Nossas escolhas musicais são influenciadas por diversos fatores, como onde vivemos, períodos do dia e do ano, idade e gênero. Essa é conclusão de um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Cornell nos EUA e publicado recentemente no periódico Nature Human Behaviour.
Uma das principais questões que a pesquisa ajuda a responder é se nosso estado emocional ajuda a definir a música que escutamos ou se a música também é capaz de modificar nossas emoções. Os pesquisadores de Cornell apontam que ambas as situações são verdadeiras. Indivíduos que têm tendência a dormir tarde ouvem músicas menos vigorosas, mas no decorrer do dia, as músicas vão ficando mais intensas, mesmo no meio da tarde, quando as pessoas estão mais ;devagar;. Isso indica que a música pode ser uma ferramenta para que essas pessoas se mantenham alertas durante o dia. A música reflete como a pessoa está se sentindo, mas também como ela gostaria de estar se sentido.
A pesquisa foi feita através dos registros de streaming de 765 milhões de músicas da plataforma Spotify entre 1 milhão de pessoas em 51 diferentes países. Nas diversas culturas estudadas, as pessoas ouvem músicas mais relaxantes à noite e mais intensas no horário comercial. Além disso, pessoas mais velhas dão preferência a músicas mais relaxantes.
Pessoas que vivem no ocidente ouvem músicas mais intensas quando comparadas às do oriente. Mulheres ouvem música menos intensas, especialmente à noite, mas aquelas do hemisfério sul ouvem músicas mais vigorosas que os homens. A estação do ano fez diferença também. As músicas eram mais relaxantes em temperaturas mais frias. Em culturas próximas ao equador, onde a duração dos dias e noites é mais equilibrado, a música era mais intensa, e esse foi o melhor fator preditivo para a intensidade das músicas.
Os resultados do estudo são concordantes com outras pesquisas que apontaram que a música que se ouve varia de acordo com o estado emocional e mostram o retrato dos ritmos emocionais do comportamento humano.
* Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e Diretor Clínico do Instituto do Cérebro de Brasília