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Já pensou em viajar sozinho com filho ainda criança? Confira quem fez

Embarcar em uma viagem solo com o filho pode ser uma experiência cansativa, mas única. Conheça a história de mães que viveram dias pra lá de enriquecedores ao lado da prole

postado em 28/10/2018 12:00
Dicas de Débora: Reservar hotéis próximos aos lugares das atividades programadas. Melhor ainda se forem da Disney, ou seja, com transporte disponível para ir e voltar dos parques. Além disso, para evitar voltar ao Brasil com muita coisa, que não conseguiriam carregar, Débora colocou uma regra: Laura só poderia levar o que pudesse carregar.
Falta um mês para as férias escolares e ainda dá tempo de organizar uma fugidinha até outra cidade. O marido ou a mulher não tem férias? É separado ou separada? Embarcar sozinho com as crianças não parece boa ideia? Viajar em grupo tem muitas vantagens, mas mães que viveram a experiência querem repetir e garantem que é uma vivência enriquecedora para todos os envolvidos.

É possível dar um passo de cada vez: a psicóloga Thirza Reis só criou coragem para levar os pequenos para fora do Brasil, depois de algumas experiências mais curtas e em cidades menores pelo país. Já a também psicóloga Luísa Barroca acostumou a filha desde cedo com as viagens em dupla, de forma que a pequena está acostumada com toda a logística.

A médica Débora Paulo, 40, nunca havia viajado só com a filha antes. Escolheu, então, um hotel que desse a ela e a filha o máximo de comodidades, como transporte, para nada dar errado. Pode ser cansativo, mas quem já fez alguma vez e quem faz com frequência garante que é uma experiência enriquecedora, que aproxima filhos e mães ou pais.

Mas ainda são as mães que mais se aventuram. Para a psicóloga junguiana Rosângela Macedo, isso tem a ver com o papel cultural delas na criação dos filhos. ;Mesmo com a mulher já no mercado de trabalho, o cuidado ainda está mais associado a elas, que se predispõem mais a essas experiências;, explica. Viver isso com a criança, segundo Rosângela, é uma forma de estreitar ainda mais os laços afetivos.

Todas elas recomendam dar alguma responsabilidade para as crianças: seja carregar a própria mala, seja ajudar de qualquer forma. As agências de turismo indicam, ainda, fazer pacotes já com todos os transfers e, algumas vezes, até com desconhecidos que vão interagir nos passeios.

;Boa parte desses clientes buscam opções de destinos que tenham entretenimento para as crianças, como resorts;, diz a assessoria de imprensa da agência de turismo CVC. Mas fazer uma viagem mais voltada ao turismo e menos à programação de hotel também é possível. E é isso que as mães Thirza, Débora e Luísa mostram nesta reportagem.

Mãe e filha na Disney

Dicas de Débora: Reservar hotéis próximos aos lugares das atividades programadas. Melhor ainda se forem da Disney, ou seja, com transporte disponível para ir e voltar dos parques. Além disso, para evitar voltar ao Brasil com muita coisa, que não conseguiriam carregar, Débora colocou uma regra: Laura só poderia levar o que pudesse carregar.
Para quem trabalha 80 horas semanais, ter um tempo exclusivo para a filha, Laura, 6 anos, é algo difícil, mas de que a médica Débora Paulo, 40, não abre mão. As férias são um momento ainda mais sagrado para elas, já que é o momento em que podem se curtir sem preocupações. E as últimas foram especiais. Sem poder contar com a companhia do padrasto, que não podia se ausentar de Brasília, mãe e filha decidiram ir à Disney sozinhas.

Laura tinha ido aos Estados Unidos quando ainda era bebê. E a mãe esperava ela crescer um pouco mais para conseguir curtir por inteiro ; assim, teria mais autonomia e ainda a magia da infância. Com 6 anos, parecia o momento ideal, mesmo que fossem só filha e mãe, mãe e filha. ;Antes de ir, eu já estava imaginando a trabalheira infinita que seria. Foi cansativo, sim, mas muito menos do que eu esperava;, contenta-se Débora.

Como em quase todas as viagens, houve intercorrências. Na volta, o horário de verão havia acabado e elas tinham menos tempo de intervalo entre a chegada a São Paulo e a partida para Brasília. Precisaram correr. Muito. Laura apressava o passo e gargalhava. ;Minha mãe estava correndo engraçado;, diverte-se.

Débora ficou nervosa. ;Estávamos com muita bagagem ; eu até tinha pagado excesso. E foi tudo tão rápido. Não deu muito tempo de ela digerir o que estava acontecendo. Fiquei com medo de a Laura dar um piti ali, mas deu tudo certo;, conta a médica, aliviada. Foi quando ela viu que, de fato, viajar sozinha com a filha não era uma limitação.

Parceria

A médica admite que não conseguia nem ouvir os próprios pensamentos com toda a agitação dos parques e da filha. Segundo ela, era ;mamãe, isso;, ;mamãe, aquilo; o tempo todo. ;Se a gente ficava em silêncio por um tempo, ela já perguntava no que eu estava pensando;, conta Débora.

A parceria das duas foi ainda maior do que na rotina em casa. Quase toda a programação era voltada para Laura, mas havia coisas que Débora queria fazer. ;E ela esperava com paciência. Aqui, ela não costuma ficar tranquila esperando;, surpreendeu-se. Laura diz que estava adorando ficar junto da mãe o tempo todo. Não tinha do que reclamar.

A filha, agora, quer viajar sozinha com a mãe mais uma vez. E Débora chegou a comprar passagens para irem a Gramado em janeiro. No entanto, há uma possibilidade de a avó se juntar às duas.

Em dose dupla

mãe e filhos em Paris
A psicóloga Thirza Reis estava acostumada a viajar sozinha com os filhos Gael, 7, e Nolah, 5. Mas iam à casa de parentes, à praia, sempre sem muito turismo ou agitação. A mãe decidiu, no entanto, fazer algo diferente. Iriam a Paris, a cidade de que ela mais gosta no mundo e cenário de muitos filmes e desenhos que as crianças adoram, como Ladybug, A bailarina e Ratatouille.
Assim que comprou as passagens dos três, já começou a sentir frio na barriga. ;Veio um misto de ;vai ser maravilhoso; e, ao mesmo tempo, de ;onde é que eu estava com a cabeça quando inventei isso;;, conta.
De fato, a viagem foi um pouco das duas coisas. Houve dores e delícias. ;Ir a uma cidade grande, turística e não exatamente específica para crianças foi um pouco assustador;, admite. Mas ela fazia questão de apresentar novas culturas e lugares diferentes para despertar nos filhos a ideia de que o mundo está disponível para eles, que, até então, nunca tinham saído do país.
Foram 12 dias interagindo essencialmente com crianças, cuidando delas e de tudo em volta: pegar metrô, balsa, manter todos juntos em meio à multidão na Igreja de Notre Dame, organizar passeios, piqueniques em parques, visitas a museus. ;Era difícil relaxar;, admite. No fim, Thirza, que já conhecia bem a Cidade Luz, conheceu outra Paris. ;Isso foi muito legal para mim também;, conta.
Como era julho, em pleno verão, o sol se punha por volta das 21h. Explicar para os dois que era hora de ir para o hotel dormir foi outra experiência engraçada. ;Eles diziam: mas ainda é dia;, lembra Thirza. Foi mais um aprendizado passado naturalmente para as crianças, pela experiência.

Cultura e diversão

Apesar de montar uma programação para crianças, Thirza não abriu mão de levá-los ao Museu do Rodin, pelo qual é a apaixonada, e ao Louvre, um dos pontos mais importantes da capital e do mundo.

Evitou bombardeá-los com história e arte, mas visitaram a parte egípcia do Louvre, que ela sabia que eles gostariam. No Museu do Rodin, inventou brincadeiras. ;Quando chegamos à porta do inferno, que é gigantesca, com várias miniesculturas que estão pelo museu, eu brinquei de fazê-los reconhecerem as peças;, relata.

Para ela, foi sem dúvida uma aventura. Assim que voltou, conta que sentiu uma espécie de ressaca. ;Se eu desse essa entrevista na semana que voltamos, talvez eu não recomendasse a ninguém, mas aí, você vai descansando e lembrando de cada momento incrível e do tanto que eles gostaram;, conta, satisfeita. Paris virou parte do repertório da família e uma cidade da qual sempre falam.

Thirza ficou orgulhosa dos filhos. Ela estava certa de que a parte preferida da viagem seria a Eurodisney, por motivos óbvios. Mas se enganou. Nolah diz que amou os macaroons e a Torre Eiffel; Gael destaca as montanhas-russas e os croissants. Mas, nas conversas rotineiras, eles lembram de cada detalhe com diversão e carinho.

Viajante desde bebê

mã e filha, boneca e mala
A psicóloga Luísa Barroca, 32 anos, viaja com a filha Beatriz, 7, desde que ela tinha poucos meses. Enquanto alguns demoram mais tempo para tomar coragem, Luísa quis desde cedo circular por aí com a filha. Por trabalhar muito, a mãe vê a filha de manhã, quando tomam café e pegam o caminho para a escola, e, depois, só à noite. Por conta disso, mesmo quando não estão viajando, Luísa sempre tira um tempo para fazer programas apenas com a filha.

Na primeira viagem, Beatriz tinha apenas 5 meses. ;Desde que eu engravidei, aos 24 anos, eu decidi que ela seria um agregador na minha vida. Eu resolvi que não deixaria de fazer as coisas por conta dela. Ela não seria um impeditivo. Faríamos juntas;, pondera a psicóloga. É claro que o estilo das viagens mudou. Mas a regra em todas elas é a mesma: fugir da rotina.

Beatriz até já faz a própria mala. A mãe precisa dar uma fiscalizada, porque, muitas vezes, tem mais roupa para bonecas do que para ela. Pelo aeroporto, Beatriz orgulha-se de levar a mala e a mochila. ;Quando voltamos com algo a mais, o dono da coisa carrega. Quando temos coisas demais, pegamos carrinho;, conta.

Em julho deste ano, elas passaram quase um mês juntas em Portugal. Foi a melhor viagem, segundo Beatriz. Um mês com a mãe exclusivamente para ela. Como já está grandinha, a aventura foi menos cansativa para Luísa. ;Eu tive uma conversa com ela e expliquei que ela era minha companheira. Então, tinha que me ajudar. Ela é meio medrosa, achava que não ia dar conta, mas deu. Nós andamos de trem sozinhas, olhamos mapa;, relembra.

No caminho, Luísa explicava o que era alfândega, por que deveriam passar por ela e o que mais desse para ensinar. Mas a mãe também alerta que viagem com criança é uma caixa de surpresa: já aconteceu de ela ter febre, vomitar, comer algo e passar mal. Acabamos só curtindo a piscina do hotel.

Agora, Beatriz quer ir ao Rio de Janeiro. A mãe já explicou que, este ano, não consegue, mas autorizou que ela vá com outra pessoa. A filha está considerando a oferta. ;Eu vejo que, aos poucos, ela está se apropriando dessa vontade de viajar e, ao poucos também, vai criar autonomia;, orgulha-se.
mãe e filha placa

Dicas importantes

Lanchinhos
Muitas companhias aéreas oferecem comida especial durante voos. No entanto, é sempre aconselhável levar algumas guloseimas. Evite cafeína e chocolates antes do embarque, porque esses alimentos tendem a deixar as crianças mais agitadas.

Aterrissagem
Na hora do avião pousar, é comum que a alteração de pressão tampe os ouvidos e cause incômodo nas crianças. Para aliviar, ofereça bala ou chupeta para os pequenos. O movimento do maxilar ajuda a diminuir a dor. Ingerir líquidos durante a viagem também auxilia a regular a diferença de pressão.

Brinquedos
Quanto maior o tempo de voo, maior a chance de as crianças ficarem entediadas. Leve sempre na bagagem de mão opções para entretê-la.

Horários
Em voos de duração mais longa, a dica é sempre optar pelos horários noturnos. Mas se o voo for curto, dê preferência para o dia e aproveite para distrair a criança com os aspectos da viagem, como observar as nuvens da janelinha.

Documentação
Certifique-se de levar RG, certidão de nascimento e passaporte das crianças.

Saúde
Dias antes da viagem, leve a criança ao pediatra. Caso ela esteja doente, com nariz constipado, a pressão do avião vai piorar o problema e causar dores de ouvido na aterrissagem. A melhor solução é adiar a viagem.

Fonte: CVC Viagens e Turismo




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