Ailim Cabral enviada especial
postado em 22/04/2018 07:00
Aos 58 anos, Brasília continua inspirando o design e a arquitetura. É o que mostram os projetos atuais, modernos e, ao mesmo tempo, clássicos e elegantes. Os trabalhos com ar modernista resgatam a identidade brasiliense, seja por meio de móveis sessentistas, seja pelas linhas retas e cruas, pela arte típica da cidade e pelos característicos cobogós.
A Casa Clara, construída no Lago Sul, em 2016, pela dupla de arquitetos Eduardo Sáinz e Lilian Glayna Sáinz, é uma ode a Brasília. Conhecida e premiada internacionalmente, é descrita por Eduardo como um imóvel simples, com poucos elementos e materiais que remetem à brasilidade.
Paredes em concreto e painéis de cobogó misturados a mobiliários dos anos 1960, com peças de Zanine Caldas e Sergio Rodrigues, e a formas horizontais e simples fazem com que o espaço ;grite; Brasília. ;O projeto era de uma casa pequena, e nós sabíamos que seria mostrada ao mundo. Para isso, precisava ter muita personalidade e carregar elementos muito claros de Brasília, uma cidade de personalidade forte;, explica Eduardo.
O arquiteto boliviano mora na capital brasileira há oito anos e afirma que os que vivem aqui se acostumam com suas formas exóticas. ;É uma cidade conhecida mundo afora e muito admirada, mas, para nós, já virou cotidiano.; O profissional afirma que a capital é sua casa e que se ofende quando a cidade modernista é criticada. ;Brasília não é para todo mundo. Ela tem que ser compreendida, e não são todos que conseguem enxergar sua beleza modernista e pura;, declara-se.
O arquiteto Marcelo Marcolino, criado na cidade, ecoa o sentimento do estrangeiro radicado na capital. Para ele, Brasília, pensada e idealizada por grandes mestres da arquitetura e do urbanismo, é inspiradora a cada passo. ;Movimentando-nos pela cidade, cruzamos com monumentos e esculturas que nos remetem ao modernismo, fase tão rica para a arquitetura;, afirma.
O profissional ressalta ainda o papel das escalas Monumental e Bucólica, que, para ele, trazem referência de como o indivíduo pode se adequar ao urbanismo de forma bem pensada e executada.
Criador do espaço Com Açúcar, com afeto, em parceria com Desirée Nassaralla, Marcelo afirma que o cobogó foi usado no projeto a partir do princípio do design funcionalista do modernismo no qual a forma segue a função. ;Surgiu a necessidade de divisão entre dois ambientes, mas sem perder a integração. Precisávamos de permeabilidade visual, ventilação e luminosidade natural. O cobogó se emprega muito bem nessas funções;, completa.
Confira os projetos de Marcelo e Eduardo, além de outros ambientes inspirados na tão jovem e clássica Brasília.