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Correio Braziliense
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postado em 26/05/2019 04:10
Aos 75 anos, Dulce Maria de Oliveira esbanja disposição para embarcar em aventuras

Roberta Donato, gestora da Donato Viagens, passou 13 anos acompanhando excursões em grupo pelo mundo. Hoje, ela administra a agência da família, especializada em pacotes voltados para a terceira idade. Para se ter noção: a faixa etária dos clientes é de 75 anos. ;Isso diz muito sobre ter uma visão otimista para essa fase da vida, porque nunca é tarde para viajar. Dá para perceber que existem, sim, grandes oportunidades para os mais velhos;, afirma.

Quando respiram novos ares, os viajantes se abrem ao novo. ;Quem viaja se reconecta com a vida, encontra uma chance de refletir sobre a cultura, traz alegria e vontade de viver. É revigorante. Os que se aventuram pela primeira vez se encantam, e os que têm poucos amigos ganham novas companhias;, complementa. A solidão é justamente uma das principais questões nessa fase da vida, mas viajar pode ser uma ótima opção para contornar o isolamento e envelhecer com qualidade.

Júnior Lins, diretor-executivo da Agência de Viagens Bancorbrás, afirma que os dados da empresa corroboram a percepção de Roberta. Em questionários feitos com os idosos antes e depois das viagens, a interação aparece como fator fundamental no aumento da qualidade de vida. Os viajantes fazem amizades com pessoas de outros estados e cidade, o que abre a possibilidade de novos passeios e de interações com pessoas da mesma faixa etária, com assuntos similares.

Muitas vezes, a idade pede ajustes no roteiro. Tours mais demorados, pausas mais longas e com mais paradas para ir ao banheiro são especificidades das excursões voltadas para esse público. Conhecer muitos lugares em um espaço curto de tempo é um complicador, porque a energia vai acabando.

Nos passeios, ter um acompanhante sempre por perto é muito importante. A orientação facilita muito em viagens internacionais, por conta da língua. Em casos de emergência, o guia é orientado a acionar o seguro de saúde. ;Uma programação completa, interessante, com horários livres de vez em quando deixam os mais velhos seguros e mais à vontade;, indica Roberta.

Júnior explica que as viagens planejadas especificamente para os grupos de idosos precisam de atenção diferenciada ao escolher destinos e roteiros. Com clientes entre 60 e 80 anos e até mesmo alguns que já passaram dos 90, é imprescindível um planejamento cuidadoso.

É ideal que os restaurantes e hotéis tenham fácil acesso, com carregadores de bagagem e poucas escadas, e que os passeios mais puxados tenham paradas para descanso, alimentação e banheiro. Outro cuidado importante, segundo o diretor-executivo, é com restrições alimentares e com os horários das refeições, que precisam ser respeitados.

Júnior afirma que os destinos preferidos são os que têm forte apelo cultural, religioso e arquitetônico. ;Eles também adoram lugares que têm natureza e ares de contemplação.; Atividades de dança, bailes, jantares temáticos atraem bastante a terceira idade.

Nada de solidão
Diretor da Pastore Turismo, agência também especializada na terceira idade, Rodrigo Pastore conta que um dos movimentos que considera interessante no mercado é o fato de que os idosos que inicialmente viajam sozinhos logo aparecem cheios de companhias. ;Nas primeiras excursões, eles fazem amizades com outros passageiros e não viajam mais individualmente, mas, sim, com o novo grupo de amigos.;

Rodrigo acrescenta que o grande diferencial nas viagens para terceira idade é ganhar a confiança dos clientes, que são mais rigorosos e exigentes, tanto em relação ao modo de tratamento quanto à qualidade de hotéis, passeios, alimentação e transporte. O conforto é essencial e, depois de passar a vida trabalhando e com pouco tempo para curtir, eles querem ; e merecem, ressalta Rodrigo ; aproveitar da melhor forma possível.




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