<div style="text-align: justify">A dificuldade das pessoas em pronunciar o seu nome era tanta que Soo Hyun Jung decidiu se autobatizar de André. É assim que o coreano se apresenta a todos que vão ao seu restaurante. Lá, um cardápio recheado de receitas típicas da Coreia divide, diariamente, o espaço com um bufê de comida brasileira.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Nem sempre, porém, foi assim. Apesar de ter nascido e crescido na Coreia, quando decidiu abrir um restaurante, em 1996, André servia apenas refeições brasileiras. Os pratos coreanos ficavam restritos a eventos esporádicos e datas comemorativas. </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">A filha mais velha dele, Renata Jung, que também enveredou pelo ramo da gastronomia, conseguiu convencer o pai de que oferecer a comida dos ancestrais era uma ótima ideia. E assim é desde 2013. ;Hoje, a demanda é dividida;, calcula a jovem. Mas, antes de chegar aos dias atuais do Happy House, restaurante escondido no segundo subsolo do Venâncio 2000, há muitos ;causos; para contar da família Jung.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Na juventude, André serviu o Exército coreano por três anos, em Seul. Com um sotaque ainda muito carregado, ele conta que, evangélico, tocava tuba e cantava no coral da igreja. Um dia, o seu superior começou a fazer uma espécie de bullying, dizendo que ele tinha voz de mulher. ;Avisei a ele, então, que ia largar o cristianismo e me converter ao budismo.; </div><div style="text-align: justify"><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2018/04/08/671577/20180406164704590596u.JPG" alt="Andre Jung e Renata Jung dentro do restaurante Happy House." /><br /></div><div style="text-align: justify">Mas o ;chefe; não só não aceitou como, por punição, colocou André para trabalhar como cozinheiro. ;Preparávamos comida para 3 mil pessoas.; E, assim, o coreano teve seu primeiro contato com uma cozinha.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Uma coisa é certa: André adora comer. Quando veio morar no Brasil, onde os pais já estavam estabelecidos, na década de 1980, ele recorda-se que um dos primeiros lugares que visitou foi o Restaurante Roma, na W3 Sul. ;Comi uma feijoada e foram me dizendo o que tinha nela: orelha, rabo, pé de porco... Adorei. Na verdade, eu gosto mesmo é de comer;, conta, aos risos.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><h3 style="text-align: justify">Concorrência</h3><div style="text-align: justify">Ainda não foi naquela época, no entanto, que ele começou a trabalhar com gastronomia. Depois de se casar com uma coreana que conheceu em terras candangas, André trocou Brasília por São Paulo. No Bom Retiro, bairro onde se concentra a comunidade coreana, teve as duas filhas e abriu uma confecção de roupas, até que os chineses entraram de forma avassaladora no mercado brasileiro. ;Eu gastava R$ 3 para comprar o tecido de uma blusa e mais R$ 3 com mão de obra. Eles vendiam a mesma blusa por R$ 4.; Não deu para segurar a concorrência ;desleal;, e André quebrou.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Ele decidiu, então, começar vida nova em Brasília. Contratou dois cozinheiros e abriu o Happy House. O ano era 1996 e a casa servia refeições brasileiras no esquema self service. Mas, como ;gosta de comer;, André começou a estudar e a conhecer a gastronomia local. ;Devorava os livros de receita.; Em pouco tempo, ele estava também comandando as panelas.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Renata, por sua vez, cresceu no restaurante. Servia as mesas e ficava no caixa. Também gostava de frequentar a cozinha. Quando escolheu que profissão seguir, pareceu natural ser a gastronomia. Fez faculdade na área e, hoje, divide as panelas com o pai, apesar de ;ele achar que sabe tudo;, como define a jovem em tom de brincadeira. Partiu dela a ideia de introduzir os pratos coreanos no restaurante, servidos à la carte.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><h3 style="text-align: justify">Comida saudável</h3><div style="text-align: justify">;Eu cresci almoçando comida brasileira, aqui no restaurante, e jantando coreana, em casa. Todas as noites, meus pais preparavam um prato típico do país deles.; No ano passado, Renata passou sete meses em Seul, onde alguns parentes ; inclusive o avô materno ; ainda moram. ;Meu coreano estava enferrujado, queria aperfeiçoá-lo. Aproveitei para estudar um pouco mais da culinária coreana;, conta. Na bagagem, trouxe muitas ideias para o cardápio.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Assim como a culinária oriental em geral, a coreana é bem saudável. André, inclusive, orgulha-se de, aos 59 anos, não ter um fio de cabelo branco ; fato que ele credita à boa alimentação. Com muitos legumes, cogumelos e carboidratos do bem, eles não são consumidores contumazes de carne ; mesmo que o churrasco coreano, o bulgogui, seja um dos seus pratos preferidos. ;Como a carne bovina é muito cara na Coreia, eles comem mais a suína;, ensina Renata. ;E mesmo a bovina vem muito gordurosa.;</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Outra característica da culinária coreana é o uso de pimenta ; ;aqui, nós até maneiramos para adaptar ao paladar brasileiro;, diz Renata ; e a fermentação dos legumes ; ;isso ocorre por conta da necessidade que tínhamos de conservar os alimentos;, completa André. O kimchi, iguaria fermentada à base de acelga, por exemplo, está para os coreanos como o chucrute para os alemães, e encontra-se presente em quase todas as receitas tradicionais.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Um detalhe é que, no Happy House, todos os pratos vêm acompanhados do banchan, espécie de acompanhamento com várias entradinhas típicas. Para a coluna, Renata escolheu a receita de um prato que é consumido em ocasiões festivas. O tcháp tché é feito com macarrão de fécula de batata-doce e muitos legumes. O variado cardápio, que ainda inclui várias opções veganas, é uma ótima opção para quem quer viajar por terras coreanas sem sair da área central de Brasília.</div><div style="text-align: justify"><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2018/04/08/671577/20180406164813915111a.JPG" alt="Prato do restaurante Happy House" /><br /></div><div style="text-align: justify"><br /></div><h3 style="text-align: justify">Tcháp tché</h3><div style="text-align: justify"><strong>Ingredientes</strong></div><div style="text-align: justify"><ul><li>300g de macarrão de fécula de batata-doce</li><li>50g de filé-mignon</li><li>1 cenoura</li><li>1 cebola</li><li>Pimentões verde, amarelo e vermelho (; de cada um)</li><li>1/2 cabeça de brócolis</li><li>4 unidades de cogumelo shitake</li><li>4 unidades de cogumelo orelha de pedra</li><li>1 colher de sopa de açúcar</li><li>1 colher de sopa de shoyu</li><li>3 colheres de sopa de óleo de gergelim</li><li>1 pitada de pimenta-do-reino</li><li>Semente de gergelim a gosto (para decorar)</li><li>Cebolinha picada a gosto (para decorar)</li></ul></div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify"><strong>Modo de preparar</strong></div><div style="text-align: justify"><ul><li>Coloque água para ferver em panela funda e, quando atingir fervura, desligue o fogo. Coloque o macarrão e, com a tampa fechada, deixe por cerca de 15 minutos. Em seguida, escorra o macarrão.</li><li>Corte os pimentões, a cenoura, a cebola, o filé-mignon e o shitake em tiras finas.</li><li>Corte o cogumelo orelha de pedra e o brócolis grosseiramente à mão.</li><li>Em uma frigideira, refogue os legumes, a carne e os cogumelos com os temperos.</li><li>Acrescente o macarrão na frigideira e misture até que os legumes estejam incorporados ao macarrão por cerca de 5 minutos.</li><li>Finalize o prato com semente de gergelim e cebolinha.</li><li>A porção serve de 2 a 3 pessoas</li></ul></div><div style="text-align: justify"><br /></div><h3 style="text-align: justify">Serviço</h3><div style="text-align: justify"><strong>Happy House Korean Food</strong></div><div style="text-align: justify">Venâncio 2000, segundo subsolo</div><div style="text-align: justify">Telefone: 3322-0177</div><div style="text-align: justify">Abre de segunda a sexta, </div><div style="text-align: justify">das 11h às 21h, e aos sábados, das 11h às 16h</div><div style="text-align: justify"><br /></div>