<div style="text-align: justify">De repente, um clarão. E dois questionamentos insistentes: qual o sentido da vida? Só existe coisa ruim no mundo? Iara Xavier, 37 anos, e Eduardo Xavier, 49, não estavam fazendo nada de diferente, mas algo, talvez uma intuição, inspirou uma mudança. A sugestão veio de Iara. Simples como chamar para ir à padaria, ela convidou Eduardo para viajar cinco anos pelo mundo em busca de pessoas que fazem a diferença onde vivem. Gente que faz o bem sem esperar nada em troca. Em resposta, simples como dizer sim para um cineminha, Eduardo aceitou.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Já são mais de 405.628km ; quase 10 voltas ao mundo ; e 1.599 projetos conhecidos e catalogados no livro Caçadores de bons exemplos, em sete anos de viagens pelo Brasil. Mas, espera aí, não seriam cinco anos? E também em outros países? ;O brasileiro valoriza muito o que vem de fora, mas precisamos olhar para nós. Percebemos que a mudança tem que ser de dentro para fora. Existem muito mais pessoas boas do que o contrário. E precisamos falar delas para inspirar outras boas ações;, explica Iara.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Era 2008, quando ela teve o que chama de insight ; um estalo, intuição. Iara e Eduardo seguiam para a casa dos pais dela, no interior de Minas Gerais, quando decidiram que a missão começaria em janeiro de 2011. ;Queria saber de gente que pensa no coletivo e não apenas no próprio umbigo. Era uma questão de mudar não só a vida do casal;, diz ela. ;Seria uma transformação pessoal, mas capaz de mudar outras vidas também.;</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">As histórias estão no livro, relançado recentemente. Gente do Brasil tem convencido o casal de que vale a pena ser brasileiro. Como uma ex-faxineira de Brasília, que criou o projeto Despertar Sabedoria, para resgatar crianças e jovens das drogas e violência. Em um barraco de apenas 18 metros quadrados, Margarida atende 62 crianças, com reforço escolar e aulas de cidadania, e ensina os alunos mais velhos a virar monitores dos mais novos.</div><h3 style="text-align: justify">Caminho certo</h3><div style="text-align: justify"><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2017/12/31/650519/20171229165230186983e.jpg" alt="Iara e Eduardo equiparam o carro para a expedição: buracos, falta de estrutura e medo não afastaram o casal da meta" />No interior do Amazonas, um adolescente de 14 anos provou ao casal que, mesmo difícil, o caminho escolhido era o melhor. ;Ele me perguntou se a gente morava naquele carro e o que a gente fazia. Resumi que estávamos cansados de ouvir notícia ruim e procurávamos pessoas que estão mudando o mundo para contar isso a outras pessoas e elas se motivarem a também mudar;, lembra. A reação do menino surpreendeu Iara.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">;Bom, se o maior tesouro que o ser humano tem é a informação, e se vocês estão divulgando essas notícias do bem gratuitamente, então vocês estão distribuindo tesouros. Não conheço ninguém tão rico como vocês;, disse o garoto. Iara chorou, o abraçou e foi contar ao marido. Aquilo amenizava todas as dificuldades, como a lama e os buracos pelas estradas, o medo, a falta de estrutura, as dúvidas. ;Disse a Eduardo que nada de mau nos aconteceria, o menino me deu a certeza de que estávamos no caminho certo.;</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O emprego ; ambos são administradores de empresa ;, a casa? Tudo ficou em Divinópólis, interior de Minas. Um capítulo do livro foi reservado para contar como fizeram para se manter. Eles venderam tudo. Restou o carro. Não tinham patrocínio. O dinheiro, gasto com responsabilidade, acabou em janeiro de 2013, dois anos após iniciarem o projeto. Pensaram em financiar o carro, pagar as mensalidades e, no fim do ano, vendê-lo. ;Pelo menos viveríamos mais 12 meses na estrada.;</div><h3 style="text-align: justify">Combustível</h3><div style="text-align: justify">Nove meses depois, a dívida foi quitada sem precisar vender o carro. Iara e Eduardo foram convidados para participar do quadro Agora ou Nunca, do Caldeirão do Huck. E ganharam R$ 30 mil. ;Foi um combustível para continuarmos. Ganhamos um prêmio que simbolizava um presente do universo;, diz Iara, no livro. O programa foi em 28 de outubro, dia do aniversário dela.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Eles ganharam ainda um VW Delivery, uma espécie de caminhãozinho, que venderam. Para se manterem até hoje, muita solidariedade pelo caminho. ;Dependemos das pessoas que encontramos. Cada um nos acolhendo com aquilo que tem de melhor: almoço, jantar, quem é dono de posto abastece o carro. Hotéis nos acolhem, pessoas nos convidam para ficar na casa delas;, detalha Iara.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">As dificuldades fortaleceram a relação e os objetivos do casal. ;Somos humanos, a todo momento temos medo da falta de dinheiro, entre outros temores. O medo é essencial. Do contrário, pularíamos de uma montanha, achando que somos super-homens;, diz ele. ;A diferença é que resolvemos viver o melhor presente que temos: o presente. Você pode dormir hoje e amanhã não acordar. Portanto, viva o hoje. Isso não significa ser inconsequente. Pelo contrário, é viver a vida com significado;, resume.<img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2017/12/31/650519/20171229165225684857u.jpg" alt="Chegada ao Acre: pesquisa para descobrir quem faz boas ações é feita nas ruas, com a população" /></div><h3 style="text-align: justify">Termômetro</h3><div style="text-align: justify">Como chegar aos bons exemplos? A estratégia do casal é a voz das ruas. ;Você conhece alguém que faz a diferença por aqui? Alguém que faz algo de bom para o próximo, que quer melhorar a vida de todos?; Nunca recorreram à internet. No interior de Mato Grosso, o exemplo vem de uma cidade de nome sugestivo, Sorriso. Acusado de ser traficante, usuário de drogas e cafetão, Cléuvis encontrou o rumo certo para a vida dentro da penitenciária. Um simples e apertado abraço o fez se lembrar da infância carente de amor.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Até então julgado pelo que fizera de ruim, o homem decidiu se voltar para o bem. Depois de quitar a dívida com a Justiça, criou a Associação Mãezinha do Céu, que atende mais de 150 crianças no contraturno escolar. Cléuvis e a esposa, marcados por uma triste história, decidiram fazer a diferença na vida das pessoas. Passaram a ajudar crianças e jovens a ficar longe das drogas, enquanto se autoajudavam a se reerguer.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Iara e Eduardo acreditam que ninguém precisa esperar ter tempo para fazer o bem. ;É preciso coragem. A vontade de fazer a diferença precisa ser maior do que as desculpas que inventamos. Sensibilizada com os problemas do mundo muita gente é. Mas o bom exemplo é quem deixou de ser só incomodado e virou mobilizador em busca de solução;, compara Iara.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O casal criou um canal diário no YouTube, sempre às 20h, para espalhar as ;pílulas de bons exemplos; que encontraram pelo caminho ; histórias como a de Marcelo e Maria Luiza, de Londrina, no Paraná, que não tiveram filhos biológicos, mas formaram uma família linda, a Galera de Deus ; Escola de Valores. Começaram distribuindo alimentos, mas, ao conhecer as famílias, perceberam que os problemas iam muito além.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Para ajudar a acabar com um dos mais graves ; a evasão escolar ;, Marcelo e Maria Luiza passaram a doar mochilas, calçados e material escolar para crianças e jovens. Tudo para que não abandonassem os estudos. O casal paranaense atende cerca de 100 crianças do projeto e outras 300 de escolas públicas, com aulas de reforço, oficinas de informática, contações de histórias, passeios e brincadeiras. E fornece refeições às famílias, na esperança de contribuir para um mundo melhor.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Em busca de novos exemplos, Iara e Eduardo terminam o ano em São Paulo e começam o trabalho de 2018 no Rio de Janeiro. O próximo passo é gravar um minidocumentário sobre a expedição. Se eles pensam em parar? Não. ;Em 2018, voltaremos às capitais e formaremos multiplicadores;, prometem.</div><h3 style="text-align: justify">Por um mundo melhor</h3><div style="text-align: justify">https://www.cacadoresdebonsexemplos.com.br/</div><div style="text-align: justify">Facebook: /cacadordebomexemplo</div><div style="text-align: justify">Instagram: @cacadoresdebonsexemplos</div><div style="text-align: justify">Twitter: /cacadoresdobem</div><div style="text-align: justify">E-mail: contato@cacadoresdebonsexemplos.com.br</div>