São muitos os fatores que levam a garotada a dormir menos, e o mais lembrado costuma ser o mundo digital. Uma pesquisa recém-publicada pelo periódico da Academia Americana de Medicina do Sono mostra que crianças e adolescentes que dormem pouco realmente são mais expostas às telas de smartphones, tablets, TVs, etc. Porém, o que chama mais atenção no estudo é que elas também têm maior tendência à obesidade e têm uma dieta pouco saudável: comem mais doces e fast foods e mais frequentemente ficam sem o café da manhã.
De um total de quase 200 mil crianças americanas estudadas, cerca de 40% dormiam menos que o recomendado que são 9 a 12 horas entre as crianças de 6 a 12 anos de idade e 10 horas entre os adolescentes de 13 a 18 anos. Além disso, adolescentes com privação de sono também tinham menos capacidade aeróbica.
Pesquisas robustas já haviam demonstrado que crianças e adolescentes têm dormido cada vez menos ao longo das últimas décadas. Além da exposição à mídia eletrônica, há, entre os adolescentes, o consumo excessivo de cafeína e isso acaba virando um círculo vicioso. Ao dormir menos, o adolescente usa mais cafeína para combater a sonolência diurna, substância que sabidamente pode provocar insônia.
Os adolescentes ainda são expostos a outros fatores de estresse que podem contribuir para que eles durmam menos, como a pressão por um brilhante desempenho acadêmico. Essa privação de sono aumenta o nível de cochilos na escola, e os efeitos vão muito além disso. Crianças e adolescentes que dormem pouco também têm maior risco de depressão, alergias e exacerbação de crises de asma.
* Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e Diretor Clínico do Instituto do Cérebro de Brasília