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Conectados: Saiba mais sobre entretenimento digital para os pets

Emissoras de tevê e de streaming, além de aplicativos e canais de YouTube, oferecem opções para recreação dos pets. Conheça os serviços e saiba o que especialistas acham deles

Ronayre Nunes
postado em 14/04/2019 08:00
O dogo argentino Jon Snow conseguiu ficar mais de meia hora com o foco na TV

Chegar do trabalho depois de um longo dia, sentar no sofá esparramado, tirar o sapato desconfortável e ligar a televisão para dar aquela relaxada. A sensação de prazer que acomete milhares de pessoas está virando tendência, agora, entre os animais. Óbvio que os bichinhos não têm um dia difícil no serviço nem usam calçados apertados, mas a alegria de um bom entretenimento televisivo já está ao alcances das patinhas.

[SAIBAMAIS]Com cerca de 600 milhões de cães de estimação no mundo ; sendo cerca de 52 milhões só no Brasil ;, não é de espantar que emissoras de tevê e de streaming, além de aplicativos e canais de YouTube, apostem em um público novo: os pets. Na programação, conteúdos especialmente pensados para os bichinhos parecem chamar a atenção dos animais e, melhor ainda, podem se tornar uma opção de companhia para quando os donos não estão disponíveis.

;É um tipo de mercado que cresce. Começou fora do Brasil e agora está chegando aqui. Pode ser uma distração interessante, mas é preciso cuidado;, explica Cleber Santos, especialista em comportamento animal e proprietário da ComportPet. De acordo com ele, a principal dúvida em relação à funcionalidade desse tipo de serviço é válida a partir da personalidade de cada pet, o que ditará também a segurança do animal.

;Esse tipo de entretenimento é mais indicado para os cães mais apáticos, que não vão se agitar muito, e apresentam necessidade de companhia. Agora, se o cão já for naturalmente agitado, o cuidado precisa ser maior. Eu já vi casos de animais que derrubaram a tevê porque ficaram muito agitados. Em resumo, funciona, sim, mas de forma distinta para diferentes tipos de cães;, defende o especialista.

De acordo com Eduardo Bessa, especialista e professor em comportamento animal pela Universidade de Brasília (UnB), esse tipo de serviço está atrelado a um espectro de atenção dos animais, pelo menos no âmbito da visão e da audição. ;É importante lembrar que cachorros e gatos percebem o mundo de forma diferente dos humanos. Mesmo que alguns desses serviços tenham sido construídos focado para os animais, os pets são muito mais olfativos do que visuais, então esse mecanismo pode ser muito limitado nesse sentido, é uma experiência que pode quebrar o galho;, pondera.

Ainda segundo Bessa, a tevê ou os aplicativos não podem separar os donos e os animais. Pelo contrário, devem apenas ser uma alternativa de entretenimento quando a relação for impossibilitada. ;É importante lembrar que uma atividade dessa nunca vai suprir a necessidade do cão de socializar ou brincar. Entretanto, quando as pessoas não podem ficar com o animal, essa é uma alternativa. Nesse sentido, pode ser uma boa ou melhor do que o animal ficar sozinho em casa.;

Voz da experiência


Entre o variado conteúdo para animais, uma das tendências é a DogTV. De acordo com o próprio canal, foram 68 estudos acadêmicos sobre comportamento canino que guiaram a programação, com temas, escalas tonais e sonoridade especialmente atraentes para os cachorros.

O canal de tevê a cabo tem pouco mais de dois anos no país, mas a popularização já começa a tomar forma. Uma das que experimentaram o serviço, a paulista Karla Castro, 39, assegura os resultados. ;Na verdade, eu estava passando os canais e vi. Daí, decidi parar para conferir. Quando eu liguei na frente de Maruska, ela parou para olhar. Acho que as cores foram o detalhe mais atrativo, ela ficou acompanhando;, explica a dona da chow chow Maruska, de 1 ano e 2 meses.

A bióloga ainda comenta sobre o conteúdo: ;O canal tem uma imagem com uns barulhinhos e sons que chamam a atenção, uma coisa mais agitada. Depois, uma parte mais tranquila com menos agitação. Acho que eles tentam fazer esse equilíbrio;.

A empresária Thais Vetter, 42, também apresentou o entretenimento televisivo para os cachorros Jon Snow, dogo argentino de 3 anos, e Johnny, pitbull de 17. Para ela, surpreendentemente, o mais novo foi o que mais tomou gosto pelo programa de tevê. ;Ele ficou vidrado e quietinho. Foi uma coisa que realmente conseguiu prender a atenção dele. Jon Snow ficou mais de meia hora parado, o que me surpreendeu, porque ele não é muito agitado, mas tem muita energia, não costuma ficar muito tempo na frente da tevê;, argumenta.

Rosely da Gama, 58, é dona do vira-lata Jon, de 2 anos, de Maloquinha, também vira-lata, de 6 anos, e do gatinho Thor, de 7 anos. De acordo com ela, a idade também pareceu ser um fator de relevância na atenção dos cachorros. ;Não é só o visual, há também os barulhinhos. A mais velha não deu muita atenção; agora, o mais novo ficou parado, assistindo. Ele, inclusive, interage, latindo de volta, chega perto da tevê. Eu já vi que, na programação, passa, especialmente, os cachorrinhos passeando, às vezes, há também um carrinho correndo. De madrugada, tem umas coisas mais abstratas, como água correndo, acho que, nesse caso, o intuito é relaxar.;

Conteúdo


Beke Lubeach, gerente-geral da DogTV nos Estados Unidos, bateu um papo com a Revista e explicou um pouco mais sobre o serviço. Segundo ele, os benefícios da programação não estão exclusivamente ligados ao fato de o cachorro sentar em frente à televisão: ;Cachorros não assistem à tevê como os humanos. Na verdade, o animal não precisa sentar no sofá e ver a programação. Os benefícios podem vir desde escutar os sons tanto quanto ver os sinais da tela. Nós sabemos que cachorros diferentes têm necessidades diferentes. Por isso, criamos três categorias de programação: relaxamento, estimulação e exposição;.

O gerente também explica como funciona na prática: ;Nossa programação é desenhada para promover relaxamento para os cachorros que precisam disso. O conteúdo também promove exposição de sons para ajudar os cães a superarem o medo de objetos, como aspiradores de pó, enquanto estão em um local seguro;.

Tanto Karla quanto Thais aproveitaram os meses de cortesia do canal e não quiseram apostar em uma conta a mais após o período de cortesia. Ambas explicaram que a conta poderia pesar no orçamento da casa. Rosely, entretanto, decidiu pagar a mais pelo serviço. De acordo com a aposentada, até o momento, o gasto tem sido válido: ;Eu assinei, valeu a pena porque ele gosta muito. Os brinquedos custam quase o mesmo preço, então é uma coisa que compensa;. Opinião unânime das donas de pets, porém, é de que a tevê jamais deve substituir as atividades ao ar livre.

Conheça mais


Os serviços de entretenimento digital para os animais estão em várias plataformas. No streaming, dois populares são os My pet TV (para cachorros) e o Miaow.ie (para gatinhos). A mensalidade do primeiro serviço fica por R$ 9,90. Já o segundo pode ser acessado em completo por US$ 5. Entretanto, opções gratuitas estão especialmente no YouTube. Os canais Paul Dinning e Videos for your cat são os mais conhecidos para os gatinhos, já o Relaxmydog leva muita música para acalmar os cães.

Dicas valiosas


Vai dar uma chance para o pet aproveitar um pouco de entretenimento digital Então, fique atento a alguns detalhes.
Tempo: A quantidade de tempo que cada animal fica em frente a um dispositivo digital varia muito. Seu cachorro pode ficar de cinco minutos a quase meia hora entretido.
Cuidados: Uma dica dos especialistas em comportamento animal é respeitar a personalidade dos pets. Alguns bichinhos, mais agitados, podem ter problemas com a excitação dos conteúdos.
Cada cão na sua: É importante também que os donos entendam que fatores como idade podem influenciar a atenção dos cães pelos conteúdos digitais.
Muita calma: Uma dica para acalmar os animais sem precisar de uma tevê está na música clássica. De acordo com o especialista em comportamento animal Cleber Santos, as canções têm o poder de relaxar os pets.

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