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Saiba quais são os riscos das dietas que priorizam o consumo de proteínas

Especialistas alertam que uma dieta baseada no consumo excessivo de carne e seus derivados, moda entre as celebridades, pode ser prejudicial à saúde

Carolina Militão*
postado em 25/02/2018 07:00
Ilustração mostra pedaço de carne no prato rodeado de garfo e faca
É comum as pessoas seguirem dietas da moda sem orientação personalizada. Consequentemente, a ingestão de determinados alimentos acabam ocorrendo em excesso, e o organismo sofre com a falta de balanceamento nutricional. Para alguns especialistas, esse é o caso da dieta da proteína, tão difundida entre celebridades e que promete a perda de peso imediata. Estudo aponta, no entanto, a sua relação com câncer de intestino.

Para Daiana Bastos, especialista em nutrição esportiva e nutricionista clínica, com o consumo exagerado de proteína, muitas vezes outros alimentos essenciais para o bom funcionamento do corpo são excluídos ; a exemplo de frutas, verduras e legumes, fontes de vitaminas, minerais e compostos bioativos. ;Esses alimentos são os principais responsáveis por neutralizar o excesso de acidez no sangue, produzido pelo consumo exagerado de proteínas. Portanto, a alimentação equilibrada e individualizada continua sendo a melhor escolha.;

Os alimentos proteicos são classificados de acordo com seu valor biológico. Segundo a especialista, são caracterizadas como proteínas de alto valor biológico as que apresentam grande quantidade de aminoácidos essenciais ; aqueles que o organismo não é capaz de sintetizar, mas são necessários para o seu funcionamento. Carnes bovinas e suínas, ovos, frangos, peixes, leites e seus derivados são alguns exemplos desses alimentos.

;É importante lembrar que temos uma grande demanda da população vegana. Mas, com um bom auxílio profissional, a alimentação equilibrada pode ser alcançada;, garante Daiana. As opções de proteína vegetal são: quinoa, ervilha, lentilha, grão-de-bico, tofu, feijão, cogumelos, soja, entre outras. O consumo ideal de proteína para um indivíduo saudável e sem restrições alimentares, que busca um equilíbrio alimentar, é de 1g/kg de peso corporal, diariamente. Ou seja, uma pessoa que pesa 85kg deve ingerir 85g de proteína por dia.

;Proteína em excesso pode prejudicar os rins, provocar acúmulo de gordura corporal, problemas hepáticos e até mesmo inchaços. Uma alimentação saudável, equilibrada e bem planejada por um nutricionista é a melhor maneira de manter o equilíbrio nutricional de macronutrientes e micronutrientes no dia a dia;, destaca Daiana.

Proteína x câncer

No mês passado, a Revista Nutrire, da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, publicou um artigo conduzido pelo Laboratório de Nutrição e Metabolismo da Atividade Motora da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São paulo (USP), em parceria com o Agro Paris Tech, alertando que a dieta exagerada em proteína pode levar à formação de células tumorais.

O professor Antonio Herbert Lancha Jr. explica, na pesquisa, que o excesso de proteína na alimentação provoca uma sobrecarga na capacidade digestiva, além de levar ao acúmulo de proteínas intactas no intestino. Isso causa modificações nas bactérias intestinais, que passam a produzir gases modificados e geram respostas inflamatórias do intestino. O que pode evoluir para a superexposição do órgão a situações de risco e a modificações cancerígenas.

O organismo está constantemente formando células potencialmente cancerosas. Segundo o especialista em cancerologia e oncologista clínico do Centro de Câncer de Brasília Bruno Wance, quando existe um desbalanço entre os agentes pró-cancerígenas e os agentes protetores contra o câncer, há probabilidade do surgimento de câncer e tumor. ;O mecanismo pelo qual o consumo de carne aumenta o risco de câncer ainda não é completamente conhecido. Alguns possíveis agentes envolvidos seriam o excesso de ferro heme na carne, a gordura animal e as substâncias cancerígenas produzidas a partir do cozimento da carne;, pontua Bruno.

Outra conclusão dos estudos relaciona atividade física a uma maior proteção intestinal. ;Essa prática leva a uma mudança positiva da população bacteriana intestinal, fazendo com os processos inflamatórios sejam de menor duração e em menor escala. Isso não quer dizer que as lesões e inflamações deixarão de acontecer, apenas que a reparação das células ocorrerá de forma mais acelerada;, afirma o professor Antonio Herbert Lancha Jr.

Israel alia a alimentação à rotina de musculação: Segundo o especialista em treinamento de força/musculação da Universidade de Brasília e coordenador da academia Bluefit, Henrique Silva Castilho, a rotina de atividade física beneficia também o ganho de força, flexibilidade e equilíbrio; o aumento da massa muscular e da massa óssea; a redução da gordura; o controle da pressão arterial e da glicemia; e a melhora a autoestima. É recomendada no tratamento de doenças do estado emocional nocivas, como a depressão, e também de patologias degenerativas, como diabetes e doença coronária.

O consultor de vendas Israel Diniz Mendes, 27 anos, desde a infância criou o hábito de praticar esportes. Futebol e natação eram seu hobby. A musculação tornou-se hábito, entre idas e vindas, há sete anos. Ele tem a consciência que, praticando atividades físicas, garantirá uma longevidade com qualidade, além de prevenção de doenças. ;Gosto de fazer exercício físico, faz bem para a saúde. Assim, eu garanto também uma velhice saudável;, diz Israel.

Você sabia?

Exercícios podem modular o bom funcionamento do trato gastrointestinal. De maneira geral, a atividade física gera um efeito protetor sobre o sistema gastrointestinal quando orientado por um profissional de educação física. É imprescindível o praticante obedecer aos princípios do treinamento.

Fonte: Henrique Silva Castilho, especialista em treinamento de força/musculação da Universidade de Brasília
* Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte

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