André Baioff*
postado em 30/12/2018 08:00
Para algumas pessoas, planejar o réveillon é uma missão que inclui um importante integrante da família: os pets. Os fogos de artifício, que tanto alegram a celebração, se tornam um martírio para os aguçados e sensíveis ouvidos dos animais. Pensando nisso, tutores buscam alternativas, como levá-los a lugares afastados e protegidos dos estrondos.
Leandro Romano, coordenador do curso de medicina veterinária da Anhanguera de Campo Limpo, explica que o forte barulho é um grande causador de problemas para os animais, em particular nos cães. ;Eles tendem a procurar o tutor constantemente, com o intuito de se proteger. Os gatos, comumente, somem de vista, desaparecem por um intervalo, procurando abrigo seguro.;
A médica veterinária Julia Oliveira de Camargo explica que, como a audição dos bichos é mais forte que a dos humanos, barulho alto causa estresse, medo e ansiedade. Em casos extremos, faz com que os animais se joguem da sacada de apartamento, por exemplo. ;Já ouvi também relatos de animais que sofreram convulsões.; Cães idosos podem, inclusive, sofrer infarto.
A professora Irene Moreira Franco, 35 anos, é tutora da dachshund Gaby Moreira, 5. Ela mora em um apartamento em Samambaia. Porém, sempre na passagem de ano, leva Gaby à chácara do pai, em Niquelândia (GO), para fugir do barulho dos fogos.
Irene lembra que, quando era mais nova, a cadelinha não se importava com os fogos de artifícios. Há três anos, porém, ao passar o réveillon na casa da mãe, tudo mudou. ;Hoje, tem pavor. Sempre quando tem fogos, ela se esconde e se treme toda.; Irene conta que, na época, a mãe dela e toda a família ficaram ;dengando; Gaby, e, acredita, isso foi mais um gatilho desenvolver a fobia.
Irene cita que alguns veterinários defendem que, se o tutor acariciar o animal em situações de estresse, ele vai alimentar o medo e sempre procurar afago quando estiver em pânico. A tutora credita o medo que Gaby desenvolveu ao bajulamento da família. Quando os fogos são inevitáveis, Irene fecha as janelas e as portas do apartamento e coloca algodões nos ouvidos de Gaby. ;Há pessoas que dão florais para acalmar.;.
Empreendimento
A empreendedora Paula Renata Queiroga, 43 anos, é tutora de três cães da raça shih-tzu ; Cacau, 5, Maninha, 4, e Maia, 3 ; e o yorkshire Bingo, 8. Ela tem um espaço de hospedagem canina de porte pequeno. Nesta época de comemorações do ano-novo, Paula conta que o número de pessoas que buscam o serviço só cresce.
;Alguns porque vão viajar. Mas muitos nos procuram por conta dos fogos;, diz. A empresária conta que, no momento em que os fogos pipocarem, colocará todos os bichos para dentro de casa e aumentará o volume do som, para amenizar a intensidade dos barulhos externos. Para ela, cada animal age de uma forma.
;Umas das minhas cachorras, por exemplo, fica irritada e vai atrás dos fogos. Tem uma outra que se esconde nas minhas pernas.; Paula aconselha aos tutores que não sabem como ajudar os pets a darem a refeição antes do horário, porque eles costumam ficar nervosos e vomitar toda a comida se se alimentarem minutos antes. ;Como as pessoas costumam soltar bem antes, deem a refeição por volta das 18h.;
Passa a passo
Priscila Brabec, médica veterinária e gerente de produtos da unidade de pets da Ceva Saúde Animal, preparou três dicas que ajudam a melhorar o bem-estar dos cães durante a queima de fogos:
- Não deixe o animal sozinho: é indicado que o tutor deixe o cão em quarto preparado e aconchegante e fique junto ao pet. Isso evita acidentes e, muitas vezes, serve como ferramenta para minimizar o medo do animal.
- Coloque algodão no ouvido: a medida é simples, basta enrolar um chumaço de algodão e colocar no ouvido do pet. O item deve ficar firme para não cair da orelha durante o momento de agitação, porém, é preciso tomar cuidado ao introduzir o algodão para não machucar o animal.
- Prepare o ambiente: para segurança do pet, prepare um quarto com os brinquedos preferidos e as comidas/petiscos de que ele goste. Mantenha as janelas e as portas fechadas. Como muitos animais se escondem por conta do barulho e podem acabar buscando abrigo em locais perigosos, a melhor saída é criar um refúgio em um ambiente seguro.
Orientações
Veja abaixo alguns conselhos da Julia Oliveira de Camargo, médica veterinária pela Universidade Anhembi Morumbi, para agir com os pets:
- Sedativos e medicações naturais: atualmente, existem alguns sedativos que podem ser dados aos animais e que ajudam a acalmar e a relaxar. Porém, nem todos os animais podem tomar esse tipo de medicação. ;Os riscos aumentam em algumas situações e precisam ser verificados, principalmente com animais idosos;, afirma Julia. Por isso, o ideal é que eles passem por um veterinário antes, para verificar se estão realmente aptos a tomar sedativos. ;Existem também outras medicações que são mais naturais, como florais e remédios feitos de flores e frutas;, esclarece a veterinária.
- Atenção às reações dos pets: Julia afirma que as reações mais comuns do animal são ficar bastante agitado, pular e latir muito, como se estivesse muito estressados. Porém, há casos mais graves, em que os pets chegam a se debater e a se cortar. ;Há relatos ainda de rojões que caem dentro de algumas casas, os donos nem percebem, os animais colocam o rojão na boca e ele estoura, causando ferimentos extremamente graves ou até mesmo a morte;, lamenta.
* Estagiário sob supervisão de Sibele Negromonte
Agradecimentos
PR;s Dog House