Juliana Andrade
postado em 25/02/2018 07:00
Eles são fofinhos, amam uma tigela de ração e a soneca é a atividade preferida. Os gatos acima do peso esbanjam simpatia e é difícil não querer apertá-los. Mas é preciso ficar em alerta, pois essas bolinhas de pelo provavelmente estão com excesso de gordura, o que é muito prejudicial à saúde.
Os gatos acima do peso ficam mais vulneráveis a uma série de doenças, alerta a veterinária Giovana Mazzotti, membro da Academia Brasileira de Clínicos de Felinos (ABFeL). Eles podem adquirir diabete, acúmulo de gordura no fígado, lipidose hepática e problemas articulares. E, com isso, viver menos.
Logo, o ideal é tratar do peso do gatinho desde cedo. ;Muitas vezes, o dono do animal não percebe que ele está gordo, até que vire uma bolinha. Tendem a achar os bichinhos fofos e bonitinhos, e chegam aqui quando eles já estão obesos;, diz a veterinária.
A estudante Aila Dantas, 33 anos, adotou Myla ainda filhote, há cinco anos. Sem muitas informações sobre felinos, deixou a alimentação livre, conta. ;Castramos quando ela tinha três meses e continuei com a comida liberada. Ela estava comendo 3kg de ração por semana e começou a engordar muito.;
Para a veterinária nutróloga Andressa dos Reis, a alimentação e a castração estão entre as principais causas da obesidade nos felinos. ;As pessoas não têm instrução de como oferecer comida aos bichinhos, a quantidade, o tipo de alimento escolhido para cada caso;, afirma.
As fêmeas tendem a ficar mais gordinhas. ;A castração é um fator, entre outros, como doenças endócrinas e sedentarismo;, explica Andressa. E, segundo ela, não há uma dieta padrão para os gatos. Cada animal deve ser avaliado individualmente, observando o estilo de vida, a idade e o ambiente onde mora.
Hoje, Aila fica mais atenta às porções de comida oferecidas para Myla, que ainda tem dificuldade para perder os quilinhos extras. Outro problema dela é a falta de exercício. ;Tenho mais três gatos. Eles correm, brincam, pulam, mas ela é muito preguiçosa, na dela. É raro ficar brincando com os outros, o negócio dela sempre foi comer e dormir.;
Ração especial
Dormir e comer também é só o que quer Lilica, a gata da professora Fernanda Damasceno, 36. A felina já tem 11 anos e, se sobram quilos na balança, falta disposição para se exercitar. Mas nem sempre foi assim. Antes, quando morava em uma casa, a gata costumava sair bastante para passear. Fernanda, então, decidiu castrá-la.
;Ela ficou mais sossegada e mais caseira. Na época, nem passou pela minha cabeça mudar a alimentação, mas ela foi ganhando peso e chegou aos 8kg;, relata. Conscientes de que a obesidade poderia prejudicar a saúde de Lilica, os familiares de Fernanda começaram uma força-tarefa para fazer a gata se exercitar. Géis emagrecedores, caminhadas, mudança na alimentação, nada fez a gatinha perder peso.
;Ela começou a ter alguns problemas na pele por causa do excesso de peso. Como ficava muito tempo deitada na grama úmida, teve também algumas infeções e chegou a perder o pelo da barriga;, conta Fernanda. Lilica passou a comer uma ração especial para gatos obesos e vem controlando os problemas na pele, mas, com a idade e os quilos a mais, não tem disposição para brincar como antes.
A falta de exercício se agravou quando Fernanda veio do Rio de Janeiro para Brasília e foi morar em um apartamento. Se a gata não fazia exercício com o espaço que a residência oferecia, em um apartamento as atividades ficaram mais difíceis ainda.
A veterinária Giovana Mazzotti explica que os gatos não são preguiçosos, mas se tornam assim. Segundo a especialista, os felinos precisam e gostam, por natureza, de estar em ação, mas, depois de serem domesticados, sem a necessidade de ir em busca de alimento, começam a ficar relaxados.
As especialistas lembram que é preciso motivar os bichinhos a se exercitarem. ;Comece pegando a comida e colocando do seu lado para ele vir buscar. Depois de um tempo, comece a jogar a comida pela casa para ele ir atrás;, orienta Giovana. Andressa complementa: ;Procure um local mais alto para ele precisar subir e descer toda vez que for comer, já vai ser uma forma de exercício;.
Mas nem todos os gatos recebem bem esses estímulos e cada caso deve ser analisado de forma particular. Daí a importância de buscar o acompanhamento de um profissional. Um veterinário também poderá ajudar o tutor a conhecer melhor o animal e a definir a alimentação e a quantidade mais adequadas para o felino.
Andressa ainda explica que é preciso saber o Escore de Condição Corpórea ( ECC) do gato, pois não existe um peso ideal para os felinos. Os quilos variam de acordo com a idade, a raça e a idade. A escala vai de 1 a 9 ; o animal avaliado com ECC 1 está muito magro e, com ECC 9, muito gordo. O ideal é de 4 a 5. Com esse número e o acompanhamento de um profissional, vai ficar mais fácil cuidar da alimentação dos bichinhos.
De olho no felino
Confira as dicas e observe se o seu gato está obeso.
Magro
- Costelas visíveis, nenhuma gordura, abdôme fundo, ossos da coluna e quadril palpáveis.
- Costelas facilmente palpáveis, pouca gordura, cintura exagerada, ossos das costelas e do quadril palpáveis, pouca gordura abdominal.
Ideal
- Cintura visível, costelas palpáveis, mas com pouca gordura sobre elas, gordura abdominal discreta.
Gordo
- Ausência de cintura (a região fica abaulada), costelas não palpáveis, gordura abdominal exagerada.
Fonte: Giovana Mazzotti, veterinária