postado em 05/08/2018 08:00
Imagine ser resgatado de maus-tratos, cuidado e coberto de amor por uma nova família. A história é linda, porém, muitas vezes, se depara com algo que assombra os protetores de animais: a devolução. Sim, quando tudo ia bem, bichos voltam para os abrigos e precisam iniciar do zero a busca por um lar.
Yuri, um pitbull de aproximadamente 4 anos, está vivendo isso na pele. A autônoma Fernanda Cristina Souza, 29 anos, é protetora independente e tem acompanhado o drama do cachorro de perto. Segundo ela, o pitbull foi resgatado em 2016, após uma denúncia de maus-tratos feita pelas redes sociais. Estava magro, cheio de carrapatos e cego.
Apesar da triste condição, o futuro reservava para o pet momentos felizes em uma família. Depois de tratado, os protetores embarcaram em um novo desafio: encontrar um lar para Yuri. Fernanda conta que eles usaram a internet para isso e confessa que se surpreendeu com a forma como as pessoas tratavam a adoção.
;A gente publicou numa rede social e apareceram várias pessoas falando que queriam adotar e perguntando onde era a retirada. Isso me deixou preocupada, pois não se trata apenas de saber onde é a retirada. As pessoas não procuram informações sobre o animal;, enfatiza.
Yuri aparentemente deu sorte e não demorou muito para os protetores encontrarem um bom lar para ele. Em setembro de 2016, já tinha uma casa e uma família. Fernanda garante que entrega os animais castrados e vacinados, além de passar as informações necessárias, como custos, estado de saúde e personalidade.
Por muito tempo Yuri recebeu amor dos seus tutores, mas agora ele volta a buscar um novo lar. Depois de quase dois anos, os responsáveis afirmam que não podem mais ficar com o cachorro. Segundo a protetora, a família tem uma certa urgência em devolver o pet, porém encontrar um novo local não está fácil. ;Ele é muito carinhoso com seres humanos, mas não se dá muito bem com outros animais;, justifica.
Ficar com um cachorro que não tem um bom convívio com outros em um abrigo é realmente algo complicado. Felizmente, nesse caso, a família aceitou ficar com o cão por mais tempo, para que as protetoras encontrem uma solução, porém, eles têm pressa.
Para Fernanda, a urgência em devolver o animal que muitas vezes complica o processo. ;Muitos querem que a gente tenha uma solução de imediato, mas precisamos de um prazo. A nossa intenção não é pegar o animal e jogar em qualquer lugar;, destaca.
Impulso
Esse não é um caso restrito ao Yuri. A analista de governança de TI Wanessa Costa, 35, é protetora independente há mais de 10 anos e conta que, mesmo fazendo uma triagem rigorosa e acompanhando todos os animais adotados, já teve vários devolvidos. ;Isso acontece principalmente com os bichos de feira de adoção, porque a pessoa pega o filhote por impulso, por ser bonitinho;, lamenta.
Suzana Coelho, diretora-geral da Associação Protetora dos Animais do DF (Proanima), explica que a devolução deve ser algo previsto quando se doa um animal, principalmente nos primeiros dias. ;Muitas vezes, o bicho não se adapta à nova casa, às condições. E, caso exista alguma dificuldade, o ideal é que ele seja devolvido ao protetor. Isso é até uma questão de responsabilidade de quem doa;, enfatiza.
Segundo Suzana, o bicho deve voltar para o protetor para não correr o risco de ser abandonado ou parar com uma nova família que não cuide do pet. A diretora do Proanima também aconselha os protetores a fazerem uma boa triagem na escolha de um tutor, além de acompanhar aquele bicho, mesmo depois da adoção.
Ela ainda destaca que o problema está em quando o animal é devolvido após passar muito tempo com a família que o adotou. ;Ele já se adaptou emocionalmente e isso cria uma situação complicada. Há casos de animais que ficam deprimidos. Muitas vezes, o bicho sai de uma casa onde é o único e vai para um lugar que está cheio de outros. Se for devolver, o ideal é que o faça logo.;
Wanessa afirma que já teve animais devolvidos depois de um ano da adoção. ;Adotam filhote e devolvem adulto. Para você conseguir a adoção de cachorro adulto é muito mais difícil;, comenta. Os motivos são diversos. Entre eles, a chegada de um novo membro na família, a mudança de residência e a separação de casais.
Assim como Fernanda, Wanessa também ressalta que encontrar um novo lar é algo que leva tempo e que nem sempre há um local para colocar o cão ou o gato durante o processo. ;A gente está sempre resgatando e não temos como receber o pet de volta imediatamente, porque não temos onde colocá-lo. ;A gente pede para esperar um pouquinho, pois eu preciso de um prazo para organizar tudo;, diz.
Eles também esperam um lar
Este bonitão é o Dudu. O cachorro tem um ano e, segunda a protetora, é superbrincalhão e ama crianças. O pet já está vermifugado, vacinado e castrado. Contato para adoção: 61 984725526 (Wanessa)
Jully é uma linda filhote que está louca para encher de alegria um novo lar. Ela tem cerca de 5 meses. Está vacinada, vermifugada e com a castração agendada. contato para adoção 61 984725526 (Wanessa)