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A Revista bateu um papo com a estilista internacional Carolina Herrera

A estilista, que começou a carreira de sucesso internacional nos anos 1980, fala sobre moda nos dias de hoje e a necessidade de evoluir para atrair

Por Marcella Freitas*
postado em 26/05/2019 04:10
A estilista, que começou a carreira de sucesso internacional nos anos 1980, fala sobre moda nos dias de hoje e a necessidade de evoluir para atrairQuando o assunto é a marca construída pela estilista Carolina Herrera, luxo, sofisticação e atemporalidade são adjetivos que logo vêm à mente. A estreia da label se deu em 1981, em Nova York, quando a estilista já era mãe de quatro filhas e estava com 42 anos. Mesmo com idade considerada tardia para a entrada no mundo dos negócios, Herrera vem provando, ao longo da carreira de quase quatro décadas, que, na verdade, a maturidade foi a chave para a consolidação da grife.

Desde a primeira coleção prêt-a-porter, desfilada no Metropolitan Museum, as cores vibrantes que lembram suas raízes venezuelanas, as sobreposições de tecidos e a estampa polka dots (poás) já estavam presentes nas criações de Carolina. ;Eu me encantei pela estampa polka dots por causa da dança flamenca, quando fiz uma viagem a Sevilha;, conta a estilista.

E não demorou muito para que os modelos de Herrera chamassem a atenção da alta sociedade americana. Na lista de clientes que confiaram no trabalho da estilista ainda no início da carreira, estão nomes como a visionária Estée Luader e a ex-primeira-dama dos Estados Unidos Jacqueline Kennedy Onassis.

Hoje, com o público consolidado, a marca abrange quase todos os itens que compõem o closet da mulher sofisticada e moderna e que não abre mão de manter a linha atemporal. ;Seguir tendências é como vestir uniformes. É só observar as pessoas que usam peças que estão em alta e verá que estão praticamente iguais; comenta a matriarca, que esteve no Brasil, ao lado da filha Carolina Herrera de Baez, diretora de fragrâncias da marca, para o evento Dot Club, que celebra a icônica estampa polka dots presente na edição de colecionador de Good Girl, um dos perfumes mais célebres da marca.

Com muito bom humor, Carolina Herrera contou à Revista um pouco sobre a trajetória no mundo da moda, empreendedorismo e sua nova fase na label, após confiar a diretoria criativa ao jovem estilista Wes Gordon, em 2018. Confira alguns trechos da entrevista.


Quando a senhora deu início à sua marca, estava com 42 anos e já era mãe de quatro meninas. Acredita que a maturidade ajudou na construção de sua carreira?
Eu acho que sempre há tempo para a pessoa fazer o que quiser. Você pode começar aos 20, aos 42 anos, aos 50; É o mesmo (desafio), se fizer isso por si mesma. Nós, mulheres, podemos fazer tudo. Podemos ter uma família e uma carreira. É isso que nos difere dos homens: fazemos muitas coisas ao mesmo tempo. Homens, só uma (risos). Por isso, nós devemos tentar. Se tem uma família e quer trabalhar, aconselho que apenas tente, vá.

O que faz uma mulher ser elegante?
Muitas coisas! E não se trata apenas do que veste. Tampouco é sobre ter dinheiro. Vejo muitas mulheres por aí com muito dinheiro e que não são elegantes, mesmo podendo comprar tudo. É sobre ter atitude. Elegância é o que você pensa, é como você anda, o jeito que você fala. É uma combinação de muitos elementos. Não pode ser resumida apenas à roupa que você veste.

A senhora carrega um pouco das raízes venezuelanas nas criações?
Você nunca pode se esquecer das suasraízes, de onde você veio. Eu tenho muito orgulho de ter nascido na Venezuela e, em alguns aspectos, vejo que o meu país se parece com o Brasil: nós somos muito tropicais. Apesar de termos cores em todos os lugares do mundo, quando alguém de fora se depara com flores e muito verde, já imagina que se trata de uma criação latina.

Ao longo da carreira, a senhora vestiu mulheres que são consideradas ícones de elegância, como Oprah Winfrey, Blake Lively, recentemente Megan Markle. Mas como foi a experiência de ser a estilista da primeira-dama Jackeline Kennedy?
Foi uma ótima experiência vestir Jackie Kennedy. Para mim, ela não era só uma mulher elegante: ela era inteligente e estava muito engajada na história dos Estados Unidos. Jackie era muito mais do que uma primeira-dama bonita e bem-vestida, ela era uma amiga próxima e eu sempre tive uma grande admiração.

Qual é o segredo para manter a fidelidade dos adeptos da marca e, ao mesmo tempo, conseguir atrair as novas gerações?
Eu creio que é preciso evoluir para atrair. Não necessariamente revolucionar, mas evoluir. A moda está confusa hoje em dia, e mais do que nunca é necessário se manter fiel, seguir uma linha dentro daquilo que você acredita que deve ser o que as mulheres vão vestir. Por isso, acredito que você pode mudar um pouco, mas não totalmente. Do contrário, não seria a marca Herrera.

Carolina Herrera de Baez: Eu concordo com minha mãe. Os tempos mudam e é preciso se atualizar e renovar. Não podemos ficar presos em nossa zona de conforto. Mas creio que é preciso se manter fiel ao estilo original. E esse é um dos maiores desafios. Um exemplo de marca que consegue fazê-lo muito bem é a Chanel. Reconhece-se o estilo hoje ou daqui a 90 anos.

Após nomear Wes Gordon novo diretor criativo da marca em 2018, qual a sua nova ocupação na marca?
Meu novo papel é fazer exatamente o que estou fazendo (risos). Agora, eu posso me dedicar às viagens, participar do lançamento dos perfumes e;. posso dizer que estou muito feliz com a nova fase. Fico contente com o Wes também, porque ele me escolheu, e eu o escolhi, e acredito que ele tem feito um trabalho brilhante na marca. Quando vou para os desfiles e o vejo na frente, eu me sinto como uma professora que tem um aluno excepcional.

Há alguma coisa que vocês ainda não tentaram e desejam conquistar?
Acho que eu já fiz tudo de que gostaria (risos). Todas as coisas que aconteceram na minha carreira foram uma grande surpresa.

*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte




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