça esse famoso barulhinho.
O som, por si só, não é uma doença, mas pode representar um sinal de que algo não vai bem com a saúde auditiva. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que o problema afeta 280 milhões de pessoas no mundo.
Trata-se de um som que é percebido pela pessoa quando nenhuma fonte externa o produz ; uma espécie de barulho fantasma, que surge em algum ponto da via auditiva e se estende até o córtex auditivo, no cérebro.
Os sons são avaliados nas áreas subcorticais do sistema nervoso central. Quando não são considerados importantes, acabam descartados e não os percebemos. É o que acontece, por exemplo, com algum barulho de fundo no ambiente, como de um ar-condicionado. Mas, se considerados relevantes, os sons são conduzidos até o córtex para serem percebidos de forma consciente. É o processo que ocorre com o zumbido.
De acordo com o responsável técnico pela otorrinolaringologia da Rede D;Or, Márcio Nakanishi, o zumbido é apenas um sintoma, como a febre e a dor. Não se trata de uma doença. ;Ele pode ser indício de algum outro problema que, na maioria dos casos, é algo nada grave;, diz o médico. ;Mas é essencial que a causa do som constante seja detectada.;
Classificado em transitório ou persistente, na segunda opção o zumbido apresenta-se em 17% da população. Em até 20% dos casos diagnosticados, pode ser considerado severo, o que representa grande impacto na qualidade de vida do paciente. Segundo a American Public Health Agency, é o terceiro sintoma que mais causa incômodo, perdendo apenas para dores e tonturas intensas.
A lista de possíveis causas é longa e engloba fatores determinantes, como bruxismo, transtornos da mastigação, alterações musculares, cardiovasculares e neurológicas, distúrbios psiquiátricos e até tumores na via auditiva. O risco de algo mais grave surgir a partir do zumbido pode ser zero, em casos como acúmulo de cera, explica Nakanishi. ;Mas uma infecção no ouvido pode se espalhar para outros lugares;, alerta.
A recomendação é procurar ajuda médica logo nos primeiros sinais. ;É essencial que um profissional seja consultado, para que a causa do problema seja estudada e solucionada o quanto antes;, orienta Nakanishi.
Como se manifesta em condições diferentes, o tratamento deve ser individualizado. Em casos relacionados à perda auditiva, um dos tratamentos mais utilizados para aliviar o desconforto do zumbido é a reabilitação com uso de aparelhos auditivos.