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Câncer de próstata também atingem os pets! Saiba mais sobre a doença

Assim como nos humanos, prevenir é o melhor remédio

André Baioff*
postado em 11/11/2018 08:00
mulher sentada com cachorro no colo abraçados
;Vi que Augusto estava com uma ferida aberta na região genital. A veterinária responsável sugeriu uma biópsia e aí veio o diagnóstico do câncer de próstata.; O relato da dona de casa Eliane do Nascimento Faria, 54, tutora do daschund de 11 anos, ilustra bem uma doença pouco divulgada entre os bichos: o câncer de próstata. Neste mês, em que o Novembro Azul chama a atenção para a patologia em humanos, profissionais veterinários buscam divulgar o problema também em pets.

No caso de Augusto, o cãozinho precisou retirar os testículos para a biópsia. Ele estava com o grau três da doença. Eliane conta que o bicho sempre foi muito tranquilo e, por isso, não dava sinais de estar doente. No entanto, por conta de uma pancreatite, em junho do ano passado, ele fez exames de sangue e ultrassonografia. Foi quando se detectou um caroço na região da próstata.

Após meses de baterias de exames, em dezembro do ano passado, Guto ; como é chamado carinhosamente ;, iniciou a quimioterapia para que o tumor não se espalhasse por outras regiões do corpo. De início, o cãozinho reagiu bem ao tratamento. Porém, desde agosto, o tratamento não está surtindo efeito.

;Os veterinários pediram para parar com a quimioterapia. Ele só tem mais duas delas marcadas;, lamenta Eliane. Augusto é um cão forte e não demonstra abatimento pelo tratamento. Eliane diz que ele tem uma rotina normal: brinca, passeia e faz as peripécias usuais de qualquer cachorro. ;Os veterinários não me pediram para sacrificá-lo. E, se pedissem, eu não ia fazer isso. Eles disseram que Guto vai morrer dormindo.;
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Segundo o médico veterinário César Costa Zaine, clínico médico e cirúrgico, a próstata é uma glândula sexual acessória localizada próximo à bexiga. Por isso, o principal sintoma da doença é a dificuldade para defecar e urinar. Além disso, o câncer de próstata causa inchaço na região. O veterinário explica que há mais incidência em cães. ;Existem casos em gatos, porém, são mais raros.;

Hetielle Harumi Hashimoto, médica veterinária oncologista pela Unesp de Jaboticabal, diz que outros sintomas da doença são urina gotejante com sangue, constipação, dor abdominal, emagrecimento progressivo e, em casos de metástases ósseas, dificuldade em caminhar.

;Esse tumor causa muita dor, e os pacientes têm apatia, redução de apetite, agressividade, alteração do padrão respiratório, pupilas dilatadas, mudanças comportamentais, entre outras alterações que são identificadas em quadros de dor;, explica a veterinária. De acordo com Hetielle, a doença não está relacionada a raças específicas. ;O que ocorre é uma predisposição genética.;

Para César, cães de porte pequeno são os mais atingidos. Geralmente, a faixa etária mais vulnerável é mais velha, entre 9 e 10 anos de idade. César recomenda ainda que se faça exames de rotina como prevenção dessa e de outras patologias, que podem ser tratadas de forma eficaz ainda no estágio inicial. ;Prevenir é melhor do que tratar.;

Vida normal

Rapaz agachado abraçando o cachorro de boné azul
Pimpão, 12 anos, é o fila brasileiro de Carlos Roberto de Carvalho Junior, 43, auditor do Tesouro Nacional. O cão está há três anos em tratamento contra o câncer de próstata. De início, quando ainda não sabia o motivo de o pet não conseguir se levantar, Carlos pensou que o problema seria na região dos ossos.

Um dos veterinários, porém, alertou que o problema poderia ser outro. Depois de uma bateria de exames, descobriu-se que a dificuldade de locomoção, na verdade, era metástase com origem em um câncer na próstata. Carlos foi orientado, então, a procurar uma oncologista veterinária.

Ela decidiu aplicar um tratamento que consistia no uso de uma droga importada para retardar a metástase e o bicho poder ter uma melhor qualidade de vida. Na primeira semana, conta Carlos, Pimpão já estava se levantando. ;Esse tratamento, para mim, é simplesmente um milagre da ciência. Um cachorro que estava datado para morrer vive bem hoje, depois de três anos de tratamento.;
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Prevenção

O câncer de próstata é um tipo não muito comum. Segundo a oncologista veterinária Stefani Maria Souza Silva, pós-graduada em cirurgia oncológica e reconstrutiva, entre as neoplasias, o câncer de próstata em cães representa apenas 1% dos casos. Porém, isso não significa que não deva ter relevância. ;Muitas vezes, o diagnóstico vem tardiamente.;

É comum, ao pesquisar na internet sobre esse tipo de câncer em pets, que a castração pode ser um dos métodos necessários. No entanto, Stefani garante que não há evidências sobre isso. A causa ainda é desconhecida e ocorre tanto em machos castrados quanto em machos inteiros (não castrados).

;É importante diferenciar qualquer alteração na próstata antes de uma cirurgia prévia. A castração não resolverá o problema do paciente e a próstata continuará aumentando.; Mas cabe ressaltar que a castração é importante sim. ;Devido ao grande número de doenças prostáticas não neoplásicas.;

Os principais sintomas

  • Dificuldade para defecar e urinar. Afinal, a proximidade da próstata ao ânus, somada ao inchaço da região, pode interferir no ato.
  • A urina do animal sai gotejando e com sangue.
  • Movimento de locomoção limitado, como subir em móveis ou degraus.
  • Emagrecimento por diminuição de apetite.
Fonte: César Costa Zaine é médico veterinário, clínico médico e cirúrgico.

Exames

  • São dois métodos mais utilizados para diagnosticar o câncer de próstata:
  • Palpação retal: exame que possibilita ao veterinário perceber se há alguma modificação no tamanho da glândula. Conhecido como exame de toque.
  • Ultrassonografia: serão observadas especificidades da próstata e como o câncer a atingiu. Assim é possível identificar o tratamento correto.
Fonte: César Costa Zaine é médico veterinário, clínico médico e cirúrgico.
*Estagiário sob supervisão de Sibele Negromonte

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