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O que realmente mede a felicidade de um povo?

Ricardo Teixeira
postado em 22/05/2018 10:39
Recentemente, uma pesquisa envolvendo 156 países elegeu a Finlândia como o país mais feliz do mundo. A análise levou em conta alguns valores para chegar a essa conclusão: remuneração, expectativa de vida, suporte social, liberdade e confiança. Nesses quesitos os países nórdicos realmente estão entre os Top 10, mas se você medir felicidade pelo quanto que as pessoas experimentam emoções positivas, países subdesenvolvidos como Paraguai, Guatemala e Costa Rica estão no podium e a Finlândia fica bem para trás.

Outro ângulo dessa discussão é o fato de os finlandeses serem a segunda população ocidental com maior prevalência de depressão, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Paradoxal, não? E podemos deixar a discussão ainda mais complexa se analisarmos o quanto as pessoas veem sentido na vida. Nesse quesito, países africanos, como Senegal e Togo, estão muito à frente dos nórdicos, e isso pode ser explicado, em parte, pela maior vivência religiosa encontrada entre os países mais pobres.

Além disso, os finlandeses assumem que não têm muito hábito de exteriorizar seus sentimentos. E isso no mundo das redes sociais pode ser um ponto positivo para o bem-estar psíquico e a satisfação com a vida, já que eles são menos vítimas do ringue virtual de comparações com a grama do vizinho.

Podemos então concluir que a tal felicidade é bem mais complexa que uma meia dúzia de fatores como os levados em consideração para dar o título à Finlândia. É claro que eu gostaria muito que o Brasil tivesse altas pontuações nesses superfatores.
* Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e Diretor Clínico do Instituto do Cérebro de Brasília

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