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Peixes como pets? Sim! Saiba mais sobre o universo do aquarismo

Para os amantes do aquarismo, criar peixes não é tão simples quanto parece, mas dá muito prazer

Ciclo biológico

Em Brasília, os amantes de aquarismo sentem dificuldade em achar médicos veterinários especializados em peixes. Na falta, procuram estabelecimentos de piscicultura de confiança para sanar dúvidas. Eles também costumam se unir em grupos nas redes sociais

Yuki Maeda é proprietário da Piscicultura Tropical Maeda ; localizado há mais de 20 anos na Asa Norte. Ele conta que a família tem 35 anos de tradição em piscicultura. Assim como a veterinária Marina, ele explica a importância de respeitar o ciclo biológico para manter a boa condição do aquário. Para isso, é preciso estimular o crescimento de bactérias que se alimentam de componentes tóxicos aos peixes e que ficam instalados no aquário.

Toda matéria orgânica produzida que fica depositada no fundo do aquário ; como ração, fezes e urina, ; vai ser decomposta e transformada em vários elementos químicos. Entre eles, o mais tóxico: a amônia. Como fazer para que essa toxicina saia do aquário? É necessário o auxílio de um aparelho que fará a filtragem biológica.

Essas bactérias se alimentam da amônia e a transformam em nitrito, que também é tóxica para o peixe. Daí, surge outro tipo de bactéria que comerá o nitrito e transformará em nitrato. ;O nitrato é importante para as plantas do aquário, pois servirá como adubo;, ressalta Yuki.

Todo esse ciclo, garante o especialista, é o mais importante para o bem-estar do animal. Portanto, é primordial que a troca da água do aquário seja feita parcialmente. ;Pelo menos um terço a cada duas semanas. Sempre tirando a matéria orgânica que fica no substrato, ou seja, no fundão do aquário;, ensina.

Sonho

O empresário Jeferson Silva de Queiroz, 32 anos, desde criança é apaixonado por peixes e sempre achou bonito toda a ornamentação dos aquários. Ele conta que, antes de se casar e ter a própria casa, nunca pôde ter um aquário do jeito que queria. ;Eu me casei e fui atrás de realizar meu sonho: montar o meu próprio aquário.;

Hoje, ele tem várias espécies, como acará-disco, ramirezi, barbos, tetra pinguim-balão, bótia-palhaço, coridora adolfoi, neon, tetra white-fin. Entre os cuidados, procura manter o pH ácido, entre 6,2 e 6,6, e fazer a sifonagem, que é a retirada de dejetos do fundo do aquário, no máximo em 15 dias, dependendo da sujeira. Quanto à alimentação, faz uma vez ao dia, à noite. Além disso, realiza testes de amônia, nitrito e pH semanalmente.

Jeferson concorda que ter um aquário não é apenas trocar a água e dar comida. E alerta para não acreditar caso algum vendedor diga isso. ;Mas também não é um bicho de sete cabeças. Procure estudar antes da aquisição.;

Aquário marinho

Na infância, no Rio de Janeiro, sempre que ia à casa do primo, o oficial da Marinha Marcelo Luiz Pires Beijinha, 47 anos, ficava fascinado pelo laguinho cheio de guppy (espécie de peixe pequenos) e voltava para casa com um balde cheio deles para criar. Desde então, cultivou o amor pelo bicho. ;Aos poucos, fui adquirindo aquários maiores e com espécies mais caras;, diz.

Mesmo sem conhecimento nem equipamentos, difíceis de achar naquela época, Marcelo adorava cuidar dos peixinhos. Há aproximadamente seis anos, ele entrou no mundo do aquário marinho e tem espécies marinhas do Recife, além de corais. Ele divide a manutenção em duas partes: diária e semanal.

A diária é a alimentação, a reposição de água doce e os suplementos. Já a semanal fica por conta da limpeza de filtro. Marcelo diz a quem quer entrar no universo do aquarismo que é preciso ter em mente que uma parcela do dia será dedicada aos cuidados. Além disso, aquários dão trabalho, mas é muito prazeroso. ;Quem quer ter simplesmente pela beleza, sugiro contratar serviço de manutenção oferecido por lojas especializadas.;

Fatores de estresse

Assim como os humanos, quando um peixe passa por situações de estresse, a imunidade baixa e ele fica vulnerável a doenças. Veja algumas situações que colaboram para o estresse do bicho:

  • Mudança de temperatura: para evitar, é necessário a aquisição de um aparelho chamado de termostato, que mantém e controla a temperatura.

  • pH elevado: a maioria dos peixes ornamentais vive num pH de 5,5 a 9. Para controlar, existe no mercado testes colorimétricos específicos.

  • Amônia e nitrito: quando não é feito o ciclo biológico corretamente, essas substâncias se tornam danosas para os peixes.

Fonte: Yuki Maeda, proprietário da Piscicultura Tropical Maeda.

Saúde abalada

Em caso de adoecimento dos peixes, procure profissionais, como médicos veterinários ou atendentes de lojas especializadas. A médica veterinária Marina Pestelli dá algumas dicas:

  • Leve fotos ou vídeos do animal para a indicação de um medicamento específico para os sintomas.
  • Normalmente, os medicamentos para peixes são usados diretamente na água.
  • É preciso atenção redobrada aos peixes em tratamento.
  • Faça trocas diárias de água no aquário hospital (separado para o tratamento).
  • Lembre-se sempre de medicar todos os dias, de acordo com a recomendação.

Agradecimentos

Petz
Pisicultura Tropical Maeda (Telefone: 3447-1318)

*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte