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Gastronomia cheia de amor e boas histórias desembarca em Brasília

Romance iniciado no Chile faz chef mudar de planos. E restaurante que abriria na Nova Zelândia ganha novo endereço: a Asa Norte

Sibele Negromonte
postado em 24/06/2018 07:00
Um casal de lado, se olhando apaixonado.Alex Cavada já tinha todo o plano traçado. Depois de passar um ano em Buenos Aires estudando gastronomia e mais uma temporada na cidade natal, Santiago, aperfeiçoando-se na arte das panelas, voltaria para a Nova Zelândia, país onde viveu por uma década, para abrir um restaurante. Mas, no último momento, o chileno decidiu fazer uma mudança de rota. E o motivo tem nome e sobrenome: Andréa Cariello.

A brasiliense tinha reservado o mês de férias, em outubro de 2014, para fazer uma viagem sozinha pelo Chile. No dia seguinte à sua chegada, marcou para sair com um amigo do irmão ; um encontro que também mudaria o rumo da vida da psicóloga. Naquela noite, Andréa conheceu Alex, que acompanhava o rapaz. A afinidade foi imediata e o início da amizade, inevitável.

Durante o tempo que Andréa passou no país andino, os dois se encontram diversas vezes até que, durante um show numa tradicional salsateca de Santiago, a Maestra Vida, começaram a namorar. ;O problema é que eu estava com viagem marcada para Buenos Aires, onde passaria uma semana e voltaria para o Brasil;, relembra Andréa. ;Alex disse que iria comigo. Inventou que o avô tinha morrido e conseguiu os dias de folga no restaurante onde trabalhava;, diverte-se.

Ao fim da semana curtindo a Argentina, Alex fez o anúncio: em 19 de dezembro, um dia depois do aniversário de 40 anos, seguiria para o Brasil. E assim o fez. ;Ele se mudou de mala e cuia para o meu apartamento. Meus pais surtaram, queriam saber quem era aquele rapaz, mas nem eu sabia direito;, conta Andréa, aos risos.

Em terras candangas, Alex tratou logo de procurar emprego na cozinha de um restaurante, profissão que tinha abraçado havia pouco menos de dois anos. Durante o período em que viveu na Nova Zelândia, o chileno trabalhou com exportação de frutos do mar. ;O emprego pagava muito bem e eu tinha bastante flexibilidade para viajar, mas era muito chato;, conta Alex. Definitivamente, aquela não era a vida com que ele tinha sonhado.

As panelas eram uma paixão, mas apenas um hobby. ;Viajava muito para a Tailândia e adorava a comida de lá. Cheguei a fazer uns cursos pequenos de culinária na Ásia e acabava cozinhando para amigos;, recorda-se. Até que Alex tomou coragem e foi cursar gastronomia em Buenos Aires. ;O foco das aulas era na culinária francesa e um pouco da italiana;, detalha. Com o diploma em mãos, o chileno teve certeza de que, dali em diante, aquela seria a sua profissão.

Confiança

Em Brasília, o primeiro emprego de Alex foi em um restaurante chileno. ;Era tudo meio amador, a cozinha muito pequena. Daí, ganhei a confiança que precisava para abrir a minha própria casa.; Assim, em outubro de 2015, exatamente um ano depois do primeiro encontro, Alex e Andréa inauguravam o Maestra Vida ; uma homenagem à história de amor dos dois.

Ao contrário do que muitos possam pensar, a casa não é especializada em culinária chilena. ;Muitos chegam aqui achando que vão encontrar comidas do meu país, mas decidi que esse não seria o foco do restaurante. No meu cardápio, há apenas duas opções típicas: as empanadas e o ceviche. Além disso, oferecemos um legítimo pisco sour.;

Alex justifica a escolha. Para ele, ao contrário do Peru, da Argentina e do Brasil, a gastronomia chilena não é das mais marcantes na América do Sul. ;O que temos lá é uma excelente matéria-prima, com pescados de primeira, o que eleva a qualidade da cozinha;, pondera. Sem falar que, ao abrir o restaurante, o chef queria ter liberdade para criar receitas, sem ficar preso a cozinhas específicas.

E para quem acha que as empanadas são argentinas e o ceviche, peruano, o chef explica as diferenças: ;Nossas empanadas são feitas de carne ou frutos do mar; as argentinas levam queijo. Já o ceviche, no Peru, é preparado com leite de tigre; o nosso, não;.

O cardápio do Maestra Vida segue uma linha internacional. Como um dos carros-chefe, Alex aponta o ossobuco, preparado no método francês sous vide. ;O cozimento da carne dura 24 horas, em baixa temperatura;, detalha. Para a coluna, ele ensina a receita do prato, mas adaptada à panela de pressão, já que dificilmente os leitores terão a máquina de sous vide em casa.

Após quase três anos desde a inuguração, Alex e Andréa fazem planos para o Maestra Vida e celebram a mudança de rota na vida dos dois, que, além de um casamento e um restaurante, rendeu um filho, Lucas, de 1 ano e 2 meses. Um prato com carne e nhoque.

Ossobuco com nhoque parisienne

O ossobuco

Ingredientes
  • 250g de ossobuco (escolha um pedaço grosso para que não se desmanche no cozimento)
  • 1/2 cebola
  • 1/2 cenoura
  • 1/4 de xícara de vinho do Porto
  • Alho
  • Páprica doce
  • Alecrim
  • Sal
  • Pimenta-do-reino

Modo de fazer
  • Passe o ossobuco em uma frigideira com óleo até que os dois lados fiquem dourados por igual.
  • Acrescente a cebola, a cenoura e o alho picados grosseiramente e dê uma mexida.
  • Transfira-os para uma panela de pressão e cubra a carne com água. Deixe cozinhar por cerca de uma hora e meia.
  • Acrescente ao caldo da carne, o alecrim, a páprica doce e a pimenta e passe em um triturador.
  • Leve ao fogo para reduzir e acrescente ; de xícara de vinho do Porto. Acerte o sal.

O nhoque

Ingredientes
  • 300g de farinha de trigo
  • 450ml de leite integral
  • 4 ovos
  • 100g de manteiga
  • 250g de queijo parmesão
  • 1 colher pequena de sal
  • Pimenta-do-reino a gosto

Modo de fazer
  • Em uma panela, coloque o leite, a manteiga, o sal e a pimenta. Misture bem e, quando começar a subir a fervura, tire do fogo.
  • Incorpore a farinha de trigo de uma só vez. Mexa e volte ao fogo até a massa grudar na panela.
  • Coloque a massa em uma tigela e, ainda quente, vá incorporando os ovos um a um. Misture bem e acrescente o queijo. Quando toda a massa estiver homogênea, faça os bolinhos (com a mão ou com a ajuda de um bico de confeiteiro).
  • Cozinhe os bolinhos por um minuto em água fervente.
  • Na hora de servir, passe o nhoque na manteiga até que fique dourado.

Serviço

Maestra Vida
CLN 107, Bloco C, Loja 57
Telefone: 3034-4466

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