Responsáveis por permitir os primeiros passos da fertilização humana, as trompas — também chamadas de trompas uterinas, tubas uterina ou trompas de Falópio — são estruturas tubulares que recolhem o óvulo libertado na ovulação, levam o espermatozoide até ele, e conduzem o óvulo fertilizado ao útero. Por isso, todo cuidado é pouco. Problemas nessa região podem causar infertilidade no auge da vida reprodutiva das mulheres.
Cerca de 35% dos casos de infertilidade feminina estão relacionados a doenças, obstruções e complicações nas trompas, explica o ginecologista José Gomes de Moura Neto, do Hospital Anchieta. “A Doença Inflamatória Pélvica (DIP) é, sem dúvida, a causa mais comum de infertilidade decorrente de fator tubário, além de outras causas, como endometriose e obstruções”, alerta.

A DIP é causada pelas bactérias chlamydia trachomatis e neisseria gonorrhoeae e faz parte do grupo de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), que surge em pessoas sexualmente ativas que não fazem uso de contraceptivos, com ou sem parceiros fixos. “O diagnóstico é muito difícil, já que não existem sintomas específicos”, ressalta José Gomes.
Alguns sinais de obstruções tubárias podem surgir em forma de dores ou incômodos na região abdominal. O diagnóstico é por meio de um exame radiológico — a histerossalpingografia. Outra patologia, porém rara, é o câncer de trompas, presente em 0,1% a 0,5% dos cânceres ginecológicos. Geralmente, ocorre em mulheres na faixa dos 55 anos de idade, e a maioria, segundo José Gomes, “são lesões metastáticas de outros sítios”.
A ginecologista Marina Wanderley Paes Barbosa, que faz parte da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), afirma que, no caso de pacientes com infertilidade por problemas nas trompas, é indicada a fertilização in vitro, que consiste no uso de hormônios para induzir a ovulação e a captura dos óvulos, com uso de ecografia transvaginal. “A fertilização é realizada no laboratório, e o embrião formado é inserido diretamente na cavidade uterina”, explica.
* Estagiário sob supervisão de Valéria de Velasco, especial para o Correio