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Roberta Donato, gestora da Donato Viagens, passou 13 anos acompanhando excursões em grupo pelo mundo. Hoje, ela administra a agência da família, especializada em pacotes voltados para a terceira idade. Para se ter noção: a faixa etária dos clientes é de 75 anos. ;Isso diz muito sobre ter uma visão otimista para essa fase da vida, porque nunca é tarde para viajar. Dá para perceber que existem, sim, grandes oportunidades para os mais velhos;, afirma.

Quando respiram novos ares, os viajantes se abrem ao novo. ;Quem viaja se reconecta com a vida, encontra uma chance de refletir sobre a cultura, traz alegria e vontade de viver. É revigorante. Os que se aventuram pela primeira vez se encantam, e os que têm poucos amigos ganham novas companhias;, complementa. A solidão é justamente uma das principais questões nessa fase da vida, mas viajar pode ser uma ótima opção para contornar o isolamento e envelhecer com qualidade.

Júnior Lins, diretor-executivo da Agência de Viagens Bancorbrás, afirma que os dados da empresa corroboram a percepção de Roberta. Em questionários feitos com os idosos antes e depois das viagens, a interação aparece como fator fundamental no aumento da qualidade de vida. Os viajantes fazem amizades com pessoas de outros estados e cidade, o que abre a possibilidade de novos passeios e de interações com pessoas da mesma faixa etária, com assuntos similares.

Muitas vezes, a idade pede ajustes no roteiro. Tours mais demorados, pausas mais longas e com mais paradas para ir ao banheiro são especificidades das excursões voltadas para esse público. Conhecer muitos lugares em um espaço curto de tempo é um complicador, porque a energia vai acabando.

Nos passeios, ter um acompanhante sempre por perto é muito importante. A orientação facilita muito em viagens internacionais, por conta da língua. Em casos de emergência, o guia é orientado a acionar o seguro de saúde. ;Uma programação completa, interessante, com horários livres de vez em quando deixam os mais velhos seguros e mais à vontade;, indica Roberta.

Júnior explica que as viagens planejadas especificamente para os grupos de idosos precisam de atenção diferenciada ao escolher destinos e roteiros. Com clientes entre 60 e 80 anos e até mesmo alguns que já passaram dos 90, é imprescindível um planejamento cuidadoso.

É ideal que os restaurantes e hotéis tenham fácil acesso, com carregadores de bagagem e poucas escadas, e que os passeios mais puxados tenham paradas para descanso, alimentação e banheiro. Outro cuidado importante, segundo o diretor-executivo, é com restrições alimentares e com os horários das refeições, que precisam ser respeitados.

Júnior afirma que os destinos preferidos são os que têm forte apelo cultural, religioso e arquitetônico. ;Eles também adoram lugares que têm natureza e ares de contemplação.; Atividades de dança, bailes, jantares temáticos atraem bastante a terceira idade.

Nada de solidão
Diretor da Pastore Turismo, agência também especializada na terceira idade, Rodrigo Pastore conta que um dos movimentos que considera interessante no mercado é o fato de que os idosos que inicialmente viajam sozinhos logo aparecem cheios de companhias. ;Nas primeiras excursões, eles fazem amizades com outros passageiros e não viajam mais individualmente, mas, sim, com o novo grupo de amigos.;

Rodrigo acrescenta que o grande diferencial nas viagens para terceira idade é ganhar a confiança dos clientes, que são mais rigorosos e exigentes, tanto em relação ao modo de tratamento quanto à qualidade de hotéis, passeios, alimentação e transporte. O conforto é essencial e, depois de passar a vida trabalhando e com pouco tempo para curtir, eles querem ; e merecem, ressalta Rodrigo ; aproveitar da melhor forma possível.