Pessoas que pensam ter menos anos do que consta na certidão de nascimento têm um cérebro que envelhece mais lentamente. Essa é a conclusão de uma pesquisa conduzida por pesquisadores da Universidade de Seoul na Coréia do Sul e recém-publicada no Frontiers of Neuroscience.
O sentimento do quanto nos sentimos jovens ou velhos é também chamado de idade subjetiva e está associado a vários marcadores de saúde, como desempenho cognitivo. Idosos com queixas de memória simples, por exemplo, têm mais chances de, no futuro, apresentar um quadro demencial. É como se fosse uma percepção subjetiva daquilo que os médicos e exames não conseguem ainda mostrar naquele momento.
O presente estudo mostrou que idosos que se sentem mais jovens têm melhores pontuações em testes de memória, menos sintomas depressivos e consideravam ter um melhor estado de saúde. Além disso, estudos de neuroimagem evidenciaram que o cérebro desses idosos que se acham mais jovens tem um maior volume da substância cinzenta. Essa relação foi independente de outros fatores como a presença de sintomas depressivos.
Os pesquisadores levantam a questão de que a experiência subjetiva de se sentir mais velho do que realmente é pode acelerar o processo de envelhecimento cerebral com redução do volume da substância cinzenta. Por outro lado, aqueles que se sentem mais jovens têm uma rotina mais ativa, com mais atividade física e mental, supervitaminas para o cérebro.
* Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e Diretor Clínico do Instituto do Cérebro de Brasília