<div style="text-align: justify">Entre as cinco mais poluentes do mundo, a indústria da moda tem sido pressionada a mudar de rumo quando se trata de produção em grande escala. As fast fashion, ou lojas de moda rápida, funcionam como os restaurantes de fast food: vendem mais por menos. Apesar de esse modelo de confecção ter um lucro mundial de cerca de US$ 18 bilhões por ano, ele afeta diretamente o meio ambiente e a sociedade. Nesse contexto, ativistas e profissionais visionários se unem para tentar mudar o cenário.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Em Brasília, três amigos se juntaram para tirar do papel o desejo de espalhar o conceito de roupas sustentáveis e agêneros. Anderson Falcão, Dayanne Holanda e Gioconda Bretas abriram, recentemente, a Armária, uma loja que vende peças de sete marcas brasileiras, todas comprometidas com a causa sustentável. ;Realizamos uma curadoria com possíveis fornecedores. Entre os critérios de escolha estão a responsabilidade ambiental e social, ou seja, respeito a toda a cadeia produtiva;, explicam.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">A Armária também é adepta do slow fashion e acredita que ele exerce potencial de mudança na indústria. A ideia do movimento é produzir em pequena escala, em menos coleções. Ou seja, as peças costumam ser atemporais, pois não seguem tendências sazonais a todo custo. Sendo assim, diminui-se a produção e reduz-se os impactos ambientais.</div><div style="text-align: justify"><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2017/12/10/646537/20171208144029465122a.jpg" alt="A loja Armária é propagadora de uma moda sustentável e agênero" /><br /></div><div style="text-align: justify">Dayanne acrescenta que não só as roupas, mas toda a estrutura e o mobiliário do espaço têm caráter sustentável. ;Nossos móveis são antigos, ou de antiquários ou de pessoas que estavam vendendo pela internet. Nossas cortinas, paredes do provador e ecobags foram costuradas pela Associação Mãos que Criam, das costureiras da Estrutural.;</div><h3>Nas telas</h3><div style="text-align: justify">O documentário The true cost, de Andrew Morgan, mostra que o problema não está só no processo de produção do vestuário, mas também na principal matéria-prima que abastece a indústria têxtil: o algodão. O uso de pesticidas e agrotóxicos nas plantações tem causado impactos degradantes no solo, no ar e na saúde de quem planta e colhe.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">A norte-americana Larhea Pepper, responsável por uma plantação de algodão no Texas, nos Estados Unidos, argumenta, no longa, que não adianta as pessoas só defenderem comidas orgânicas, por exemplo. A roupa que elas usam, muitas vezes, pode não ter origem orgânica, visto que cerca que 3,6 milhões de hectares de algodão, apenas nos EUA, são geneticamente modificados.</div><h3 style="text-align: justify">Buscando mercado</h3><div style="text-align: justify">Para lojistas e designers que se interessam pela causa, é necessário conhecer o público que consome a moda sustentável. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) dá algumas dicas de como alcançar os clientes.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">1 - Busque entender o seu cliente, procurando saber o que ele busca na hora da compra.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">2 - Procure fornecedores que ofereçam produtos confeccionados com matéria-prima ecológica, tais como borracha reciclada de pneus para a confecção de sandálias, sapatos e cintos e tecidos feitos a partir de garrafas plásticas pet, algodão reciclável e algodão orgânico.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">3 - Ofereça peças artesanais em mix de produtos.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">4 - Valorize o seu produto aliando o artesanato à conscientização ambiental, envolvendo comunidades de baixa renda e disseminando esforços para conservação dos recursos naturais.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">5 - Invista em produtos confeccionados com resíduos de indústria, como sobras de retalhos.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">6 - Trabalhe uma boa comunicação, que destaque o valor do produto.</div><h3 style="text-align: justify">Na prática</h3><div style="text-align: justify"><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2017/12/10/646537/20171208144437402240a.jpg" alt="Herman Bessler é um dos cofundadores do movimento Malha" />Nessa pegada sustentável, surgiu a Malha, movimento que defende uma nova maneira de pensar, produzir e expressar a moda, tanto no sentido estético quanto comportamental. A iniciativa tem como sede um galpão industrial em São Cristóvão, no Rio de Janeiro, e faz ações em todo o Brasil para conectar criadores, empreendedores, produtores, entusiastas e consumidores na defesa de uma moda que dialogue pacificamente com o meio ambiente e a população.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Herman Bessler, um dos cofundadores, explica que a Malha tem o objetivo de ensinar marcas a impactar o ambiente e a sociedade com uma moda sustentável, colaborativa, inovadora e independente. ;Temos uma quantidade grande de conteúdo aberto e gratuito relacionado à moda sustentável. Difundimos esse conteúdo de diversas maneiras, em eventos, relatórios e mídias sociais;, relata. ;É importante perceber que a sustentabilidade vem em quatro dimensões: ambiental, social, cultural e econômica. A integração disso tudo é que faz a moda sustentável.;</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Contudo, Bessler ressalta que ter os quatro fatores atuando simultaneamente em um empreendimento é inviável até então. ;Nem uma marca hoje no Brasil é totalmente sustentável nas quatro dimensões. Isso não é possível ainda. Mas nós achamos importante ajudar a fazer essa transição.;</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">De olho no futuro, Bessler acredita que a realidade entre moda e meio ambiente já está mudando por parte, sobretudo, dos consumidores. ;Conforme os compradores se tornam ativos no processo, eles querem conhecer o modo de produção: saber quem fez a roupa, do que ela é feita. Isso vira um incentivo para que os produtores façam essa transição. Essa etapa, que hoje ainda é considerada de nicho, está cada vez mais se tornando um procedimento de massa, o que é extremamente positivo.;</div><h3>Marcas engajadas</h3><div style="text-align: justify">Grifes de renome nacional e internacional têm levantado a bandeira a favor da preservação ambiental. Conheça algumas delas:</div><div style="text-align: justify"> </div><div style="text-align: justify"><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2017/12/10/646537/20171208144016758166e.jpg" alt="Jaqueta bomber da Farm (R$ 298). A Farm criou o projeto re-Farm: o primeiro com foco em sustentabilidade e reaproveitamento de matéria-prima. A ideia resultou em diversos coletivos, incluindo o lançamento de uma linha exclusiva de jaquetas bomber, feita por meio de reutilização de tecidos da própria marca e de outras marcas envolvidas do grupo SOMA, como Animale, A.Brand, FYI, Foxton e Fábula. A Farm também tem a meta de parar com o descarte de resíduos têxteis em aterros sanitários e continuar a retorná-los para a cadeia produtiva." /></div><div style="text-align: justify"><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2017/12/10/646537/20171208143625551916i.jpg" alt="Relógio Seamaster (preço sob consulta). Em parceria com a Fundação Good Planet, a marca de relógios criou um programa que visa proteger e despoluir os oceanos. Parte da receita da venda do modelo Seamaster Planet Ocean 600M, por exemplo, ajuda a financiar dois projetos de conservação oceânica na Indonésia." /></div><div style="text-align: justify"><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2017/12/10/646537/20171208143735215178o.jpg" alt="Creme anti-idade Orchideé Imperiale da Guerlain (R$ 2.230). A maison francesa Guerlain escolheu atuar no mercado com sustentabilidade. A marca é a primeira empresa de cosméticos e fragrâncias a ser certificada pelo Ecocert por compromisso de biodiversidade e clima. Atualmente, 95% dos frascos de perfume são recicláveis. Além disso, a maison se comprometeu a diminuir, até 2020, em 50% a emissão de gás carbônico e a assinar produtos completamente ecossustentáveis." /></div><div style="text-align: justify"><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2017/12/10/646537/20171208143833296939a.jpg" alt="Biquíni da BlueMan (R$ 118, cada peça). Pioneira nos biquínis denim, a BlueMan lançou uma minicoleção de moda praia, junto à marca AHLMA, com quatro modelos feitos de jeans reciclado. Com inspiração oitentista, a produção das peças foi feita com 80% a menos de água, impacto positivo no ambiente, já que a indústria jeans é uma das mais poluentes. Na composição das peças, também há resíduos têxteis descartados pela indústria." /> </div><div style="text-align: justify"> </div><div style="text-align: justify">* Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte </div><div style="text-align: justify"><br /></div>