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É importante ficar de olho nos riscos do verão para a saúde da mulher

Estender o tempo com o biquíni molhado para aproveitar melhor os programas do dia pode custar caro. Hábito favorece a proliferação de fungos e bactérias, que pode evoluir para infecções

Camila Costa - Especial para o Correio
postado em 07/01/2018 07:00
O verão é um convite quase obrigatório às praias e piscinas. E, muitas vezes, a uma inevitável esticadinha em um restaurante, barzinho. Apesar de parecer inofensivo, o hábito de ficar com roupas molhadas pode trazer prejuízos para a saúde da mulher. Longos períodos com o biquíni molhado podem levar a processos infecciosos da região íntima. Um dos mais conhecidos é a candidíase vulvovaginal.
Mais comum do que se imagina, a doença atingirá de 75% a 80% das mulheres em algum momento da vida. Para passar por esta estação com a saúde em dia e sem desconfortos, cuidados simples como o uso de calcinhas de algodão, manter a área íntima seca e evitar roupas muito justas podem salvar o seu verão.
As vaginoses ou vaginites, nomes dados ao grupo de infecções da região íntima da mulher, gostam, sobretudo, de umidade e calor. Esse é o ambiente perfeito para a proliferação dos fungos e bactérias. Isso mesmo, proliferação. Isso porque toda mulher tem o fungo do gênero cândida. No entanto, ele se torna sintomático, originando a candidíase, apenas quando se reproduz intensamente dentro do organismo.
;A mulher não adquire a candidíase. O fungo está ali quieto. Quando encontra um ambiente propício para se proliferar, principalmente, porque se alimenta da secreção vaginal, é que aparecem os sintomas, como coceira, ardência, às vezes, escoriações, o que gera um quadro de emergência médica ginecológica;, explica a ginecologista e obstetra Lauriene Pereira.
Outra infecção comum nesse período é a vaginose bacteriana, por gardnerella vaginalis. Provocada por uma bactéria, a vaginose surge pelos mesmos motivos da candidíase, entretanto, apresenta sintomas diferentes. Presente habitualmente no organismo dos seres humanos, a bactéria se desenvolve em grandes proporções a partir de um desequilíbrio da flora vaginal, fazendo com que a concentração de bactérias aumente.
;Além do calor e da umidade, que ajuda na proliferação, a alimentação aparece como um fator relevante. Cardápio rico em carboidrato e açúcar também favorece esse desequilíbrio. Por isso, é importante estar atenta não só ao biquíni molhado, ao suor na calcinha, mas também ao que está comendo nesse período;, indica Lauriene.
As infecções fúngicas se diferem também na questão do pH. A escala para todas mulheres é o pH entre 4,5 e 5, considerado ácido. É essa escala de pH que mantêm ; ou não ; a região íntima saudável, com a defesa natural em dia, livre de infecções. A candidíase se prolifera no desequilíbrio do pH vaginal ácido, enquanto a vaginose se desenvolve na escala mais alcalina.
Antibióticos, relações sexuais, doenças crônicas e uma dieta rica em gordura e carboidrato podem interferir no pH vaginal. ;A dica para essa época do ano está muito relacionada com a regra geral da vida. Evitar excessos. Ter cuidado com a roupa úmida, claro, porque há um aumento significativo da predisposição;, afirma o ginecologista e obstetra Luiz Fernando Petrucce.
Outra recomendação importante é evitar os sabonetes antibacterianos, que prometem matar todas as bactérias. De acordo com Petrucce, eles matam as ruins, mas também matam as boas, que são essenciais para o funcionamento saudável da vagina. ;Pode usar sabonete íntimo, mas dê preferência para os que não interferem no pH vaginal normal;, recomenda o ginecologista.

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