André Baioff*
postado em 15/01/2018 17:19
Mesmo marcado por muita chuva, o verão de Brasília não fica livre dos momentos de forte calor. Por isso, é bom os tutores ficarem atentos aos horários certos de passear com os bichos, e sempre deixarem água em abundância para mantê-los hidratados. Além disso, é importante ter cuidado com certos tipos de alimentos. Conforme a raça, a atenção deve ser redobrada. Caso dos cães de focinho curto ; os braquicefálicos, como o pug e o buldogue.
A principal recomendação dos especialistas é evitar horários de pico do sol. O horário ideal é antes das 10h e depois das 16h, ainda assim, em lugares protegidos dos raios solares. Tudo para evitar, também, que os coxins ; tipo de almofadinhas que eles têm nas patas ; não queimem no chão. ;Esse é um problema muito comum nesta época. Aconselho dar preferência a passear na grama;, orienta a médica veterinária Erika Abrantes de Almeida.
Tutora do maltês Mr. Pupi, de 5 anos, a analista de sistemas Izabel Fernandes segue as recomendações à risca. Ela passeia com o pet duas vezes por dia, de manhã e à tarde. Nos fins de semana, as caminhadas são mais longas. Mas, nos dias de extremo calor, nada de sair. Como a raça é mais sensível, ela redobra os cuidados nos períodos de altas temperaturas, para que o animalzinho não sinta tanto impacto do clima.
;Dou preferência em andar de bike com ele na cestinha acoplada na frente do guidão;, conta Izabel, que leva um kit com água natural e água de coco gelada para hidratar Mr. Pupi. Se o passeio é a pé, ela verifica se o chão está tranquilo para ele caminhar. E, quando chega em casa, novos cuidados: é hora de lavar as patinhas e escovar os dentes dele para checar se está tudo bem.
A sensibilidade dos bichos em relação ao calor varia de acordo com a raça, observa Erika. Especialista em medicina veterinária intensiva, ela afirma que alguns cães são mais suscetíveis às queimaduras dos coxins. Outros já são bem mais resistentes, como o pastor alemão, o pastor belga malinois, o boiadeiro australiano, e os fiéis vira-latas. ;Apesar de a resistência ser algo notável nesses animais, ainda assim, devemos ter as mesmas preocupações referentes ao piso quente;, reforça.
Erika também sugere que os cãezinhos não usem sapatos, para não perder a sensibilidade nas patas. Segundo ela, existem outras opções, como os protetores feitos de borracha, que são bem finos e protegem os coxins de pisos quentes, resguardando a sensibilidade das patas. ;Os animais que possuem os coxins rosados são extremamente sensíveis às altas temperaturas do solo. Isso pode ser uma ótima opção.;
Resistência
A vira-lata Princesa, da médica veterinária Catherine Lara dos Reis Rocha, 26 anos, foi resgatada quando ainda era filhote, nas proximidades da cidade mineira de Unaí, onde o avô dela é fazendeiro. ;Meus pais não gostaram muito da ideia, mas logo se apegaram. Hoje, também são apaixonados por ela e sempre que vão passar o fim de semana na fazenda a levam junto;, conta orgulhosa.
Como a dona é veterinária, a cachorrinha já é cuidada em casa. Na época do verão, Catherine muda os horários dos passeios e brincadeiras ao ar livre, que costuma fazer nos intervalos do almoço, para os períodos mais frescos do dia. Outro cuidado de que ela não abre mão é aplicar remédios antipulga e anticarrapato, cuja incidência aumenta nesta época do ano.
Entre os felinos, os problemas que vêm com o verão são menores, já que eles costumam se lamber mais e, assim, resfriam o corpo. Mas, como os cães, eles também ficam ofegantes. Em algumas raças, como persa e maine coon, é aconselhável a tosa no período de maior calor. Mas não é regra, diz Erika. ;Alguns apresentam uma adaptação incrível às mudanças de temperatura e geralmente não é necessária a tosa.; É o tutor quem deve avaliar se precisa, de acordo com o comportamento do animal.
O mesmo não acontece com os cães de focinho amassado, como os pugs, shih-tzu e outros braquicefálicos. Especialistas alertam que os cuidados com eles em épocas de calor devem ser intensificados. ;Com todos os animais devemos ter cautela. Porém, raças braquicefálicas sofrem mais;, alerta Erika. Isso acontece porque raças com essa característica já têm dificuldade natural de respiração.
Quando o ar está quente, a temperatura do corpo pode ultrapassar os limites fisiológicos que permitem a troca de calor com o ambiente. Nos cães, essa troca é feita através da respiração, e, com o focinho mais curto, essas raças têm mais dificuldades. O fenômeno, chamado de intermação, pode levar os bichos a óbito. Os tutores devem evitar que fiquem expostos ao sol e em lugares abafados.
Raças com pelagens longas e originárias de países frios, como husky siberiano, são bernardo e terra nova, também tendem a não se sentir bem com o calor. Isso porque têm dificuldade em trocar calor com o ambiente. ;Em seus lugares de origem, onde faz frio, a pelagem retém calor com mais facilidade, para manter a temperatura corpórea ideal;, explica a médica veterinária Carla Storino Bernardes.
Na dose certa
Muitos tutores optam pela alimentação preparada com ingredientes naturais, sem uso de ração industrializada.
Se escolher a comida natural para o verão, o tutor deve consultar um nutricionista veterinário para receitar a dieta balanceada, que deve respeitar a necessidade de cada animal.
Para os que preferem ração, recomenda-se as do tipo superpremium, pela melhor seleção e qualidade dos ingredientes.
Assim como na alimentação natural, no caso das rações secas e úmidas, é importante definir com o veterinário a quantidade específica para o animal. Isso vale tanto para cães quanto para gatos.
Assim como os humanos, os bichos desidratam com facilidade em dias muito quentes. O recomendado é oferecer frutas como melancia, pera, manga e banana.
Para os animais que têm dificuldades de tomar água com frequência, uma alternativa para hidratá-los é dar água de coco.
Agradecimentos
Cobasi
Site: cobasi.com.br
Pookie Veterinária
Site: pookiepet.com.br
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* Estagiário sob supervisão de Valéria de Velasco, especial para o Correio