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Coração de torcedor: cardiologista alerta para cuidados na Copa de 2018

Especialista aponta sintomas e ressalta que o diagnóstico de ataques cardíacos em jovens é cada vez mais frequente

Rachel Sabino *
postado em 13/06/2018 17:15
No início de mais uma Copa do Mundo, a paixão pelo futebol não deve sobressair os cuidados com a saúde. Para curtir o mundial de 2018, é preciso estar atento a alguns sinais do coração, órgão que sente as altas cargas de adrenalina e euforia durante os jogos. Estes fatores podem ser gatilho para riscos cardiovasculares, principalmente se somados a maus hábitos, como o excesso de bebidas, fumo, sedentarismo e má alimentação.

Embora o levantamento sobre Fatores de Risco para Infarto do Miocárdio no Brasil (FRICAS) tenha determinado que a faixa etária de maior sensibilidade ao problema fique entre 45 a 70 anos de idade, o cardiologista Anderson Rodrigues, do Sabin Medicina Diagnóstica, ressalta que o diagnóstico de ataques cardíacos em jovens é cada vez mais frequente.

Na hora da torcida

O especialista destaca que, durante as partidas desse tipo de competição, esteja o torcedor em um estádio, acompanhando pelo rádio do carro ou em frente à TV, há várias alterações em seu corpo, ocasionadas pela ansiedade e excitação. Com isso, há intensa liberação, na corrente circulatória, de substâncias conhecidas como hormônios, que podem levar o organismo a reagir com aumento da pressão arterial, da frequência cardíaca e dos níveis de glicose no sangue.

Ele lembra que a probabilidade aumenta para torcedores que apresentam, previamente, diabetes, pressão alta, dislipidemia (colesterol ou triglicerídeos alterados), tabagismo, sedentarismo, fatores de risco psicossociais (estresse, depressão, ansiedade, intolerância e raiva), ou que tenham histórico familiar de infarto/angina precoce.

;Dentre os sintomas que podem servir de alerta ao torcedor estão tremores nas mãos, suor frio, palidez na pele, ;palpitações;, respiração ofegante, pressão alta, turvação visual, aperto no peito, tonturas e, até confusão mental;, informa o cardiologista. Ele orienta que, diante de tais manifestações do corpo, o torcedor deve avisar logo um familiar e procurar ajuda de um médico. Ele ressalta que é importante acionar logo a emergência para evitar piores danos.

Efeitos positivos

Ainda segundo o profissional, o futebol também pode servir como elemento de proteção ao coração e a todo o sistema cardiovascular. Com base várias publicações científicas, ele cita o estudo feito pelo pesquisador francês Frederic Berthier, relativo aos dados médicos antes e depois da final da Copa de 1998, quando a França ganhou do Brasil.

De acordo com a pesquisa, cinco dias antes da partida foram observados 32 infartos do miocárdio. Nos cinco dias seguintes, este número caiu para 23. ;Ver o seu time marcar um gol ou vencer uma partida implicará na consequente redução de qualquer estresse emocional negativo, proporcionando bem-estar e favorecendo um melhor prognóstico do ponto de vista cardiovascular;, finaliza o Rodrigues.

Juventude fragilizada

O motivo desse aumento de problemas cardíacos na juventude é reflexo do alto nível de estresse que os jovens são submetidos hoje em dia. O médico explica que, em meio a um mercado de trabalho extremamente competitivo, prejuízos à saúde se aproximam ainda mais. ;O hábito de comer rápido, devido à correria do dia a dia, faz o jovem optar por fast food, comidas que têm mais gordura e colaboram para o entupimento de veias;, justifica. ;O aumento da carga de trabalho também faz o jovem abrir mão da atividade física, o que torna-o sedentário.;

Além da má alimentação, a juventude sob o estresse encontra o fumo como principal válvula de escape. ;Além do cigarro, os jovens entraram na moda do narguilé. Ele chama atenção pela estética, mas é muito pior que o cigarro tradicional devido à quantidade de nicotina que contém;, completa o profissional.

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