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O cérebro aprende melhor se você intercalar prática com pausas

Prática ininterrupta pode não ser a melhor opção: pausas são importantes para a solidificação da memória e bons exemplos são uma boa noite de sono e uma pausa para atividade física

postado em 16/04/2019 12:00
Prática ininterrupta pode não ser a melhor opção: pausas são importantes para a solidificação da memória e bons exemplos são uma boa noite de sono e uma pausa para atividade física
Praticar, praticar, praticar. Esse é o mantra de muitos estudantes e discuto frequentemente no consultório essa questão com pessoas que querem incrementar o desempenho cerebral. Sempre argumento que pausas são importantes para a solidificação da memória e bons exemplos são uma boa noite de sono e uma pausa para atividade física, especialmente entre um turno e outro. Além de ;esfriar o motor do cérebro;, o exercício físico libera uma série de substâncias no cérebro que facilita o aprendizado.

Outro exemplo interessante de pausas é a famosa técnica ;Pomodoro;. Pomodoro era um timer em formato de tomate que o italiano Francisco Cirillo usava para avisá-lo a cada 25 minutos que estava na hora de uma descanso de cinco minutos. A história rendeu a publicação do livro The Pomodore Technique prometendo melhorar o desempenho no trabalho e nos estudos.

Há poucas semanas, o periódico Current Biology publicou uma pesquisa mostrando que pausas ainda mais frequentes podem fazer com que o aprendizado seja ainda mais eficiente. Os voluntários aprendiam mais quando praticavam por 10 segundos e então descansavam por outros 10 segundos. Isto era feito por 35 vezes e na 11; repetição eles alcançavam uma eficiência máxima que era mantida nas repetições posteriores. O mais interessante é que a atividade cerebral, demonstrada pelo método de magnetoencefalografia, era maior nos períodos de pausa do que durante a prática, refletindo atividade cerebral de consolidação e solidificação da memória.

A pesquisa tinha a intenção de encontrar uma tática que permitisse uma reabilitação cognitiva mais fácil em pessoas que tenham sofrido lesões cerebrais, mas os resultados provavelmente também são válidos para o aprendizado entre indivíduos com cérebro intactos.

*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e Diretor Clínico do Instituto do Cérebro de Brasília

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