Sibele Negromonte
postado em 10/12/2017 08:00
Currywurst, schnitzel, sauerkraut, boulette, eisbein, apfelstrudel. Se você não tem nenhuma familiaridade com a língua alemã ou não encontrar um cardápio com tradução em inglês em um restaurante de Berlim, provavelmente terá dificuldades para fazer o pedido. Claro que há uma grande possibilidade de encontrar um garçom que desenrole o inglês, sem falar que a boa e velha mímica não deixa ninguém passar fome.
Os pratos que citei acima nada mais são que linguiça ao curry, bife à milanesa, chucrute, almôndega, joelho de porco e torta de maçã, respectivamente ; alguns dos mais populares na Alemanha e, sim, bastante consumidos pela população local.
Antes de embarcar pelo mundo gastronômico de Berlim, é preciso ter em mente alguns detalhes. Carne por lá é sinônimo de suína, ou seja, as linguiças, os bifes e as almôndegas são feitos à base de porco. Caso sejam preparadas com carne bovina, tal ingrediente estará especificado e custará mais caro.
As famosas linguiças alemãs são encontradas com fartura em cada esquina, mas, se você está em Berlim, fique atento a uma específica, a currywurst, que se tornou uma espécie de cartão de visitas da gastronomia da cidade. Isso porque, tradicionalmente, as linguiças vêm acompanhadas de mostarda, mas diz a lenda que, no pós-guerra, Hera Heuwer, dona de uma lanchonete de Berlim, diante da falta do insumo, criou um molho com ketchup e curry que conquistou a clientela.
A currywurst vem acompanhada do molho e de batatas fritas. Não deixe de prová-la, de preferência acompanhada de uma boa cerveja. Se prefere não sair do tradicional, é possível provar outros tipos de linguiças acompanhadas de mostarda e chucrute. Aliás, sobre o chucrute, além do tradicional, preparado à base de repolho branco e bastante ácido, há uma outra receita feita com repolho roxo, o rotkohl, bem mais adocicada.
Atração à parte
Outra curiosidade sobre a cozinha alemã é a quantidade de batata consumida pela população. Frita, assada, cozida, em forma de bolinhos, elas servem de acompanhamento para muitos pratos. Assim como os molhos de cogumelos, que podem, por exemplo, acompanhar o schnitzel (bife à milanesa bem fininho e crocante) e a boulette (almôndegas de porco ou misturada com carne bovina).
Nesta época do ano, uma atração à parte são os mercados de Natal, os weihnachtsmarkt, bastante tradicionais em toda a Alemanha. Só em Berlim há dezenas deles espalhados por toda a cidade, alguns com várias atrações, e outros, mais simples. Uma coisa é certa: as espécies de feirinhas, repletas de barraquinhas de comida, de artesanato e, claro, de produtos natalinos, são disputadíssimas.
Além de uma farta variedade de comida de rua, incluindo as salsichas, os crepes e os racletes, as bebidas são outra grande atração. Especialmente o glühwein, uma bebida típica desta época do ano feita com vinho quente, canela em pau, cravo, alguma fruta cítrica e açúcar ; um reconforto para quem está enfrentando um frio abaixo de zero.
A canequinha em que a bebida é servida é outro charme. Ela vem com o nome do weihnachtsmarkt e, caso queira, pode levar para casa. Basta não retirar o depósito de 4 euros que você faz no momento em que compra a primeira bebida.
Uma visita obrigatória é ir a uma das cervejarias concentradas, principalmente, no bairro de Alexanderplatz. Eu fui a duas casas: a Hoffbrau, talvez a mais disputada da cidade, apesar de ser originária de Monique, e a Brauhaus Lemke, uma das cervejas artesanais mais antigas de Berlim. Se for no jantar ou durante o fim de semana, é recomendável fazer reserva, pois, apesar de serem restaurantes enormes, eles costumam lotar. E, garanto, não é nada agradável ficar aguardando em uma fila do lado externo quando a temperatura está bem baixa.
Em ambas as casas, apesar de frequentadas por muitos estrangeiros, a comida é muito gostosa e a preços bem convidativos, ou seja, não é armadilha para turista. Os pratos executivos da semana, por exemplo, saem em média a 6 euros. E são muito bem servidos.
Foi na Hoffbrau, que tem música típica alemã ao vivo, que provei o joelho de porco assado e crocante ; o mais gostoso que já comi. Detalhe: lá, o menor copo de chope tem meio litro. Não é à toa que, depois de algumas doses, a animação corre solta e até Ai se eu te pego, de Michel Teló, começa a ser cantado a plenos pulmões pelos próprios alemães.