Marina Adorno - Especial para o Correio
postado em 24/02/2019 08:00
Receber convidados não é uma tarefa simples, muito menos para quem gosta de pensar em cada detalhe com carinho e transformar uma simples visita em um momento marcante. Para os anfitriões natos, ter um bar completo e vistoso é indispensável. Além de práticos, os bares residenciais são maneiras de acrescentar charme e personalidade ao ambiente.
O interesse de escolher um canto para acomodar as garrafas preferidas não é uma novidade e, para a arquiteta Karina Korn, nunca vai deixar de existir. Entretanto, o estilo dos bares evoluiu de forma inegável ao longo dos anos. ;Antigamente, era normal ver aqueles bares enormes de madeira, montados no canto, com taças penduradas.; Aos poucos, eles foram diminuindo ; reflexo também da redução do tamanho dos imóveis.
Renato Andrade observa que esse desejo é maior entre os clientes mais jovens e com uma vida social ativa. ;Quando eles não pedem, a gente costuma sugerir. É mais uma opção de espaço de convívio e um complemento à decoração;, conta o arquiteto do escritório Andrade Mello Arquitetura & Interiores. Para ele, outra vantagem é o vínculo emocional. Afinal, bebidas costumam ser presentes e, assim como porta-retratos, despertam lembranças de pessoas e momentos importantes.
O culto pelas bebidas é uma tendência crescente. Degustar vinhos e cervejas é uma arte quase complexa. Adegas não são mais vistas apenas em estabelecimentos comerciais. Conquistaram de forma gradativa espaço nas residências. ;Acho que as pessoas têm optado mais por receber amigos e familiares em casa. Talvez até por segurança;, comenta Karina.
A arquiteta acha que vale a pena investir no bar domiciliar e torná-lo um lugar agradável. ;É um espaço para curtir o momento, desacelerar e receber pessoas queridas.; Bares devem estar à vista. Por essa razão, Karina descarta instalá-los nas áreas íntimas da casa. Salas de estar, de jantar ou cozinhas abertas e modernas são os ambientes ideais. Renato acrescenta que não há regra, mas julga a sala de estar a mais apropriada e convidativa.
Minimalismo e personalidade
Em contraste com o peso dos antigos bares de madeira, atualmente, o estilo mais procurado é contemporâneo e minimalista. Engana-se quem pensa que não é possível ter um bar em ambientes pequenos ; o tamanho não é um fator limitante. ;Um cantinho, um aparador do lado do sofá, uma estante, um armário embutido, um bufê ou o famoso carrinho são ótimas alternativas;, acrescenta Karina. Esse último é a versão mais simples de implementar e também mais versátil, pela vantagem de poder ser levado para qualquer cômodo.
Renato destaca que o bar não precisa se limitar apenas às bebidas alcoólicas. Uma estação de café também é uma boa opção. O que importa é refletir o gosto do morador. ;Tudo na casa tem que ter uma reação com quem vai morar lá. No bar, não seria diferente;, conclui o arquiteto. Nesses casos, combine a máquina com xícaras com design diferenciado.
Para um efeito decorativo, os dois profissionais apostam em garrafas e taças variadas. Flores, plantas e adornos que remetem à temática de bar são bem-vindos e acrescentam charme. Karina gosta de incluir peças garimpadas em feiras de antiguidades, enquanto Renato acredita que itens vintage valem a pena quando trazem uma história especial ou vínculo familiar. Como sempre, a personalidade do proprietário é o que deve prevalecer. Encontre seu estilo e aproveite o happy hour caseiro.
O bar perfeito
O mixologista Gustavo Guedes dá algumas dicas essenciais para compor o bar perfeito na sala de casa. Ele defende que não é preciso extrapolar o orçamento com equipamentos avançados e licores raros. ;Itens básicos vão permitir que você execute inúmeras receitas da coquetelaria clássica e, se você for mais ousado, drinques autorais;, orienta o profissional. Confira a lista do barman brasiliense:
Coqueteleira: ;Não pode faltar. É o item mais icônico do bartender, permite adicionarmos líquidos de diferentes densidades e gelo para adicionar água e conferir a temperatura ideal dos drinques batidos. Existem vários tipos, escolha a que preferir!”
Dosador (ou jigger): ;As medidas valem ouro na hora de se preparar um bom drinque! Sejam os exatos mililitros ou, ao menos, as proporções para conseguirmos coquetéis equilibrados.;
Stainer (coador que tem encaixe perfeito para coqueteleira): ;Afinal, ninguém gosta de engasgar com sementes ou pedacinhos de ervas.;
Bailarina (nome dado à colher de bar): ;Sugiro comprar as com o cabo em espiral para mexer drinques com mais eficiência.;
Gustavo acrescenta à lista outros equipamentos que, apesar de opcionais, são muito úteis. São eles: mixing glass (copo mexedor), tapete de bar, macerador (pilão para amassar frutas), faca de bar, zester (descascador para cítricos), palitos para coquetéis, pegador de frutas, biqueira para garrafa, pá e balde de gelo.
No quesito copos, Gustavo recomenda adquirir quatro modelos que permitem servir quase todos os drinques existentes: taça de vinho tinto, copo baixo (old fashioned), copo alto (long drink) e taça coquetel (a famosa martini).
Com o bar devidamente equipado, é chegada a hora de escolher as bebidas. Além das bases, como vodca, gim, uísque, cachaça, rum, tequila, espumante e saquê, vale investir em licores, xaropes, vermutes, amaros, sucos e bebidas gaseificadas, como água tônica.
;A dica é: pegue a receita e faça as compras para não adquirir garrafas que ficarão empoeiradas no bar ou prateleira por não terem tanto uso. Recomendo começar pelos clássicos e sempre ousar com ingredientes brasileiros. A partir daí, é chamar o pessoal, botar a mão na massa para fazer bons drinques. E saúde!”, ensina Gustavo Guedes.