Ana Flávia Castro *
postado em 10/02/2019 08:00 / atualizado em 19/10/2020 12:11
É natural pensar que para resolver um problema de saúde específico há um médico especialista em cada área. Por que com os animais seria diferente? Nos últimos anos, as clínicas veterinárias especializadas estão em expansão, já que cada enfermidade exige tratamento e atenção diferenciados. “Os animais, desde os anos 1990, vivem mais dentro de casa, e o cuidado dos donos é maior. Os tutores tratam as doenças deles com mais afinco e se dedicam a salvar o pet”, explica Sandro Alex Stefanes, especialista em ortopedia e neurocirurgia veterinária.
Por isso, a preocupação é crescente. Além dos clínicos gerais, muitos profissionais procuram cursos de pós-graduação em áreas como cardiologia, nefrologia, dermatologia e até homeopatia. Mas isso não significa que o clínico geral fique de lado como profissional da saúde. Ele é responsável por conhecer um pouco de tudo e fazer um processo de triagem seguro para que o animal seja encaminhado ao profissional responsável por resolver o problema específico.
Quem entende do assunto
O tratamento do Bart, no final do ano passado, extrapolou os limites da clínica geral. O cocker spaniel alemão de 14 anos sofreu uma fratura mandibular após um atropelamento. Ele já apresentava um quadro tratado como pneunomia e era acompanhado por um hospital veterinário.
“Logo após o atropelamento, eu o levei a uma clínica de emergência, mas o médico não deu muita atenção aos ferimentos. Disse que, por ele ser idoso, uma cirurgia seria muito invasiva”, conta a tutora, Joscileide Carvalho, 47. Porém, no dia seguinte, ela levou o bichinho ao Hospital Veterinário Público, que a encaminhou para a clínica de Sérgia Beatriz Santana, veterinária especialista em odontologia veterinária.
A profissional foi responsável por cuidar do cocker, que tinha todos os dentes quebrados e precisou passar por uma mandibulectomia (remoção de parte da mandíbula). A fratura foi facilitada pelo acúmulo de tártaro. Depois do procedimento, e com o acompanhamento adequado, a veterinária identificou que o cocker não tinha pneumonia e sim uma infecção nos dentes. “Acho que o atropelamento foi um gatilho para que conseguíssemos descobrir o que ele realmente tinha e salvá-lo”, alegra-se Juscileide.
Saúde de confiança
Encontrar um profissional especializado é cada vez mais fácil com ajuda da internet. Mas o especialista Sandro Alex Stefanes alerta para a preocupação com a qualidade da informação disponível nessa fonte. Conferir o currículo do profissional é fundamental para proteger o seu bichinho. “Quando você trata de um ser completamente dependente de você, a responsabilidade é muito maior. Você é totalmente encarregado pela vida dele”, pondera o especialista.
A tutora Paula Soares, 27, só ficou tranquila em relação a Toy depois que ele passou a ser acompanhado por uma dermatologista. O maltês de seis anos tem dermatite atópica — doença inflamatória de pele que causa coceira, vermelhidão, irritação e perda de pelo em excesso. “Ele sofre muito com a coceira e com os incômodos da doença. Antes de encontrar um especialista, ninguém conseguia amenizar o sofrimento do meu bichinho”, conta Paula. Como o quadro não tem cura, o pet precisa de atenção permanente.
Toy já tentou tratamento de ozonioterapia e com células tronco, mas o que realmente faz efeito para ele são os corticoides, mas que têm muitos efeitos colaterais. “É um problema que não tem cura, mas o atendimento dermatologista faz toda a diferença para diminuir os efeitos da doença e permitir que ele viva com mais qualidade”, considera a tutora.
*Estagiária sob a supervisão de Flávia Duarte